quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Papa em retiro: reconciliação e penitência são temas das meditações Retiro espiritual

bispo Ratzinger

Bento XVI participa do quinto dia de retiro quaresmal no Vaticano

Da Redação, com Rádio Vaticano

No quinto dia dos Exercícios Espirituais do Papa e da Cúria Romana no Vaticano o presidente do Pontifício Conselho da Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, centrou suas reflexões sobre os temas: reconciliação e penitência, a ausência de Deus e o nada. O cardeal é o responsável pelos Exercícios Espirituais para a Quaresma deste ano, iniciados no último domingo, 23.

O Cardeal propôs uma meditação sobre o delito, o castigo e o perdão. “O pecado é um ato pessoal e nasce da liberdade humana”. Segundo ele, é uma rebelião, uma revolta, um desviar a meta, mas, sobretudo, um afastar-se de Deus.

Meditações anteriores
::Reflexões sobre a fé como adesão consciente
::Cardeal fala sobre a presença de Deus na história
::Veja como foram as primeiras meditações da Quaresma

“O pecado é uma realidade, antes de tudo, e sobretudo, teológica; pode ter também aspectos psicológicos, mas é teológica. Por isto, não poderá nunca ser equiparado – o Sacramento da Reconciliação – a uma sessão psicanalítica, porque é absolutamente fundamental a consciência de Deus que o pecador tem”.

O Cardeal destacou ainda que é na conversão que se encontra o caminho correto, no mudar a rota e também no mudar a mentalidade – como pregava Jesus – deixando para trás as coisas às quais o homem se apega. Um percurso que, conforme explicou o purpurado, implica o cansaço. E no percurso cansativo para o perdão não falta a tensão, a espera, o “suspiro profundo”, disse o Cardeal Ravasi, para chegar a ser homens novos.

“Na sociedade nem sempre se dá a possibilidade de recomeçar: alguns são agora marcados, mesmo se é verdade que, na legislação, há tentativas de reconstruir e revitalizar na sociedade uma pessoa que errou. Porém, permanece sempre esta espécie de selo sobre a pessoa que foi – talvez com motivo – considerada pecadora. Isto, na Bíblia, não existe; no Profeta Isaías, sobretudo, há aquela imagem de que Deus lança atrás de teus pecados, de modo que não se olhe mais para eles, para que não haja mais”.

Dando continuidade às suas reflexões, o Cardeal falou sobre a ausência e o nada: o homem sem Deus. Um tema, como destacou o purpurado, que está presente de modo repetido nos Salmos 14 e 53. Entra-se assim no mundo do ateísmo prático. Ausência e nada: dois termos que, conforme explicou, não são sinônimos; simplesmente o primeiro é a nostalgia de Deus enquanto o nada é o verdadeiro mal da cultura de hoje.

“É a indiferença, é a superficialidade, é a banalidade. É por isto que eu continuo a pensar como se pode ter qualquer influência neste tipo de névoa, em uma espécie de mucilagem, é algo suave, mas que não tem nostalgia alguma, é o vazio, o nada, não o vazio com a espera. Aqui, nós, pastoralmente, encontramos com mais frequência, infelizmente, esta segunda forma de ateísmo”, disse.

Depois, sobre o silêncio de Deus, o purpurado recordou as tantas vezes que um crente sente este horizonte. “Pensemos também em nós mesmos, todas as vezes que experimentamos, talvez através da fragilidade, do desânimo, o silêncio de Deus, a ausência. (…) Eu gostaria que todos nós, que somos bispos, a maioria de nós, pensássemos um pouco no clero, em muitos sacerdotes que vivem esta experiência e talvez não têm aquela capacidade de elaboração que deveriam ter, que nós tínhamos que dar a eles. Acredito que sobretudo quantos de vós sois bispos de Igrejas, pastores de Igrejas, este testemunho vós podeis dar”.

Ele destacou ainda a figura do salmista, que depois de ter experimentado o silêncio de Deus, consegue exclamar – na conclusão do Salmo 22: “Tu me respondestes!”. Assim, ele enfatizou que a oração transforma-se um hino de agradecimento que é sinal de confiança depois das horas vazias, porque as súplicas não caem nunca no nada.

Na pregação da tarde do dia anterior, Cardeal Ravasi falou sobre dor e isolamento. “A sociedade contemporânea criou nas nossas cidades uma multidão de solidão”, disse o cardeal. Ele também falou sobre a visão cristã da dor, um visão que desperta escândalo: Deus em Cristo inclina-se para o homem – disse- e assume o sofrimento, o limite. Jesus atravessa toda a gama escura da dor: medo, solidão, isolamento, traição, sofrimento físico, silêncio, morte.

Pontifícia Academia para a Vida: Jamais demos aprovação à pílula do dia seguinte

 

VATICANO, 21 Fev. 13 / 11:28 am (ACI).- A Pontifícia Academia para a Vida (PAV) no Vaticano precisou que é "falsa e enganosa" a informação que circula há alguns dias sobre a suposta aprovação por parte deste dicastério ou do Cardeal alemão Joachim Meisner da pílula do dia seguinte –que tem um potencial efeito abortivo– para que seja usado em hospitais católicos da Alemanha em casos de estupro.
O dicastério divulgou esta informação em um correio eletrônico enviado ao grupo
ACI no último 19 de fevereiro, escrito sob as indicações do presidente da PAV, Dom Ignacio Carrasco da Paula.
No texto que leva a assinatura do Dr. Gaetano Torlone, membro da PAV, destaca-se que "o Cardeal (Joachim Meisner, Arcebispo de Colônia) em sua declaração afirma simplesmente que na assistência às mulheres que sofreram um estupro o processo é complexo e vai mais além do aspecto farmacológico".
Nestes casos, precisa o correio eletrônico de Torlone, "é lícito usar fármacos anticoncepcionais, mas não é nunca lícito usar fármacos abortivos porque nunca é lícito assassinar a um ser humano".
O texto assinala que, em sua declaração, "a Cardeal fala de fármaco, de qualquer fármaco que impeça a concepção e não da pílula do dia seguinte".
O Dr. Torlone explicou ainda que "naturalmente a vida humana começa com a concepção (ou fecundação). Isto significa que qualquer ação voluntária que produza a expulsão do nascituro, antes que tenha alcançado a capacidade de sobreviver fora do ventre materno, representa um
aborto pois produz a morte do nascituro".
"Então –precisa Torlone– impedir voluntariamente a nidação do embrião é uma ação abortiva, um pecado muito grave".
O membro da PAV disse ademais que "não conhecemos as declarações do Cardeal Meisner aos meios locais que, em qualquer caso, não têm particular relevância para a Pontifícia Academia para a Vida. Conhecemos cardeal, sua fé, sua fidelidade à
Igreja, sua abnegação, seu serviço à diocese que lhe foi confiada pelo Senhor".
As mensagens da PAV foram enviadas ao grupo ACI logo depois de uma nota de esclarecimento explicando detalhadamente que nem o
Papa Bento XVI nem seu secretário, Dom Georg Ganswein deram sua aprovação para o uso da pílula do dia seguinte nos hospitais católicos da Alemanha em casos de estupro, como afirmava erroneamente uma nota da agência EFE difundida por diversos meios.
A pílula do dia seguinte tem três mecanismos: impede a ovulação (anovulatório), espessa a mucosidade cervical (anticoncepcional) e impede a nidação do óvulo já fecundado (o que a torna um potencial abortivo).
Estes mecanismos são informados pela Food and Drug Administration (FDA), o organismo governamental que garante a salubridade dos mantimentos e dos remédios nos Estados Unidos.

Igreja alemã aprova pílula do dia seguinte para estupro

 

AE - Agência Estado

A Conferência dos Bispos Alemães declarou nesta quinta-feira que hospitais católicos do país podem fornecer a pílula do dia seguinte a vítimas de estupro para evitar a gravidez. A decisão é uma tentativa de conter as críticas, após um embaraçoso caso no qual dois hospitais se recusaram a tratar de uma mulher.

Em comunicado emitido no final de uma reunião regular na cidade de Trier, a Conferência dos Bispos Alemães disse que hospitais católicos ainda não podem fornecer drogas que possam levar à morte de um embrião.

A igreja alemã foi pressionada a esclarecer sua postura a respeito da questão depois de dois hospitais católicos terem se recusado a dar o medicamento a uma vítima de estupro. O arcebispo de Colônia, cardeal Joachim Meisner, disse no mês passado que a igreja estava "profundamente envergonhada com o incidente porque vai contra nossa missão cristã".

No final de janeiro, Meisner disse que era "justificável", em tais casos, fornecer drogas que evitam a concepção. Posteriormente, ele disse que consultou o secretário do papa Bento XVI, Georg Gaenswein, e recebeu a resposta de que "está tudo certo".

Durante décadas, hospitais católicos permitiram, em caso de estupro, o uso de lavagem espermicida para impedir o esperma de chegar ao óvulo e drogas para evitar que a vítima ovule.

Na declaração desta quinta-feira, os bispos destacam que as vítimas de estupro "podem, obviamente, receber ajuda humana, médica, psicológica e pastoral em hospitais católicos".

"Isso inclui a prescrição da pílula do dia seguinte insofar, já que ela tem efeito preventivo e não abortivo. Métodos médicos e farmacêuticos que resultem na morte do embrião continuam a ser proibidos."

O comunicado não especifica o período no qual a pílula pode ser prescrita. O medicamento contém doses mais altas do hormônio feminino progesterona do que as pílulas contraceptivas normais. Administrada até 72 horas após uma relação sexual desprotegida, pode eliminar as chances de gravidez em até 89%, mas ela funciona melhor nas primeiras 24 horas. Se a mulher já estiver grávida, a pílula não tem efeito, já que impede a ovulação ou a fertilização do óvulo. As informações são da Associated Press.

http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,igreja-alema-aprova-pilula-do-dia-seguinte-para-estupro,999751,0.htm

Vaticano divulga retrospectiva sobre os últimos conclaves

 


Rádio Vaticano

Rádio Vaticano

Segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, o conclave para a eleição do sucessor de Bento XVI pode começar no início de março

Realizou-se na manhã desta quarta-feira, 20, na Sala Giovanni Paolo II, da Sala de Imprensa da Santa Sé, um Briefing, ou seja, uma sequencia de informações, sobre a história dos últimos conclaves, aos cuidados do Vice-Prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana, Dr. Ambrogio Piazzoni, que escreveu um livro sobre a história da eleição dos papas.
Este foi apenas um dos muitos encontros que serão promovidos pela Sala de Imprensa da Santa Sé, com o objetivo de oferecer um suporte histórico aos jornalistas de diversos países, para uma melhor compreensão do período da Sé Vacante e do Conclave.

Dr. Piazzoni falou da história dos Conclaves para iluminar o que acontece na atualidade. A bem da verdade, as normas que regem os Conclaves realizados atualmente são fruto de experiências e de um amadurecimento que ocorreu ao longo dos séculos.
O Vice-prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana iniciou o encontro destacando que os primeiros Conclaves sofriam muitas influências externas, especialmente por parte das autoridades civis. Somente em 1059, com o Papa Nicolau II, foi emitido o primeiro documento pontifício sobre o Conclave, onde era indicado com precisão que “somente os cardeais tem o direito e o dever de eleger um Pontífice”. Regra válida até os dias de hoje. Posteriormente, em 1079, foi fixada a maioria de 2/3 dos votantes.
O Conclave, que vem do latim cum clave (fechado), foi instituído apenas em 1271 pelo Papa Gregório X e a obrigação do voto secreto, somente a partir de 1621, para dar maior liberdade aos votantes.
A obrigação do 'segredo dos Cardeais', durante e após o Conclave, veio apenas com o papado de São Pio X, e que incluía também a obrigatoriedade da conservação da documentação do conclave em arquivos.
Em 1922, um Motu Proprio de Pio XI determinou a espera de 15 dias para se iniciar o Conclave, a fim de aguardar a chegada dos Cardeais de todo o mundo.
A Constituição Apostólica Vacantis Apostolicae Sedis, de 8 de dezembro de 1945, do Papa Pio XII, determinou a maioria de 2/3 mais 1 dos votos dos Cardeais.
O Motu Proprio Summi Pontificis electio, de João XXIII teve por objetivo uma simplicação do processo eleitoral. As listas das votações deveriam ser conservadas em um arquivo e consultadas somente com a autorização de um Papa. As anotações dos cardeais também deveriam ser conservadas e não queimadas como no tempo de Pio XII e por fim, deveriam ser queimadas somente as cédulas eleitorais.
Somente em 1978, o Papa João Paulo II fixou que o Conclave deveria ser realizado na
Capela Sistina. Paulo VI dizia que ‘normalmente’ os Conclaves deveriam ser alí realizados, mas sem uma obrigatoriedade. Ao longo da história, se dizia que o Conclave deveria ser realizado no local onde o Pontífice viesse a morrer. Conclaves foram realizados no Palácio Quirinale, em Roma, ex-residência dos Papas, em quatro oportunidades.
Também foi João Paulo II a estabelecer a Casa Santa Marta como local de acolhida dos Cardeais durante o Conclave. João Paulo II também aboliu as formas de eleição ‘por aclamação’ ou ‘por compromisso’, mantendo apenas a forma ‘por escrutínio’.
O Papa é bispo de Roma e chefe Universal da Igreja. Em função desta estreita ligação, cada Cardeal, independente do país de origem, é titular de uma paróquia em Roma.
Ao final, interpelado por jornalistas, Dr. Piazzoni explicou quantos Papas haviam renunciado na história. Ele informou que alguns Pontífices renunciaram obrigados e outros por livre e espontânea vontade. Papa Ponciano, em 235, foi condenado a trabalhar numa mina na Sardenha. Papa Silvério, em 537, foi obrigado a abdicar e constrito a exilar-se na Ásia Menor. Martinho V foi preso e mandado para a Criméia. Sobre o Papa João XVIII, em 1009, não se tem muita certeza, mas é muito provável que tenha renunciado. Bento IX, em 1044, renunciou e após voltou ao papado. Posteriormente Celestino V, que reconheceu não estar preparado e por fim Gregório XII em 1415.
Somente um pontífice pode alterar as regras que regem um Conclave. O próximo, a ser realizado em março, será o 75º Conclave da história.