Nicole Melhado
Da Redação, com colaboração de Mirticeli Medeiros
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Um outra característica do Pontificado de Bento XVI, lembra Dom Odilo, é o crescimento do diálogo inter-religioso e do ecumenismo
Em 24 de abril de 2005, o Papa Bento XVI assumia o ministério petrino como bispo de Roma, data em que recebeu o chamado anel pontifício de pescador e o Pálio.
Em sua primeira Missa, o Pontífice dirigiu-se aos cristãos de todo o mundo para perdir-lhes oração pela nova missão que assumia. A humildade do teólogo alemão sobressaiu durante a homilia na qual ele explicou o sentido do pastoreio e do papado, ao mesmo tempo em que expôs qual a sua visão sobre o estar à frente do povo de Deus.
"O meu verdadeiro programa de governo é não fazer a minha vontade, não perseguir ideias minhas, pondo-me contudo à escuta, com a Igreja inteira, da palavra e da vontade do Senhor e deixar-me guiar por Ele, de forma que seja Ele mesmo quem guia a Igreja nesta hora da nossa história", destacou Bento XVI em 24 de abril de 2005.
Características do Pontificado de Bento XVI
Para o ex-prefeito da Congregação para o Clero, Dom Claudio Hummes, o maior legado que Bento XVI já deixa para a Igreja e para o mundo é justamente o reconhecimento de Deus, mostrando que o mundo não pode se fechar a Deus.
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“O mundo deve continuar aberto a Deus. Deve-se dialogar sobre as questões mais profundas como o sentido da vida, da história, da humanidade nessa terra, nesse planeta, sobre o sentido das coisas, em última análise. O mundo não pode se fechar a isso, deixar Deus fora dessa busca pelo entendimento do mundo. Se deixarmos Deus fora disso não entenderemos o sentido do homem, da vida humana e da história. Isso o Papa tem deixado muito claro e certamente é um legado através do qual ele será lembrado.
Para o diretor da sala de imprensa do Vaticano, padre Federico Lombardi, neste pontificado, a Igreja se concentrou sobre a essência de sua missão, priorizou o relacionamento do homem com Deus, a dimensão transcendente da vida, mostrando Jesus Cristo como o revelador do verdadeiro rosto de Deus.
Como grande teólogo, Joseph Ratzinger trouxe seu conhecimento e seu amor pelo estudo para o pontificado. A instituição do Ano da Fé e a profundidade de suas Catequeses, que ao mesmo tempo são simples e de fácil compreensão, demonstram a preocupação dele para que os fiéis tenham uma fé bem fundamentada.
“O Pontificado de Bento XVI tem o jeito dele. Ele é um Papa teólogo e ele tem produzidos muitos textos de reflexões teológicas e também de doutrina. Naturalmente, coisas muito importantes para o nosso tempo quando precisamos ter clareza e firmeza sobre o que a Igreja afirma e pensa”, salienta o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Scherer.
Dom Claudio Hummes, destaca que o Papa Bento XVI é uma figura proeminente, uma figura que se destacou muito especialmente nesses sete anos de pontificado como um homem que entende profundamente as mudanças que estão ocorrendo no mundo, particularmente em relação a atual cultura dominada pelo relativismo e pelo secularismo.
“Ele tem enfrentado isso com muita competência e qualidade, mostrando a relação da razão e da fé, que estas duas formas de conhecimento humano não se contradizem, mas se completam”, salienta Dom Claudio.
Desafios da Igreja hoje
Os problemas que envolvem a secularização, o relativismo e a ausência de Deus estão atualmente entre as maiores preocupações do Papa, afirma padre Lombardi.
“Atualmente, acredito que esta crise cultural que acontece no mundo interior, sobretudo no ocidente, a descristianização que de manifesta mais devastadora da Europa “é o maior desafio para o Papa e para a Igreja. “Por isso ele está muito empenhado nessa nova evangelização missionário que ele tem acompanhado e assistido junto aos bispos do mundo inteiro”, diz ainda Dom Claudio.
Segundo padre Lombardi, no que diz respeito ao interior da Igreja, destacam-se os aspectos de incoerência e de infidelidade à missão,algo que torna-se um desafio também para o atual pontificado.
“Nesses anos vivemos também, com muito sofrimento, todo o debate sobre os casos de abusos [sexuais cometidos contra crianças por membros da Igreja]. Parece-me que essas coisas fazem o Papa sofrer mais que as fofocas”, diz o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano.
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