domingo, 24 de fevereiro de 2013

Em seu último Angelus, Bento XVI destaca importância da oração Praça São Pedro

 

Bento XVI reza o último Angelus de seu pontificado

Jéssica Marçal
Da Redação

Em seu último Angelus Bento XVI destaca importância da oraçãoO Papa Bento XVI rezou neste domingo, 24, o último Angelus de seu pontificado. Acompanhado por fiéis de várias partes do mundo na Praça São Pedro, o Santo Padre, que encerra o seu pontificado nesta quinta-feira, 28, agradeceu a todos pelas orações a ele dirigidas e o afeto que os fiéis têm manifestado.
Bento XVI comentou o Evangelho do dia (Lc 9,28b-36), que fala sobre a Transfiguração do Senhor. Ele lembrou que o evangelista Lucas dá especial atenção ao fato de que Jesus se transfigurou enquanto rezava. A partir disso, o Santo Padre disse que esta passagem traz um ensinamento muito importante: o primado da oração, sem a qual todo o empenho do apostolado e da caridade se reduz ao ativismo.

“Na Quaresma aprendemos a dar o tempo certo à oração, pessoal e comunitária, que dá fôlego à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é um isolar-se do mundo e das suas contradições, como no Tabor queria fazer Pedro, mas a oração reconduz ao caminho, à ação”.

O Santo Padre enfatizou ainda que sente esta Palavra de Deus particularmente dirigida a ele, neste momento de sua vida. Ele disse que o Senhor o chama para “subir o monte”, para dedicar-se mais à oração e à meditação, o que não significa abandonar a Igreja. “…se Deus me pede isto é para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual tenho buscado fazer até agora, mas de modo mais adequado à minha idade e às minhas forças”, disse.

Por fim, o Pontífice invocou a intercessão da Virgem Maria, para que auxilie todos os fiéis a seguir sempre Jesus, “na oração e nas obras de caridade”.

Após a oração mariana, Bento XVI dirigiu saudações aos peregrinos de diversos idiomas, entre eles os de língua portuguesa. “Queridos peregrinos de língua portuguesa que viestes rezar comigo o Angelus: obrigado pela vossa presença e todas as manifestações de afeto e solidariedade, em particular pelas orações com que me estais acompanhando nestes dias. Que o bom Deus vos cumule de todas as bênçãos”.

Um Papa fraco tão FORTE!

 

 

Vivemos num mundo que cultua heróis hollywoodianos dotados de poderes extraordinários e de imortalidade. Num mundo onde os holofotes estão sempre sobre os vencedores! Num mundo onde os fortes prevalecem, e isso nem sempre de forma ética. Num mundo onde demonstrar fraqueza é motivo de vergonha...

Num mundo onde os poderosos se devoram por sede de poder, como já dizia o velho Pe. Antônio Vieira: “Peixes sois de vos comer uns aos outros onde os grandes comem os pequenos”.

Até Fernando Pessoa, em um de seus poemas: Poema em Linha Reta, utilizando-se do heterônimo de Álvaro de Campos bem retratava, ainda que de forma irônica, o homem de nossos tempos que tanta dificuldade tem de chorar e de admitir fraqueza:

“Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo (...)

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida(...)

Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?”

No entanto, neste mundo de “semi-deuses” como dizia Pessoa, os cristãos, de forma audaz e inédita acreditam num Deus que morre! Num Deus que morre de uma morte vergonhosa, num Deus que morre crucificado. Sabemos que era comum nos primeiros anos do cristianismo a representação do Deus dos cristãos como um asno crucificado nos banheiros romanos.

Os cristãos acreditam que só vai experimentar a luz, quem antes de forma honrada passar pela cruz. Heróis hollywoodianos não morrem e tampouco podem demonstrar fraqueza, enquanto os cristãos repetem o refrão bíblico “é na tua fraqueza que a minha força se manifesta” (IICor12,7)

Neste mundo dito “moderno” a senilidade é motivo de vergonha, de chacota. Só os sarados e os que estão “com tudo no lugar” podem pousar para os holofotes! A ausência de rugas no rosto não consegue esconder as rugas da alma deste homem moderno!

É neste contexto, de um Hugo Chávez, por exemplo, que com uma grave enfermidade não consegue passar o bastão para a frente, de presidentes que não conseguem largar a presidência, mesmo cientes de que já passaram, que Bento XVI nos ensina com sua renúncia que o poder só faz sentido na perspectiva do serviço!

É preciso ser muito homem e muito santo para chegar diante do mundo e admitir fraqueza e afirmar que alguém que possua mais vigor físico esteja em melhor condição de guiar a barca de Pedro. É preciso ser muito forte para admitir que se é fraco, ainda mais publicamente!

Bento XVI está fazendo como que a última de suas belíssimas pregações como Pontífice, mas desta vez, o Papa está pregando em silêncio. Ele está querendo dizer a todos nós: Se algum dia você subir ao mais alto grau, sirva! Presidentes, Reis, Padres, Bispos, não fiquem preocupados com que cargo vão lhes dar, mas somente lembrem-se que o poder é passageiro, e que como já nos disse o Mestre, “a quem muito foi dado muito será cobrado” (Lc12,48).

A espada de Dâmocles tem de ser utilizada com sabedoria. É preciso reconhecer que o poder tem de ser partilhado e que um dia, outro estará em seu lugar! E mais, nunca se ache insubstituível, porque ninguém o é, a não ser o Senhor Jesus!

Bento XVI nos diz, desta vez sem dizer: Não tenham medo de admitir fraqueza, cansaço. No palco da vida sejam fiéis a Deus e às vossas convicções, não traiam Deus nem vossa consciência! E não saibam que não nenhum problema em sentir-se fraco, afinal, só Deus é fortaleza!

Obrigado Forte Papa Bento XVI! Obrigado por seus belíssimos escritos grande santo e intelectual! Obrigado por mostrar ao mundo que o Papa é humano e que só Deus é Divino!

Sua bênção Bento XVI! Reze por nós!

Com carinho,

Pe. Wagner Lopes Ruivo (Arquidiocese de Sorocaba)

Reflexão Salesiana para o Segundo Domingo da Quaresma - 24 de fevereiro de 2013

 

Destaque: "O Senhor é a minha luz e a minha salvação".


Perspectiva Salesiana


O livro do Gênesis e do Evangelho de Lucas descrevem duas cenas muito fortes nas quais a vontade de Deus é demonstrada com muita clareza e sem nenhum risco de erros. Abraão viu no braseiro misterioso um sinal da aliança de Deus para com ele e para os seus descendentes, enquanto Pedro, Tiago e João testemunharam a transfiguração de Jesus.

Não é difícil perceber a mensagem nesses dois casos: são manifestações e expressões diretas da vontade de Deus, do seu desejo e do seu sonho para que todos possam viver uma vida centrada Nele aqui na terra, experimentando já, agora, a plenitude da vida para sempre no céu.

Ah! se a vontade de Deus fosse sempre tão simples de entender! Se pudéssemos sempre discernir a vontade de Deus para nós e para os outros!  Oxalá pudéssemos saber exatamente o que Deus quer de nós em todos os momentos e com absoluta clareza! Oxalá Deus falasse a todos através da transfiguração da luz ou da fumaça!

Claro que, para a maioria de nós, isso não acontece. Como estes tipos de comunicação não estão disponíveis para nós, podemos perguntar: como discernir a vontade de Deus para nós?  Francisco de Sales sugere algumas coisas que podem ajudar-nos a discernir a vontade de Deus em nossas vidas.... e como esta vontade interfere nas nossas relações com os outros.

Primeiro, ter em consideração os Dez Mandamentos e outras dicas que são encontradas nas Escrituras. Considerar a tradição, os ensinamentos, as práticas e a autoridade da Igreja. Prestar atenção para as obrigações e responsabilidades que nos acompanham no estado e no momento em que nos encontramos. Por exemplo, se você é casado, está trabalhando e criando uma família, a vontade de Deus para vocês seria incluir coisas como ir à missa, honrar pai e mãe, cultivar suas relações como esposos, atender as necessidades e ensinar seus filhos a fazer suas tarefas de modo gentil, justo e ético, equilibrando as exigências do trabalho, do lazer, da casa, do escritório, etc., etc.

Em segundo lugar, observar as circunstâncias, as situações e as relações encontradas em cada dia, cada hora, cada momento. Prestar atenção às demandas e necessidades dos outros, pois podem ser expressões da vontade de Deus para você.

Terceiro, aprofundar a sua capacidade de ouvir. Prestar atenção não só ao que está acontecendo ao seu redor, mas também para o que está acontecendo dentro de você. Aprender a identificar e filtrar a estática externa e interna em sua vida. A oração e a participação na vida litúrgica/sacramental da Igreja são dois aliados muito poderosos neste esforço.

Quarta, desenvolver e nutrir amizades espirituais. Assim como a vontade de Deus nunca se expressa num lugar totalmente isolado de tudo, não tente entender tudo sozinho. Ouvir conselhos de amigos verdadeiros, quando estão tentando descobrir o que Deus quer que você faça numa determinada situação.

Finalmente, ser paciente. Confie no amor de Deus para com você. Mesmo quando as revelações de Deus são inconfundíveis, muitas são mais sutis e são reveladas pouco a pouco: verdadeiramente, podem durar toda uma vida.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.

Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales


Nas leituras de hoje, o Pacto de Abraão e da Transfiguração revelam o quanto Deus quer o nosso amor, e, através deste, nos conceder a glória eterna. São Francisco de Sales acrescenta: "Quando Deus falou com Abraão e prometeu-lhe descendentes tão numerosos como as estrelas do céu, Abraão contava apenas com a palavra de Deus, que lhe dava a certeza de que assim aconteceria. Deus também nos fala através das inspirações, e estas revelam os mistérios da fé."

É através da fé que chegamos a conhecer a Palavra de Deus. Devagar e com cuidado, Ele vai fortalecendo, através do amor divino, os corações que aceitam suas inspirações. Estas primeiras percepções do amor de Deus são derramadas em nós pelo Espírito Santo. Mesmo assim, esses primeiros movimentos do amor só representam a aurora da fé. Eles são como os brotos verdes da primavera. A fé começa com um amor para as coisas de Deus. A fé mostra-nos que temos incutido em nós uma inclinação natural e sagrada, a amar a Deus acima de todas as coisas. Não há outro amor que possa satisfazer esse desejo.

Embora todos podemos rejeitar a inspiração divina, não podemos impedir que Deus nos inspire. As inspirações são favores que Deus faz muito antes de as percebermos. Deus nos desperta quando estamos dormindo. Mas depende de nós levantarmos-nos ou não. Ele não irá nos despertar sem a nossa cooperação. Temos que dar o nosso consentimento ao chamado de Deus, por que ele sempre respeita a nossa liberdade. Deus não nos tem como escravos, apenas como amigos. É por isso que nosso Salvador nunca nos abandona. Somos nós que o abandonamos.

Nossa confissão de fé é o ato de escolher amar e servir a Deus como servos fiéis. Simplesmente e fielmente percorra o caminho que Deus tem preparado para você, e ande com confiança. Esteja em paz, que o nosso Salvador, que mostra a sua glória, tomou sua mão e o encaminhou rumo à glória eterna.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)