sábado, 27 de julho de 2013

Papa: 'Jesus pede que jovens joguem no time dele'

  • Pontífice usou a paixão do brasileiro pelo futebol para passar mensagem em discurso
  • Praia de Copacabana foi tomada por três milhões de pessoas, um recorde para o local

 

Fabio Vasconcellos (E-mail · Facebook · Twitter)

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Papa fala para três milhões de pessoas na Praia de Copacabana Foto: Bruno Gonzalez / Agência O Globo

Papa fala para três milhões de pessoas na Praia de Copacabana Bruno Gonzalez / Agência O Globo

RIO — Cerca de três milhões de pessoas se reuniram na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio, para a vigília da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com a presença do Papa Francisco, na noite deste sábado. A estimativa dos organizadores da JMJ foi confirmada pela prefeitura do Rio. O público é recorde para um evento realizado no local, já que o réveillon costuma reunir de 1,5 a 2 milhões de pessoas. Para enfrentar o frio, com termômetros de rua marcando 13 graus, o Papa chegou à Copacabana vestido com um sobretudo branco por volta de 18h30m e seguiu de papamóvel até a praia. Depois de depoimentos emocionantes e da apresentação do cantor Luan Santana, o Papa fez seu discurso. Ele usou a paixão do brasileiro pelo futebol para passar uma mensagem aos jovens:

- Jesus nos pede para que joguemos no time dele. Eu sei que aqui no Brasil o futebol é a paixão nacional. O que faz o jogador quando é chamado para fazer parte de um time? Treina muito. Assim é também na nossa vida, na dos discípulos do Senhor. Os atletas se privam de tudo. Jesus nos oferece algo muito maior que a Copa do Mundo.

CONFIRA A ÍNTEGRA DO DISCURSO DO PAPA

O Papa mencionou a transferência da vigília do Campus Fidei para Copacabana. Ele perguntou: "Será que Deus nos quer dizer que Campus Fidei não é o campo geográfico, e sim nós mesmos?". Francisco encerrou o discurso pouco antes das 21h, citando as manifestações que acontecem não só no Brasil, mas por todo o mundo:

- Houve casos de jovens que foram às ruas expressar a vontade de uma civilização mais justa. Os jovens nas ruas! São estes jovens que querem se transformar em protagonistas da mudança. Não permitam que outros sejam os protagonistas. Vocês são. O futuro vai chegar através de vocês.

A maior concentração de peregrinos ficou perto do palco montado no Leme. Minutos antes de chegar ao bairro, o Papa já havia postado uma mensagem aos jovens em seu perfil no Twitter: "Queridos jovens, possam vocês aprender a rezar todos os dias: esse é o modo de conhecer Jesus e fazê-Lo entrar na própria vida".

O Papa subiu ao palco pouco antes de 19h30m. Uma contagem regressiva deu início à vigília. A cerimônia foi aberta pelo ator Tony Ramos, que falou sobre o poder da fé. Jovens que passaram por situações difíceis na vida e encontraram na fé a razão de viver contaram suas histórias, enquanto um grupo montava no palco uma igreja cenográfica.

Durante a apresentação do ídolo sertanejo Luan Santana, que cantou a "Oração de São Francisco" para o Papa e chorou, um grupo de manifestantes que participava da "Marcha das Vadias" tentou se aproximar do palco, mas foi impedido pela Força Nacional. Os fiéis, do outro lado, respondiam com o grito dos peregrinos: "Essa é a juventude do Papa".

Durante a tarde deste sábado, em Copacabana, foi realizado o "Show do Futuro", com a participação de artistas católicos como o Padre Marcelo Rossi, Padre Fábio de Melo e o grupo Rosa de Sarón. Peregrinos participaram de um ensaio para o flash mob que será apresentado para o Papa neste domingo, quando o evento se encerra.

Embora houvesse orientações iniciais para que as pessoas não acampassem na praia, é possível ver várias barracas montadas ao longo da orla. Na tentativa de conseguir o melhor lugar para ver o Papa, alguns peregrinos arriscam até subir nas árvores da orla.

Os coreógrafos Fly e Gláucia ensaiaram o público para o que está sendo considerado o maior flash mob do mundo. Milhares de peregrinos acompanham os passos. Muitos deles já estavam ensaiando com vídeos na internet. Dezenas de bispos também fizeram a coreografia com o público. Eles foram muito aplaudidos quando a música terminou.

Muitos peregrinos carregam, além dos kits e sacos e dormir, bolas de futebol para as areias de Copacabana durante a caminhada. O goiano Mário Figueira disse que já tinha, inclusive, agendado uma partida na praia com outros peregrinos.

— Já tínhamos combinado uma pelada com o pessoal de Minas Gerais, na altura do posto — contou o jovem.

O espanhol Riquelme Ramos também carrega uma bola, batizada por ele de Wilson, numa referência ao filme "Náufrago", com Tom Hanks.

— Ela é minha companheira. Carrego para todo lugar que vou — disse ele.

Fiéis reclamam de problemas em infraestrutura

Diversos peregrinos lamentaram a mudança da vigília do Campus Fidei, em Guaratiba, para Copacabana, por causa da chuva. Muitos grupos que optaram por se hospedar na Zona Oeste da cidade perderam até quatro horas para chegar à Praia de Copacabana neste sábado. O espanhol Javier Castello, de 27 anos, que está em Santa Cruz, disse que a praia não tem espaço suficiente para todos.

— Estou há uma hora procurando espaço na areia para ficar com meu grupo e está impossível. Vamos ter que acampar na calçada mesmo — afirmou Javier, que estava com o grupo parado em frente ao Hotel Arena, na esquina com a Rua Paula Freitas.

Como Javier, milhares de peregrinos montaram acampamento na Avenida Atlântica. Na pista próxima à praia, o grupo é menor, já que parte da via foi reservada para a passagem do papamóvel. A pista ao lado dos prédios também ficou bastante cheia.

Os portadores de necessidades especiais também reclamavam. Eles diziam estar sendo impedidos de chegar até a areia. Uma UTI Móvel estacionou na rampa do acesso reservado para eles, no fim da Rua Princesa Isabel, dificultando o trajeto. Por isso, dois cadeirantes que tentavam chegar o mais próximo possível da grade foram impedidos. Uma delas era Ivanete Pereira, que veio de Vitória da Conquista, na Bahia, acompanhada de Viviane dos Santos, que se queixava:

— É um absurdo a gente passar por isso, num evento desse porte, e com toda a mensagem de amor transmitida pelo Papa — disse ela, depois que uma peregrina se recusou a dar o lugar para a cadeirantes.

Do Chile, Nestor Vergara empurrava a cadeira de Bastian Barra. Eles são seminaristas de Santiago e vão dormir na vigília.

— Juraram que depois que o Papa passar vão nos acomodar em um lugar melhor. Mas temos enfrentado essas dificuldades ao longo da Jornada — disse o chileno.

Apesar das demonstrações de alegria e fé, fiéis reclamavam da pouca quantidade de banheiros químicos instalados na orla. Marcos Vinicius dos Santos Silva, de 32 anos, veio de Magé, na Baixada Fluminense, e chegou no local às 6h junto com seu grupo de 13 pessoas. Eles estavam a menos de 100 metros do palco principal do evento, na areia. Mesmo estando em região tão "nobre", o banheiro mais próximo ficava bem distante. Porém, como, bom brasileiro, resolveu improvisar.

— O banheiro não é suficiente. Por isso, pegamos uma garrafa e estamos fazendo nossas necessidade dentro das barracas — contou.

Bombeiros registram 106 casos de afogamento

Enquanto era aguardada a chegada do Papa Francisco à Copacabana, o Corpo de Bombeiros dava orientações aos peregrinos pelo microfone. A corporação recomendava que ninguém chegasse perto do mar, já que a maré estava alta. Segundo os bombeiros, foram registrados 106 casos de afogamento até as 18h deste sábado.

Segundo as equipes que dão assistência médica aos peregrinos, o número de atendimentos neste sábado praticamente dobrou em comparação ao evento de sexta-feira. Os números ainda não foram consolidados, mas os atendentes informam que muitos apresentaram sinais de desidratação, como enjoo e desmaios, por conta do trajeto feito a pé da Central até Copacabana.

Uma peregrina de 19 anos que mora no município de Mucuri, na Bahia, precisou ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros após sentir-se mal. Ela estava na altura da Avenida Princesa Isabel quando sofreu uma queda de pressão. Há também peregrinos com escoriações e bolhas nos pés.

Peregrinos são recepcionados por militares

A pé pela Avenida Princesa Isabel, muitos peregrinos caminhavam em ritmo de batuque de samba, e muitos deles gritavam "Papa, eu cheguei". O clima era de final de Copa do Mundo: todos mostravam com orgulho suas bandeiras, entoando gritos similares aos de torcidas de futebol.

Na chegada a Copacabana, pelo Túnel Novo, os jovens são recepcionados pela tropa da Polícia do Exército. Os militares formaram uma barreira na Avenida Princesa Isabel. Os fiéis são orientados a entrar na Rua Barata Ribeiro e, a partir das ruas transversais, chegar à praia.

Apesar disso, os peregrinos chegavam animados e não questionavam a orientação dos militares, que acabaram virando atração. Muitos paravam para fazer fotos com os militares. Foi o caso de Felipe Macedo, de 19 anos, morador de Niterói.

— Eles também são brasileiros e estão aí trabalhando e dando segurança ao evento. Por isso quis fazer uma foto com eles. Para registrar este momento — disse o peregrino.

Os militares, que também filmavam e fotografavam a chegada do peregrinos em Copacabana, distribuíam panfletos com o "decálogo do peregrino", com dicas sobre segurança e sobre como deviam se comportar durante o evento.

Os mandamentos são: 1) Zelo com os peregrinos: identifique as crianças com nome e telefone do responsável e as mantenha sempre próximas a você. 2) Cuidado com os pertences: mantenha-os junto a você. 3) Saúde: beba bastante água e consuma alimentos leves. Busque atendimento médico ao sentir-se mal. 4) Proteção do sol: proteja-se dos raios solares, use protetor. 5) Respeito ao próximo: busque o bom convívio com harmonia e respeito cristãos. 6) Segurança: busque ajuda dos militares se necessitar. 7) Prevenção: informe ao militar mais próximo caso suspeite de algo que afete a segurança. 8) Segurança: não use fogos de artifício dentro do campo e cuidado com itens inflamáveis. 9) Paciência ao deixar o local: este é um evento de amor e fé - evite tumultos. 10) Forças Armadas e você: juntos nesta jornada!

Um caminhão do Exército com alto-falante também apresentava em três línguas — Português, Inglês e Espanhol — as dicas de segurança dos militares. Além do Exército, fazem a segurança dos peregrinos agentes da Força Nacional, que chegaram em pelo menos dez ônibus, da Polícia Militar e da Polícia Civil.

Quem optou chegar a Copacabana de metrô, não encontrou problemas na saída da estação Cardeal Arcoverde. No entanto, eles eram orientados pelos voluntários a seguir em direção ao Forte de Copacabana, já que próximo ao palco já estava tudo lotado. Voluntários tomaram todas as ruas transversais à praia, até a altura da Rua República do Peru, fechando os acessos e orientando os peregrinos a ir mais para o fim da praia.

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AIPF