domingo, 29 de novembro de 2009

A arte de ser feliz




Frei Betto

Recebi de uma amiga este apelo:

“Existe alguma receita capaz de fazer uma pessoa se apaixonar por algo - seja o que for??? Nem precisa ser coisa transcendental. Algo que dê um sentido à vida. Não que a vida seja desprovida de sentido, mas desprovida de sabor.

“É claro que estou me referindo a mim, e posso até estar sendo exigente demais, ou cruel demais com a minha pessoa. Mas é esta a reflexão de hoje, de agora. Me dou conta de que não tenho paixão alguma. Pelo menos é o que a minha mente me fala e o que percebo. Isso me faz sentir falta de algo...

“Tem gente que gosta de corrida de carros, de cavalos, de barcos. Gente que ama fazer tricô, escalar montanhas, meditar hoooooras a fio; gosta de ler, de ser médico, jornalista, político até. Puxa vida... como admiro isso. A vida frenética das cidades pulsa em algumas pessoas, e a vida pacata do campo, em outras. Tenho alegrias e uma normalidade ética permeada por um bom senso bem bacana. Mas eu sinto (até irracionalmente), de forma muito forte, a impermanência.

“Um dia você disse que gostaria de ser semente. Refleti sobre e... nada aconteceu. O ritual inevitável da convivência e tudo o que envolve as relações interpessoais, somados a um bom astral, já cuidam disso. Queria me apaixonar. Ter um hobby. Qualquer um.

“Alegrias são muitas. Tenho o sorriso fácil... Mas a felicidade é coisa rara, de frágeis e preciosos momentos. Tenho uma implicância danada com aquela música do Zeca Pagodinho que diz: "...deixa a vida me levar... vida leva eu..." Quero sentir um sentido. A vida, o planeta, a diversidade religiosa, etc, são assombrosos de tanto infinito. Mas permaneço no raso. Sem querer explorar o seu tempo e os seus insights... digo: gostaria de saber o que você teria a dizer sobre isso.”

Fiquei pensativo. Há pessoas que me julgam portador de respostas para os impasses da vida. Mal sabem elas quantos acumulo em minha trajetória. Contudo, sei o que é felicidade. Difere da alegria. Felicidade é um estado de espírito, é estar bem consigo, com a natureza, com Deus. Com os outros, nem sempre. As relações humanas são amorosamente conflitivas. Invejas, mágoas, disputas, mal-entendidos, são pedras no sapato.

Alegria é algo que se experimenta eventualmente. Uma pessoa pode ser feliz sem parecer alegre. E conheço muitos que esbanjam alegria sem me convencerem de que são felizes.

Após meditar sobre a consulta de minha amiga, respondi: “Querida X: diria que a primeira coisa é sair da toca... Enturmar-se com quem já encontrou algum sentido na vida: a equipe de jogo de xadrez, a turma do cinema de arte em casa, o grupo político, a ONG da solidariedade etc. É preciso enturmar-se , sentir a emulação que vem da comunidade, dos outros, esse entusiasmo que, se hoje falta em mim, exala do companheiro ao lado...

“Você pode encontrar a paixão de viver em mil atividades: ler histórias num asilo, ajudar voluntariamente num hospital pediátrico, costurar para uma creche ou participar de um partido político, um grupo de apoio a movimentos sociais; alfabetizar domésticas e porteiros de prédios ou se dedicar a pesquisar a história do candomblé ou por que tantos jovens buscam na droga a utopia química que não encontram na vida.

“Mas, sobretudo, sugiro mergulhar numa experiência espiritual. Mergulhar. É o que, agora, nesta manhã luminosa de Cruz das Almas (BA), me vem à cabeça e ao coração.”

O sábio professor Milton Santos, que não tinha crença religiosa, frisava que a felicidade se encontra nos bens infinitos. No entanto, a cultura capitalista que respiramos centra a felicidade na posse de bens finitos. Ora, a psicanálise sabe que o nosso desejo é infinito, insaciável. E a teologia identifica Deus como o seu alvo.

Ninguém mais feliz, na minha opinião, do que os místicos. São pessoas que conseguem direcionar o desejo para dentro de si, ao contrário da pulsão consumista que faz buscar a satisfação do desejo naquilo que está fora de nós. O risco, ao não abraçar a via do Absoluto, é enveredar-se pela do absurdo.

Como o Mercado, que tudo oferece em sedutoras embalagens, ainda não foi capaz de ofertar o que todos nós mais buscamos – a felicidade -, então tenta nos incutir a idéia de que a felicidade resulta da soma dos prazeres. Possuir aquele carro, aquela casa, fazer aquela viagem, vestir aquela roupa... nos tornará tão felizes quanto o visual dos atores e atrizes que aparecem em peças publicitárias.

Tenho certeza de que nada torna uma pessoa mais feliz do que empenhar-se em prol da felicidade alheia: isto vale tanto na relação íntima quanto no compromisso social de lutar pelo “outro mundo possível”, sem desigualdades gritantes e onde todos possam viver com dignidade e paz.

O direito à felicidade deveria constar na Declaração Universal dos Direitos Humanos. E os países não deveriam mais almejar o crescimento do PIB, e sim do FIB – a Felicidade Interna Bruta.


Frei Betto é escritor, autor do romance “Um homem chamado Jesus”, que a editora Rocco faz chegar

cantai



"CANTAI AO SENHOR!"



Cantai ao Senhor um cântico novo,
porque ele fez maravilhas (Sl 97,1)!
A seu Filho amado sacrificou sua destra
e seu santo braço (cf. Sl 97,1).
O Senhor fez conhecer a sua salvação,
diante dos povos revelou sua justiça (Sl 97,2).
Naquele dia o Senhor
ofereceu sua misericórdia,
e à noite foi cantado o seu louvor (Sl 41,9).
Este é o dia que o Senhor fez;
exultemos e nos alegremos nele (Sl 117,24)!
Bendito seja o que vem em nome do Senhor;
Deus é Senhor,
e fez brilhar sobre nós a sua luz (Sl 117,26-27).
Alegrem-se os céus e exulte a terra,
comova-se o mar com tudo que tem dentro;
alegrem-se os campos com tudo que há neles (Sl 95,11-12).
Países estrangeiros,
vinde trazer glória e honra ao Senhor,
rendei glória ao nome do Senhor (Sl 95,7-8).
Reinos da terra,
cantai a Deus, salmodiai ao Senhor (Sl 67,33).
Salmodiai a Deus,
que sobe para o céu do céu,
para o Oriente (Sl 67,33-34).
Eis que dará à sua voz a voz da força;
dai glória ao Deus de Israel,
sua magnificência e seu poder
resplandecem nas nuvens (Sl 67,34-35).
Admirável é Deus em seus santos,
o Deus de Israel
dará força e fortaleza a seu povo,
bendito seja Deus!(Sl 67,36).

(S. Francisco de Assis, "Ofício da Paixão" - Salmo IX)

http://www.cantodapaz.com.br/images/sao_francisco_chagas.jpg
Senso de Pertença
Série sobre o senso de pertença e sobre identidade do Franciscano Secular

Identidade do Franciscano Secular.

Quem são os franciscanos seculares espalhados pelo mundo? Qual é sua identidade?

Alguns de nós, leigos ou religiosos, tivemos ocasião de conhecer no passado outras concretizações da Ordem Terceira. Entre nós houve grupos bastante numerosos. Seus membros usavam um hábito externo bastante característico para os irmãos e as irmãs. Em alguns lugares os irmãos sentavam-se de um lado e as irmãs, do outro.

Aos poucos, no curso da Segunda metade do século XX, toda a família franciscana foi conhecendo transformações. A 24 de junho de 1978 os terceiros tiveram sua nova Regra aprovada pelo Papa Paulo VI. Começou um intenso período de renovação. O jeito dos irmãos e das irmãs de antigamente foi cedendo lugar a um novo modo de ser franciscano, idêntico no essencial, diferente em suas manifestações. Conheceu-se um período de estudo e de assimilação da nova Regra. A Regra passou a ser ponto de referência fundamental na busca da identidade.

A Ordem Terceira passou a ser designada de Ordem Franciscana Secular. Desejou-se marcar a presença dos leigos franciscanos no mundo. Procurou-se buscar precisamente nessa secularidade característica importante da OFS. Mais tarde, na Chistifideles Laici, o Papa João Paulo II, retomando a doutrina do Concílio Vaticano II, escrevia: “A vocação dos leigos à santidade comporta que a vida segundo o Espírito se exprima de forma peculiar em sua inserção nas realidades temporais e na sua participação nas atividades terrenas”.

Para atualizar a reflexão, temos que nos perguntar: que significa ser franciscano secular? Que buscam as pessoas que hoje fazem a Profissão na Ordem? Estas perguntas não nos incomodam e não nos inquietam demais porque nos parece que nossa resposta já está dada na vida cotidiana. Tudo parece resolvido: o cotidiano, cada um é aquilo que faz, e cada Fraternidade é o que realiza.

No entanto, com espírito menos acomodado, não deveríamos nos contentar com esta primeira resposta. Qualquer um pode realizar as funções que nós exercitamos no mundo, e qualquer associação ou movimento pode realizar o apostolado que nós fazemos, sem necessidade de pertencer a OFS.

Quando nos damos conta disto, se abre diante de nós um abismo. Nos preocupamos e nossa consciência nos acusa de incoerência e de falta de radicalidade no “seguimento de Cristo pobre e crucificado”, ao modo de são Francisco. Para nos tranqüilizar, buscamos dar um colorido franciscano àquilo que fazemos (ou faz a Fraternidade): promovemos a devoção a São Francisco, organizamos exposições de artigos franciscanos, encenamos o trânsito de São Francisco, falamos de São Francisco nos programas de rádio, etc... .

Não será que o franciscanismo que promovemos seja uma realidade acidental, secundária? Em outras palavras: não será que somos profissionais, estudantes, comerciantes, administradores, ministros da Eucaristia, freqüentadores habituais de grupos paroquiais e, além disto, também, franciscanos?

No começo de nossa Regra se encontram os elementos fundamentais do projeto de vida franciscano secular: os franciscanos seculares são homens e mulheres que, “impulsionados pelo Espírito a atingir a perfeição da caridade no próprio estado secular, se comprometem pela Profissão a viver o Evangelho à maneira de são Francisco e mediante esta Regra confirmada pela Igreja” (R.2).

Da legislação atualizada da OFS (Regra e Constituições Gerais) se deduz que a identidade do franciscano secular se expressa em uma tríplice dimensão: pessoal (a vida interior), fraterna (a corresponsabilidade) e universal (a missão).


Se você for me desculpar é melhor se apressar. A vida não dura para sempre.
Murasaki Shikibu


Invadiram minha foto

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pense nisto

Total de pessoas vivendo com Aids aumenta 20% em oito anos, diz pesquisa

Número de novas infecções no mundo caiu 17% no mesmo período.
Em 2008 foram registrados mais de 7,4 mil novos casos por dia.


Camisinha?

http://femminina.files.wordpress.com/2009/02/camisinha05.jpg

ou

Castidade/Fidelidade?

http://www.anunciame.com.br/portal/wp-content/uploads/2009/01/namoro-e-castidade.jpg