domingo, 10 de março de 2013

Ordens religiosas e grupos fazem lobby no conclave

Pelo menos 16% dos cardeais que vão eleger sucessor de Bento XVI estão ligados a movimentos cujo apoio pode influenciar eleição

JAMIL CHADE, ENVIADO ESPECIAL/ VATICANO - O Estado de S.Paulo

Elas são discretas, raramente se apresentam em bloco e fazem questão de declarar que não atuam de forma política. Mas no conclave que começa nesta semana e mesmo nos últimos dias, ordens religiosas, congregações, movimentos laicos e grupos nos bastidores mobilizaram seus lobbies para eleger o próximo papa e contrabalançar eventuais solidariedades nacionais. Na terça-feira, os 115 cardeais entrarão para um dos conclaves mais delicados da história recente do Vaticano, com uma Cúria dividida e mais italiana que nunca nos últimos 55 anos.

Segundo o Estado apurou, as ordens religiosas e os principais movimentos que atuam na Igreja passaram as últimas semanas em uma frenética negociação sobre nomes e apoios a seus candidatos. "A constatação de todos é a mesma: uma nacionalidade ou mesmo um continente já não elege ninguém", afirmou uma fonte na Santa Sé. "Para que haja um novo papa, a pessoa terá de ganhar apoios transversais e apenas movimentos religiosos podem fazer essa ponte", indicou.

No conclave de 2005, que elegeu Joseph Ratzinger como papa, 53 nacionalidades estavam representadas. Agora, são 50 e, entre os eleitores, o peso dos europeus cresceu. Em 2005, 58 cardeais eram europeus, 49% do total. Os latino-americanos somavam 18% (21 cardeais), contra 12% da América do Norte, 9% da África e 9% da Ásia.

Desta vez, o peso europeu subiu e hoje 52% dos eleitores são do Velho Continente, graças a uma ação premeditada de Bento XVI para dar prioridade à Europa. A proporção de italianos é a maior desde 1958 - com 24% dos votos e oito cardeais a mais que em 2005. Já o peso dos latino-americanos caiu para 16% em 2013. A transformação foi resultado das próprias nomeações feitas por Bento XVI, que colocou na cúpula da Igreja 57% dos cardeais que vão eleger o seu sucessor.

Pilares. Fontes do Vaticano apontam que, se a imprensa está mais preocupada com a nacionalidade dos cardeais, na Santa Sé é a filiação ou simpatias que cada grupo demonstra que mais pesa nas conversas mais privadas. "A imprensa está tentando ver o Vaticano com os olhos de Copa do Mundo. Mas a realidade é que a lógica é diferente dentro da Santa Sé", declarou o cardeal argentino Estanislau Karlik.

No total, 16% dos eleitores fazem parte de alguma ordem religiosa, sem contar os grupos semilaicos. Mas é o poder que esses movimentos têm que poderia decidir uma votação. O cardeal chileno Errazuriz Ossa afirmou que rejeita a tese de que cardeais do mesmo grupo estejam inclinados a apoiar um nome do movimento ao qual estão ligados. "Não é com essa mentalidade que entramos no conclave", disse.

Mas a declaração se contrasta com a realidade de Roma dos últimos dias. Segundo um levantamento obtido pelo Estado, quatro cardeais são da congregação dos salesianos, incluindo Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, que não teria poupado seu poder para influenciar seu grupo a seguir uma determinada linha nos votos.

Os franciscanos contam com a adesão declarada do cardeal Carlos Amigo Vallejo, arcebispo emérito de Sevilha, do brasileiro Claudio Hummes e do sul-africano Wilfrid Napier.

Já os dominicanos estão sendo liderados pelo cardeal austríaco Christoph Schonborn, enquanto não faltam os representantes dos jesuítas (o argentino Jorge María Bergoglio), os lazaristas, os redentoristas, os capuchinhos (como no caso do americano Sean O'Malley), ou os membros do Instituto de Schönstatt, da qual faz parte o cardeal chileno Errazuriz Ossa.

Se as ordens religiosas atuam dentro do Vaticano de uma forma quase institucional, existem ainda movimentos, associações e prelazias que entraram com força na campanha nos últimos dias, fora dos muros da Santa Sé. O colégio de eleitores inclui o Opus Dei (representado pelo cardeal peruano Cipriani Thorne) e o Movimento dos Focolares, com o brasileiro d. João Braz de Aviz à frente.

O próprio fortalecimento de d. Odilo Scherer teria uma relação direta com um movimento chamado Arautos do Evangelho. Segundo a revista Panorama, parte do crescimento do d. Odilo se deve ao movimento, que teria ajudado a alavancar seu nome.

Mas é justamente o favoritismo de um dos cardeais, o italiano Angelo Scola, que mais escancarou como grupos estariam agindo de uma forma bem mais relevante que o critério de nacionalidade. Scola é historicamente ligado ao movimento Comunhão e Libertação, que por anos manteve amplo controle nas finanças e ações da elite econômica italiana mais conservadora.

Publicamente, Scola tentou se afastar do grupo, depois que investigações na Itália apontaram para o nome de vários de seus membros em crimes financeiros. Mas, tanto no conclave de 2005 como no atual, o italiano não economizou esforços para convencer os demais eleitores sobre seus poderes na sociedade, enquanto a própria instituição disparou telefonemas e campanhas discretas em seu apoio.

A movimentação desses grupos tem sido tão grande que até o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, acusou-os de tentarem desestabilizar o Vaticano às vésperas do conclave. O recado não era direcionado aos jornais, e sim aos cardeais que estão de olho na vaga de Bento XVI e delegaram a esses grupos o lançamento de suas candidaturas.

Chega de Papa, renúncia...

 

Como pastoral de evangelização Cristã Católica, a Pastoral da Comunicação de Porto Feliz, a Pascom Porto Feliz, tem feito cobertura diária em seu blog e no facebook, tem colocado desde a renúncia do Papa Bento XVI, álbuns com fotos de temática referente ao papado.

Indignada, uma pessoa "amiga" no facebook e "católica", teceu um comentário em uma foto: Chega de Papa... vira o disco".

Somos Católicos devemos amar nossa igreja e acompanhar a sua transição neste momento delicado e propício de oração, para que, pelo agir de Deus, com ação do Espírito Santo, seja eleito um novo Papa, com vigor e Fé para executar os planos de Deus!

Cotado para suceder Bento XVI, d. Odilo Scherer celebra missa em Roma

Arcebispo de São Paulo celebrou a missa na Igreja de Sant'Andrea falando italiano

 

O Estado de S.Paulo com informações da Agência Brasil - Atualizado às 16h15

VATICANO - Cotado para suceder o papa emérito Bento XVI, o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, de 63 anos, celebrou hoje (10) concorrida missa na Igreja de Sant'Andrea (Santo André, em português), um dos cartões postais de Roma.

 

MIssa foi na Igreja de Sant'Andrea - Tony Gentile/Reuters

Tony Gentile/Reuters

 

Missa foi na Igreja de Sant'Andrea

Antes de iniciar a celebração, d. Odilo pediu que todos rezassem "por esse momento importante e tão difícil, mas também cheio de esperança, que a Igreja está atravessando". Não fez referência direta ao conclave, mas todos entenderam que o cardeal estava pedindo a intercessão do Espírito Santo para que o conclave escolha o papa ideal para enfrentar e vencer uma situação de crise. Ele falou o tempo todo em bom italiano, exceto quando saudou em português o embaixador brasileiro.

D. Odilo não mencionou o fato de ser apontado como um dos cardeais com chances de ser eleito papa, mas demonstrou simpatia e alegria. "Que maravilha. Veio muita gente hoje aqui", disse ele, ao ver a igreja lotada.

Durante a celebração, o arcebispo homenageou o casal Maria e Carmine Perseguette, de 89 anos. O casal tem três filhos, quatro netos e três bisnetos e comemorou hoje 70 anos de casamento.

Bem-humorado, d. Odilo abençoou os dois e disse: "Há 70 anos eu nem tinha nascido. Que belo, que lindo, que Deus abençoe essa família."

O casal agradeceu. "Eu estou muito feliz hoje", disse Maria Perseguette. "Sim. Também estou muito feliz", ressaltou Carmine Perseguette.

Patrono da Igreja de Sant'Andrea, na qual celebrou a missa, d. Odilo falou na cerimônia sobre a importância da Quaresma e da Páscoa para os católicos. Ele destacou a importância do perdão verdadeiro, não apenas do individual, mas daquele que vem do interior de cada pessoa, além de lembrar que este é o período de busca da conciliação.

"Não basta só o perdão individual, é preciso pensar na humanidade, no perdão interior. É o perdão completo para se restituir a dignidade", disse d. Odilo, ressaltando que a eleição do papa tem provocado um "grande interesse" pela Igreja Católica Apostólica Romana.

No momento da comunhão, d. Odilo e padres de várias nacionalidades entregaram a hóstia consagrada aos fiéis. Para receber a hóstia das mãos de um possível sucessor de Bento XVI, muitos fiéis enfrentaram uma grande fila.

A missa de d. Odilo foi acompanhada por jornalistas brasileiros e também estrangeiros, entre os quais, muitos italianos, alemães, canadenses, norte-americanos, franceses e espanhóis. Sem reunião preparatória do conclave prevista para hoje (10), vários dos 158 cardeais presentes no Vaticano celebraram missas ao longo do dia em distintas igrejas de Roma.

Estadão

Reflexão Salesiana para o IV Domingo da Quaresma - 10 de março de 2013

Destaque: "Deixai-vos reconciliar com Deus"


Perspectiva Salesiana


O tempo da Quaresma nos desafia a "nos afastarmos do pecado e a crer na boa notícia." Para usar a linguagem da segunda carta de Paulo aos Coríntios, o tempo da Quaresma nos lembra da nossa necessidade de afastar-nos das trevas e ser uma nova criação, ser "a santidade de Deus."

A mensagem é clara: não é suficiente nos afastarmos do pecado, não é suficiente nos afastarmos da escuridão. Podemos comparar a nova criação com os dois lados de uma moeda: ao mesmo tempo em que nos afastamos da escuridão, também devemos andar e nos aproximarmos da luz.

Devemos ser "embaixadores de Cristo".

São Francisco de Sales escreveu: "Não cometer um homicídio pode ser fácil", mas é extremamente difícil viver de um modo que promova a vida de forma consistente. "É fácil não roubar nossos vizinhos", mas é muito mais difícil cuidar e tratar todas as coisas que Deus nos deu, com respeito. "É fácil não dar falso testemunho no tribunal", mas pode ser muito difícil dizer a verdade numa conversa. "Pode ser fácil não ficar bêbado", mas viver uma vida sóbria é totalmente diferente. "Pode ser fácil não desejar a morte de outra pessoa." Mas desejando felicidade, saúde e sucesso dos outros é outra coisa. "Não caluniar outra pessoa numa conversa pode ser fácil", mas falar de tal maneira que contribua para a formação de tal pessoa pode ser muito difícil.

Nossas práticas durante a Quaresma, a prática de viver cada dia, cada hora, cada momento, deve ser equilibrada: devemos afastar-nos do mal e devemos crescer no bem. Às vezes não nos esforçamos o suficiente para praticar a bondade, justiça e verdade. Anunciar a boa notícia como embaixadores de Cristo pode ser a forma mais eficaz de renunciar as más notícias do pecado.

No Evangelho vemos o quanto Deus está disposto a ir ao nosso encontro para nos ajudar a converter-nos para a própria santidade de Deus. As ações do filho pródigo (isto é, sua extravagância precipitada e desperdício) que provocaram sua queda só podem ser reparadas por ações do pai pródigo. Observem o pai quando ele vai, não uma, mas duas vezes, para mostrar o extraordinário por seu filho. Também em nossas próprias vidas, quer reconheçamos ou não, Deus continua impregnando, inspirando e nutrindo seu amor singular, inspirando-nos a partilhar o mesmo amor extraordinário com os outros. Lembramos nesta Campanha da Fraternidade que este amor extraordinário deve ser vivenciado os jovens. O filho pródigo era jovem e o Pai (Deus) o recebeu com mil atitudes de amor e de carinho quando retornou aos seus braços.

Até onde estamos dispostos a ir? Estamos dispostos para viver um amor extraordinário em nossas vidas e no nosso relacionamento com os outros, principalmente com os mais jovens? Estamos dispostos a ser a ser embaixadores de Cristo e da santidade de Deus?

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor geral do Centro de Espiritualidade de Sales.

Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB