Franciscanismo no III milénio
Futuro? É o tal sentido orientativo e de projeção indispensável em todo o ser humano,
marcado pela peregrinação:
donde venho, onde estou e para onde vou.
No Franciscanismo isso é ainda mais assim tendo em conta a dinâmica que lhe deu origem, o projeto do seu Fundador.
F) A recuperação da contemplação e do sentido de Deus no mundo.
Na alma Franciscana Deus é tudo. Está no centro. Ele é a razão de tudo. Deus é a nossa luz(50), a caridade e o amor(51), a misericórdia(52), a segurança(53), o nosso Pai(54), o nosso salvador(55), o nosso protector(56), o único bem(57), a fonte de todo o bem(58), a nossa esperança(59), o omnipotente(60), a fonte de alegria(61), o Pai(62) e amigo(63), o nosso guia(64), o benfeitor do homem(65), o Pai dos pobres(66), uma presença que se respira em todas as coisas(67), uma grande promessa para todos nós(68), o alimento da nossa alma(69), alguém que é admirável em todos os que o amam(70).
Num mundo em que, por um lado, não falta nada e por outro há tanta gente infeliz, desgraçada, desesperada, desiludida que não aguenta a vida, que avança só à força de droga, sexo, dinheiro; num mundo a falar de "fossa", sem sentido para a vida, sem razões para viver e para esperar, sem alguém por quem valha a pena viver e morrer, o franciscanismo do Alverne, do Cristo de S. Damião, dos "carceri" de Rivotorto, da Porciúncula, das noites na casa de Bernardo Quinta Vale, um franciscanismo a semear por esse mundo além zonas de silêncio e de paz, seria uma fonte de esperança no terceiro milénio. Seria o reencontrar daquela que já se chama a dimensão perdida. Dimensão que há que encontrar se queremos que o mundo tenha futuro. Malraux já escreveu que o século XXI será contemplativo ou não será. Mauriac disse também que nós, cristãos, escondemos a Deus e o mundo anda para aí aflito, desorientado, desesperado à sua procura e não sabe onde o metemos. É tempo de o mostramos mesmo. Falta-nos oásis. Deus no meio dos desertos do mundo.