Hospital apresentou documentos e registro do profissional.
CRM afirma que fará sindicância para apurar caso registrado em Sorocaba.
Do G1 Sorocaba e Jundiaí
Em uma entrevista coletiva dada na tarde desta segunda-feira (10), a Santa Casa deSorocaba (SP) apresentou documentos e explicou a contratação do falso médico que trabalhava no local e que foi preso neste domingo (9).
Nilton Miyashita, diretor administrativo da Santa Casa, mostrou cópias da documentação apresentada por Fernando Henrique Guerreiro, como carteira de identidade, registro no conselho regional de medicina, diploma e até currículo, mas tudo no nome de outra pessoa, o médico Ariosvaldo Diniz Florentino, por quem se passava.
O diretor não soube informar quando o falso médico foi contratado. Uma investigação interna foi instaurada para levantar documentos e a ficha de pacientes atendidos por ele.
João Márcio Garcia, representante do CRM de Sorocaba, diz que a entidade abrirá uma sindicância sobre o caso. Tanto o diretor clínico quanto o diretor técnico da instituição serão chamados para justificar, por escrito, o que aconteceu, além de ter que apresentar uma documentação que comprove que eles tomaram todos os cuidados.
“Caso isso não se confirme, então serão analisados, individualmente, os profissionais que participaram desta contratação, porque nem sempre é só o diretor clínico quanto o diretor técnico que tem participação nisso. Às vezes, esse profissional foi trazido por outro médico. Então, cada médico que participou da situação vai responder na medida dos seus atos e das suas omissões”, afirma Garcia.
Momentos antes da prisão, Fernando Henrique Guerreiro atendia uma senhora. A filha dela, que acompanhava o atendimento, contou que a mãe estava com náuseas e mal estar. O falso médico indicou antialérgicos e calmante. A filha desconfiou, mas antes que a mãe tomasse os remédios foi avisada pela polícia sobre a fraude.
A investigação que prendeu Guerreiro começou há três meses, a partir de um caso de homicídio na Zona Leste da Capital, quando uma mulher envolvida no crime foi identificada pela polícia e suspeita de, também, atuar como falsa médica. Ela foi presa em Piedade (SP).
Outro Caso
A polícia procurava o dono de um carro prata e os três suspeitos do homício ocorrido em São Paulo. A polícia identificou primeiro a motorista do carro. Uma mulher, reconhecida como Camila Aline da Silva Matias Rocha. Os investigadores descobriram que ela estava trabalhando no interior de São Paulo e também se apresentava como médica usando o registro de outra profissional, Camila Braga. Ela atuava nas santas casas de Sorocaba e Piedade.
A polícia também conseguiu cópias de receitas dadas pela falsa medica e de fichas de atendimento. Os dois documentos são timbrados da Santa Casa de Sorocaba. Apesar de se apresentar como Bruna Braga, a mulher assinou os dois documentos com um ‘CA’, de Camila Aline.
Ao ser presa em Piedade, há duas semanas, ela disse para a polícia que foi indicada para trabalhar por outro medico: Ariosvaldo Diniz Florentino. Fotos mostram os nomes de Ariosvaldo e de Bruna como plantonistas no mesmo dia na Santa Casa de Sorocaba.
Ao investigar Ariosvaldo, a polícia descobriu que ele era outro falso médico. Trata-se de Fernando Guerreiro. A polícia calcula que cada falso médico atendia, em média, 50 pessoas por dia. Felipe, que também trabalhava na Santa Casa de Piedade, chegou a atuar pelo menos um ano nos hospitais e Camila, um mês, segundo a polícia.
O delegado José Bella ainda investiga como os falsos médicos foram contratados e se outras pessoas davam cobertura para eles trabalharem.
O verdadeiro médico Ariosvaldo prestou depoimento na delegacia em Sao Paulo. Ele disse aos policiais que não sabia que estavam usando seu nome e regstro do Conselho Regional de Medicina (CRM) e que ficou surpreso com o caso.
A Santa Casa de Sorocaba não confirmou que a falsa médica fazia parte do quadro de funcionários. O diretor administrativo do hospital disse que estão levantando todos os documentos.