sexta-feira, 22 de junho de 2012

Avanço a partir da Rio+20 depende de financiamento, diz Dilma

 

DA REUTERS

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (22) que o texto final da Rio+20 é apenas "um ponto de partida" e que um próximo passo deve envolver o financiamento de medidas para o desenvolvimento sustentável.

Rio 20

Nações ricas atribuíram à crise econômica a impossibilidade de se comprometerem com recursos para o meio ambiente, e um fundo proposto de 30 bilhões de dólares para ajudar países em desenvolvimento a implantar medidas de proteção ao meio ambiente foi descartado do documento final da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável.

"Um documento de conferência sobre meio ambiente, sobre desenvolvimento sustentável, biodiversidade, a erradicação da pobreza, necessariamente, é um ponto de partida, porque é até aonde as nações chegaram em seu conjunto", disse Dilma em entrevista coletiva pouco antes da sessão plenária de encerramento da cúpula.

"O que nós temos que exigir é que a partir desse momento as nações avancem. O que nós não podemos conceber é que alguém fique aquem dessa posição. Além dessa posição todos podem ir, todos devem ir", acrescentou.

O texto final da Rio+20 aprovado nas negociações prévias à reunião de cúpula, que foram lideradas pelo Brasil, recebeu críticas de ambientalistas e de delegações internacionais, principalmente da Europa, que apontaram uma falta de ambição.

A delegação brasileira, no entanto, afirmou que os países europeus foram "contraditórios" ao reclamarem da falta de ambição ao mesmo tempo em que se recusaram a disponibilizar meios de financimento.

"Muitos países não quiseram assinar a questão do financiamento. Uma das formas de se evoluir daqui pra frente é colocar isso na pauta", disse Dilma. "Os países desenvolvidos não querem que isso seja posto na pauta, e nós queremos que seja posto na pauta."

A presidente ainda defendeu o resultado da conferência e elogiou a diplomacia brasileira por ter conseguido fechar um documento que será firmado por chefes de Estado e governo no encerramento da reunião.

Dilma disse que suas expectativas prévias para o evento foram "totalmente satisfeitas" e que a Rio+20 mostrou ao mundo que os países emergentes são capazes de realizarem com eficiência cúpulas internacionais de alto nível.

Cão que perdeu pata após acidente em Campinas vai para adoção

 

Bob, de cerca de 3 anos, foi castrado e está se recuperando da cirurgia. Atropelador não prestou socorro na hora do acidente, disse testemunha.

Luciano Calafiori Do G1 Campinas e Região

 

O cão BOB, que foi atropelado em Campinas e perdeu uma pata (Foto: Divulgação)O cão Bob, que foi atropelado em Campinas e perdeu uma pata (Foto: Divulgação)

Vítima de atropelamento em uma rua do bairro Satélite Íris, em Campinas, que resultou na amputação da pata anterior direita, Bob, um cão mestiço de cerca de três anos ganhou um recomeço, mas entrou para a fila de animais domésticos que precisam ser adotados ou para reencontrar seus donos. E tudo graças à solidariedade de um grupo de pessoas que o recolheu e o levou para uma clínica veterinária no bairro Guanabara após o acidente.

O animal foi atropelado por um carro na primeira semana de junho nas proximidades de um posto de saúde. Uma das funcionárias presenciou o acidente e se revoltou porque o motorista não quis prestar socorro, mesmo tendo percebido que o cachorro estava vivo. “Ele não socorreu”, disse Ariane Caqueri, que viu o acidente. Ela e outra profissional da unidade médica resolveram ajudar. “Não conseguiria ficar em paz com a minha consciência, sabendo que ele estaria sofrendo, e eu poderia ajudá-lo de alguma forma. É automático, você socorre da mesma maneira que socorreria uma pessoa. Uma questão de amor ao próximo, compaixão, não é?”, disse uma médica que ajudou a socorrer o Bob, mas que pediu para não ser identificada.

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O cão passou pela cirurgia de amputação da pata na noite de quarta-feira (20) e, menos de 12 horas depois, já estava de pé e se adaptando. “Tivemos que amputar porque ele ficaria arrastando a pata e isso causaria feridas. Também diminui a sensibilidade e ele poderia morder a própria pata”, disse a veterinária Maria Silvia Magalhães, da Itacamp Veterinária, onde o cão se recupera e estará à disposição para adoção em poucos dias.

Para quem estranha um cão de três patas, a médica veterinária adianta que o Bob terá uma vida praticamente normal. “Ele terá uma vida normal e a adaptação é boa. Além disso, ele foi castrado, podendo ser adotado até por uma família que tenha uma cachorra em casa”, explicou a profissional.

Gatos
A clínica onde o cão está também tem gatos para adoção. Segundo a veterinária Maria Sílvia Magalhães, uma gata invadiu a recepção de um posto de saúde e pariu quatro filhotes. Todos estão para adoção também.

Serviço
A Itacamp Veterinária fica na Rua Pereira Tangerino, 389, no Jardim Guanabara, em Campinas. O telefone de contato é (19) 3213-4400 .

Veja frases da cúpula de alto nível da Rio+20

 

Chefes de Estado negociam acordo sobre sustentabilidade. Presidentes, premiês, ONGs e estudantes já discursaram.

Do G1, no Rio

 

O segmento de alto nível da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi aberto oficialmente nesta quarta-feira (20) e segue até 22 de junho. Nele, chefes de Estado e representantes de Governo vão assinar um acordo sobre desenvolvimento sustentável

Veja abaixo algumas das principais frases ditas durante os discursos.

"Quem pede ambição de ação e não põe dinheiro na mesa está sendo incoerente”, Luiz Alberto Figueiredo, embaixador que liderou as negociações sobre o texto da Rio+20

"Fizemos história esta semana. Estamos perto de fazer um acordo que pode criar nosso futuro sustentável", Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU.

"Novamente o Brasil é palco para [...] eventos de mudança. Estamos agora no local de um acordo histórico. não vamos perder essa chance. O mundo está observando para ver se as palavras vão se tranformar em ação."
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU.

"Neste momento, sou todas as crianças. Suas crianças. As três bilhões de crianças do mundo. Pense em mim como metade do mundo. Estou aqui com fogo no meu coração. Estou confusa e brava com o estado do mundo."
Brittany Trifforde, estudante neozelandesa de 17 anos, Nova Zelândia

"Essas promessas [de 1992] não foram quebradas, mas esvaziadas."

Brittany Trifforde, estudante neozelandesa de 17 anos, Nova Zelândia

"Você estão aqui para salvar as suas peles ou para nos salvar?"
Brittany Trifforde, estudante neozelandesa de 17 anos, Nova Zelândia

“Não tenho dúvida de que estaremos à altura dos desafios que a situação global nos impõe."
Dilma Rousseff, presidente do Brasil e da Rio+20

“O que conseguimos no Egito com a última eleição parlamentar? Ao menos dois assentos. O que as mulheres conseguiram no Rio? Muito menos do que esperávamos."
Hala Yousry, egípcia representantante dos grupos femininos da sociedade civil

“Não devemos buscar hegemonia a custa de outros povos e seres humanos que habitam o planeta.”
Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã

"Os seres humanos não são rivais, mas amigos e companheiros que se completam. A felicidade de um não pode ser às custas do outro.'
Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã

"Em uma das obras-primas por ele criadas, o maestro Tom Jobim cantou dizendo que as águas de março marcam o final do verão, mas são também uma promessa de vida nos nossos corações. Assim como as águas de março, a Rio+20 nao é um fim, mas um novo começo, uma promessa de uma vida melhor para todos nós, para nossas crianças e para as gerações futuras"
Nassir Abdulaziz Al-Nasser - Presidente da 66ª Assembleia Geral da ONU

Senado do Paraguai destitui Lugo com 39 votos

 

Cerca de cinco mil pessoas protestam em frente ao Congresso do Paraguai

ASSUNÇÃO - O Senado paraguaio cassou nesta sexta-feira, 22, o mandato do presidente Fernando Lugo, após negar um pedido do mandatário, que solicitou 18 dias para a preparação dos argumentos de defesa do julgamento político iniciado na manhã de hoje, por suposto mau desempenho de suas funções. Cerca de cinco mil manifestantes protestavam em frente ao Congresso do Paraguai contra a votação do impeachment de Lugo. O Senado aprovou a validade das cinco acusações contra Lugo, com 39 votos a favor e apenas quatro contra. Os advogados do mandatário se retiraram do plenário, irritados com o voto. O vice-presidente Federico Franco assumirá a presidência do Paraguai até as eleições, que acontecerão em nove meses.

Fernando Lugo é destituído pelo Senado - Luis Robayo/AFP

Luis Robayo/AFP

Fernando Lugo é destituído pelo Senado

 

A acusação apresentada contra Lugo tem cinco pontos: a matança de 17 pessoas (11 camponeses sem-terra e seis policiais) no confronto de Curuguaty, que aconteceu na primeira metade de junho; a crise dos camponeses sem-terra do Paraguai no departamento (Estado) de Ñacunday; a insegurança no Paraguai; o uso dos quartéis das Forças Armadas para atividades políticas; e a assinatura do protocolo de Ushuaia II, que permite à União de Nações Sul-americanas (Unasul) intervir no Paraguai em caso de risco para a democracia.

Logo após a votação no Senado, ocorreram confrontos entre os manifestantes e a polícia na Praça de Armas, centro da capital paraguaia onde fica o Congresso.

As informações são da Associated Press e da Dow Jones

Fiéis prestam homenagens a Dom Joviano em Ribeirão Preto, SP

 

Arcebispo é velado nesta sexta (22) na Catedral Metropolitana da cidade.
Religioso morreu na quinta-feira (21), aos 70 anos, vítima de câncer.

Do G1 Ribeirão e Franca

 

Fiéis acompanham missas e prestam homenagens ao arcebispo de Ribeirão Preto (SP), Dom Joviano de Lima Júnior, desde o início da manhã desta sexta-feira (22) na Catedral Metropolitana da cidade. O religioso morreu na tarde desta quinta-feira (21), aos 70 anos, vítima de câncer no intestino.

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Além da missa que começou às 12h, outras duas cerimônias estão previstas para esta tarde: a primeira às 15h e a seguinte às 18h30. O sepultamento, que será na cripta da Catedral, será após a missa prevista para as 10h deste sábado (23).

Fiéis fazem fila para o adeus ao arcebispo Dom Joviano, velado na Catedral de Ribeirão Preto, SP  (Foto: Carolina Visotcky/ G1)Fiéis fazem fila para o adeus ao arcebispo Dom Joviano, velado na Catedral de Ribeirão Preto, SP (Foto: Carolina Visotcky/ G1)

Câncer
Dom Joviano descobriu a doença há três anos e estava internado em um hospital particular da cidade desde o último dia 10 de junho, segundo informações da Cúria Metropolitana. Empossado em 2006, foi o sétimo arcebispo da cidade.

Biografia
Nascido em
Uberaba, Dom Joviano tornou-se padre em 1969 e 26 anos depois foi ordenado bispo de São Carlos (SP). Em 2006, após o afastamento de Dom Arnaldo Ribeiro (1930-2009), recebeu o título de arcebispo de Ribeirão Preto, respondendo por 90 paróquias da cidade e região.
Formou-se em Teologia pelo Instituto de Filosofia e Teologia de
São Paulo, em Filosofia pela Faculdade de Ciências e Letras de Mogi das Cruzes (SP) e em Ciências Sociais pela Faculdade Medianeira FASP (SP).

O arcebispo também foi membro do Conselho Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e presidente do Conselho Episcopal Pastoral para a Liturgia.

Semiárido brasileiro 'ganhará um Alagoas' até 2070, prevê Inpe

 

Paulo Cabral

Enviado especial da BBC Brasil a Ouricuri (PE)

 

Carregamento ilegal de madeira | Foto: Paulo Cabral/BBC Brasil

Segundo especialistas, desmatamento ilegal é um dos fatores que contribui para a desertificação.

Projeções feitas por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com base em tendências climáticas apontam para uma acentuada "aridização" (aumento da aridez) no sertão brasileiro nas próximas décadas.

Se os cenários previstos pelos cientistas estiverem corretos, não só a região crescerá em extensão, como também se tornará cada vez mais árida.

"É importante notar que estas são apenas estimativas. Mas os dados sugerem que as áreas de semiárido podem se ampliar em até 12% até meados do século", diz José Marengo, pesquisador do Inpe.

Isso equivaleria a um aumento de quase 29 mil quilômetros quadrados – área similar à do Estado de Alagoas – na região sujeita a secas, acrescenta o pesquisador.

Projeções elaboradas por Marengo e sua equipe mostram, no centro dessa vasta região semiárida, o crescimento de uma grande mancha de "hiperaridez". Em 2070, ela avançaria para o norte da Bahia, quase todo o interior de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, parte do sudeste do Piauí, além de alguns outros pontos isolados em outras partes do país.

"Essas regiões hiperáridas são as que podem, no longo prazo, se tornar desertos por uma combinação de condições climáticas e fatores antrópicos (relacionados à ação humana, como desmatamento)", diz Marengo.

"O processo de desertificação se comporta como um câncer, se ampliando quando não é combatido", acrescenta.

Veja abaixo mapas que ilustram as projeções do Inpe:

O grau de aridez é determinado pelo equilíbrio entre a quantidade de chuva que chega à terra e o volume de evaporação. Aridez significa ausência de água, e essa condição por um período prolongado pode levar à desertificação, à ausência de vida, diz Marengo.

Humberto Barbosa, coordenador do laboratório de meteorologia da Universidade Federal de Alagoas, observa que, nas áreas mais secas do Nordeste, chove em média 800 milímetros de água por ano, mas a "evapotranspiração" (perda de água dos solos por evaporação e perda de água das plantas por transpiração) passa dos 3 mil milímetros por ano.

Barbosa diz que secas como a deste ano aceleram o processo de desertificação, que já é causado pelo uso não sustentável do solo. "A agricultura de subsistência de milho e feijão feita pelo sertanejo demanda muito de um solo, que já é bastante pobre", avalia o pesquisador.

Atualmente, há quatro "núcleos de desertificação" formalmente identificados – e reconhecidos - pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em território brasileiro.

Todos eles estão no sertão nordestino: Seridó (RN), Irauçaba (CE), Gilbués (PI) e Cabrobó (PE). Juntos, somam mais de 18 mil quilômetros quadrados.

O coordenador-geral da ONG Centro de Assessoria e a Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não-Governamentais Alternativas (Caatinga), Paulo Pedro de Carvalho, observa que outro problema é a dependência do sertanejo da vegetação para geração de energia.

"Há estudos que mostram que 30% de toda a energia usada na caatinga (incluindo consumo doméstico) vem da lenha", diz Carvalho.

Risco ambiental

Dados históricos indicam que o semiárido já perdeu quase 50% de sua cobertura vegetal, a caatinga, bioma que especialistas costumam descrever como o mais típico do Brasil.

Além do desmatamento feito para abrir espaço para agricultura familiar ou para fornecer lenha à família, a devastação também ocorre para atender a setores como gesso e cerâmica, que usam a madeira em seus fornos.

Nas regiões de divisa entre Pernambuco e Ceará, é comum passar por campos devastados (com tocos espalhados pelas propriedades denunciando desmatamento recente) e por caminhões carregando enormes cargas de madeira, com aparência de torres mal equilibradas.

Carregamento ilegal de madeira | Foto: Paulo Cabral/BBC Brasil

Governo tem cobrado certificação do material usado por empresas para reduzir erosão do solo

O governo brasileiro tem um plano de combate à desertificação coordenado pelo MMA e há uma expectativa de que novas medidas sobre o assunto possam ser anunciadas durante a conferência Rio+20.

O diretor de combate à desertificação do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Campelo, diz que a chave para retardar, pelo menos parcialmente, o processo é investir em estratégias de desenvolvimento sustentável.

"Já temos diversas empresas dos polos de gesso do Ceará e de cerâmica de Pernambuco que estão adotando praticas sustentáveis e usando madeiras certificadas", diz Campelo.

Mas ele observa que, em muitos casos, a estratégia será a de aceitar que o processo está acontecendo e se adaptar a ele. "Precisamos de uma ampla discussão com as populações e da implantação de tecnologias sociais que permitam a vida digna na seca", afirma.

Astronautas da Estação Espacial Internacional cumprimentam Rio+20

 

Grupo elogiou o trabalho conjunto por um planeta mais sustentável. Tripulação da ISS conta com três russos, dois americanos e um holandês.

Da EFE

Direto do espaço, os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) enviaram nesta quarta-feira (20) uma mensagem à cúpula da Rio+20, realizada no Rio de Janeiro, na qual elogiaram o trabalho conjunto por um planeta mais sustentável.

"De onde nós estamos, olhando para a Terra do espaço, podemos admirar a beleza de nosso planeta e lar. Saudamos todos vocês que estão trabalhando juntos para criar um futuro mais sustentável para o planeta Terra e para bilhões de pessoas", afirmou o americano Joseph Acaba, engenheiro da agência espacial americana (Nasa).

Astronautas da Estação Espacial Internacional desejam bom trabalho aos líderes presentes à Rio+20 em vídeo gravado.. (Foto: Reprodução)Astronautas da Estação Espacial Internacional desejam bom trabalho aos líderes presentes à Rio+20 em vídeo gravado na quarta-feira (20) (Foto: Reprodução)

O astronauta, que pôde ser visto no vídeo junto com seus companheiros de missão, se comunicou com a Rio+20 minutos antes do começo da sessão solene da tarde, na qual a presidente Dilma Rousseff inaugurou a cúpula.

"Eu e meus companheiros gostaríamos de dar as boas vindas do espaço para todos vocês que estão no Rio de Janeiro para a Rio+20", disse, por sua vez, o atual comandante da ISS, o russo Oleg Kononenko.

A tripulação da Estação Espacial Internacional conta com três russos, dois americanos e um holandês.

Cúpula dos Povos diz que texto da Rio+20 traz 'frustração e desencanto'

 

ONGs e movimentos sociais entregam documento a Ban Ki-moon.
No encontro foi entregue documento elaborado na Cúpula dos Povos.

Darlan Alvarenga Do G1, no Rio

 

Os representantes da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), afirmaram nesta sexta-feira (22) para o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, estarem "frustrados" com o texto aprovado pelos países na Rio+20.

Ban Ki-moon ouve as críticas de Iara Pietrovsky, representante da Cúpula dos Povos (Foto: Darlan Alvarenga/G1)Ban Ki-moon ouve as críticas de Iara Pietrovsky, da Cúpula dos Povos (Foto: Darlan Alvarenga/G1)

"Gostaria de iniciar nossa conversa expressando nosso profundo desencanto, nossa profunda frustrração em relação ao documento oficial apresentado", disse Iara Pietrovsky, integrante do grupo de articulação da Cúpula dos Povos, dirigindo-se ao secretário-geral da ONU.

No encontro realizado nesta manhã no Riocentro, a Cúpula dos Povos entregou o documento político final elaborado durante as Plenárias de Convergência organizadas por ONGs e movimentos sociais, que representam redes, organizações e movimentos sociais de vários países, em temas sindicais, indígenas, ambientais, povos tradicionais, direitos humanos, entre outros. O documento está disponível no site da Cúpula dos Povos.

'A Rio+20 acabou para nós'
"Esperávamos um documento bem mais audacioso, bem mais ambicioso frente aos desafios que estamos nos confrontando", disse Iara. "De qualquer maneira, acreditamos que o diálogo e a possibilidade de uma agenda é importante para que possamos criar saídas alternativas e sustentáveis para o nosso planeta", ressalvou.

Ao término do encontro, os representantes da Cúpula dos Povos reafirmaram o sentimento de frustração. Segundo Iara, a ONU informou que não haverá mesmo mudança no documento final da Rio+20. “Gostaríamos que ele [Ban Ki-moon} realmente levantasse a ambição e que a gente pudesse abrir espaços de mais diálogo e participação e mudança radical deste documento oficial”, disse Iara. "A Rio+20 acabou para nós, mas o nosso processo não dependia da conferência. A Rio+20 foi uma passagem, infelizmente uma passagem extremamente frustrante", completou.

Delegados da Cúpula dos Povos tiram foto com Ban Ki-moon (Foto: Darlan Alvarenga/G1)Delegados da Cúpula dos Povos tiram foto com Ban Ki-moon (Foto: Darlan Alvarenga/G1)

Hillary Clinton anuncia iniciativa para financiar energia limpa na África

 

Secretária de Estado dos EUA lançou projeto na Rio+20. Financiamento de US$ 20 milhões foi aprovado pelo Congresso americano.

Do G1, no Rio

 

A secretária de Estado americana anunciou nesta sexta-feira (22) uma iniciativa para financiar e apoiar projetos de energia limpa na África. Hillary Clinton fez um breve discurso no Riocentro, onde ocorre a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, onde falou sobre a importância das parcerias, já que “os Estados não podem resolver tudo sozinhos.”

“Todos dizem que são a favor da energia limpa, mas chegou a hora de agir. A África é abençoada com recursos naturais abundantes, no entanto, apenas um em cada quatro domicílios africanos tem energia”, disse ela. Segundo a secretária, um financiamento de US$20 milhões foi aprovado pelo Congresso americano para impulsionar projetos de energia limpa no continente.

Hillary Clinton, secretária de Estado dos Estados Unidos, anuncia um projeto de incentivo à energia limpa em fórum de cooperação entre EUA e África (Foto: Alexandre Durão/G1)Hillary Clinton durante o lançamento da iniciativa, na Rio+20 (Foto: Alexandre Durão/G1)

A proposta americana objetiva apoiar investidores ou desenvolvedores que precisam de um pequeno fundo para iniciar seus projetos, que serão focados na construção de locais geradores de energia renovável, em melhorias na eficiência energética e no desenvolvimento de instalações que apoiem o mercado de energia limpa.

Logo após o lançamento da iniciativa, Hillary falou na plenária da cúpula de alto nível da Conferência, onde defendeu o direito de reprodução da mulher. O trecho que falava sobre a proteção desses direitos foi retirado do acordo da Rio+20, após oposição de alguns países e do Vaticano.

Sertão enfrenta desafio de criar nova relação com a seca

 

Paulo Cabral

Enviado especial a Salitre (CE) e Ouricuri (PE)

 

Morador do sertão usa bicicleta para buscar água na cidade. (foto: BBCBrasil)

Morador do sertão, Gerôncio dos Santos usa bicicleta para a buscar água na cidade

A vida em regiões secas no Nordeste do Brasil e no norte de Minas Gerais é uma realidade para pelo menos 12 milhões de brasileiros (não há um número oficial e preciso sobre o total de habitantes do semiárido).

Um deles, o sertanejo Gerôncio dos Santos, conta que depende da velha bicicleta para conseguir a água da família. Carregando galões e baldes – em um total de quase cem litros – o agricultor enfrenta sob o sol do sertão os dois quilômetros que separam sua casa da fonte de água no centro do município cearense de Salitre.

 

"Hoje é a terceira viagem que eu faço com as duas cumbucas e este baldinho. É a água que a gente usa para beber e para cozinhar", disse à BBC Brasil. "A água vem do chafariz que o prefeito mandou fazer tem pouco tempo na cidade. É água boa mesmo – tem bem pouco sal."

No centro da cidade, caminhões-pipa e carroças carregadas com tambores fazem fila para se abastecer na água do poço profundo mais confiável da área. Alguns usam água para suas plantações e criações e outros vendem o precioso líquido para moradores da cidade e da zona rural ao redor.

"O tambor de água a gente vende aqui na rua (na cidade) por R$ 4 e lá no alto (na zona rural) é R$ 5. E assim a gente vai levando a vida", conta o carroceiro Nascimento Moreira, de 17 anos.

A seca mais recente - a mais severa dos últimos 30 anos – destruiu as plantações em Salitre e tornou a busca diária pela água um sacrifício para muitas famílias.

"Aqui costuma chover, na média, 700 milímetros, mas esse ano só choveu 16 milímetros. E aqui no município não temos água encanada: tudo chega de carro-pipa", afirma o prefeito Agenor Ribeiro.

Formatos alternativos

Mas agora, depois de anos lutando contra o impacto das estiagens, tanto o governo como diversas ONGs que atuam na região - reunidas na Articulação do Semiárido (ASA) - concordam que o conceito de "combate à seca" ficou no passado para dar lugar a uma estratégia de desenvolvimento em harmonia com o que o ambiente oferece.

"Todo esse conceito do combate à seca é uma ideia ultrapassada: é como querer combater a neve na Europa. A seca é uma realidade natural com a qual temos que aprender a conviver", diz o coordenador-geral do Centro de Assessoria e a Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não-Governamentais Alternativas (Caatinga), Paulo Pedro de Carvalho.

Convivência

O ativista do Caatinga diz que as grandes obras de infraestrutura – como os açudes - feitas principalmente nos anos de 1970 e 1980 pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) e a introdução de sementes melhor adaptadas a outras condições ambientais são duas das faces mais visíveis da antiga filosofia de "combate" ao problema.

"Essas grandes obras feitas por grandes empresas e com tecnologia vinda de fora apenas reforçavam a indústria da seca. O que temos que fazer é aproveitar ao máximo as características da região e o conhecimento de quem mora nela para encontrar soluções de convivência."

Atualmente, a obra de transposição do rio São Francisco opõe muitos ambientalistas, que consideram o projeto parte da filosofia ultrapassada de "combater a seca", e o governo, que vê o projeto como essencial para fornecer um mínimo de água para milhões de pessoas no sertão.

Para Carvalho, estocar de maneira eficiente comida, sementes e água é a chave para a sobrevivência das famílias em um ambiente seco.

"A comida tem de ser estocada tanto para os seres humanos como para os animais, e é importante que o agricultor tenha sementes adaptadas às condições locais para produzir em ambientes áridos", afirma o pesquisador.

Cisternas

Um exemplo de iniciativa bem-sucedida é o Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC), um antigo projeto da Articulação do Semiárido que começou a ser implantado no sertão no início dos anos 2000 e conseguiu decolar quando recebeu apoio institucional do governo federal.

O programa, que já passou das 400 mil cisternas (tanques para coleta e armazenamento de água das chuvas) construídas, indica que medidas relativamente simples e baratas podem ter impactos enormes nas vidas de pessoas e comunidades.

"A gente já sofreu muito aqui em seca no passado, carregando balde de água na cabeça e nos animais. A gente aprende assim o valor da água", diz a agricultora Eunice Matias, do município pernambucano de Ouricuri, que sete anos atrás teve sua cisterna construída no P1MC. "Essa cisterna mudou a vida da gente."

Agora a família de Eunice tem também uma segunda cisterna de maior capacidade, que eles podem usar na produção de alimentos. A água não foi suficiente para salvar o milharal, mas, na seca severa, deu conta da horta e de diversas árvores frutíferas.

Acesso à água

Cisterna na cidade de Salitri. (BBC Brasil)

Cisternas são instaladas nas casas do sertão para fornecer a água necessária à subsistência.

Apesar de ser considerado um sucesso, o programa de cisternas enfrenta uma grande polêmica sobre seu o futuro: o governo começou a distribuir cisternas de plástico para complementar os modelos de alvenaria que vinham sendo construídos.

As ONGs da ASA reclamaram, argumentando que a construção dos tanques com placas de cimento capacita pedreiros locais (que podem também consertar a cisterna se houver problemas), movimenta a economia da comunidade pela compra de material de construção e envolve o cidadão de maneira integral na solução do problema.

"A cisterna de plástico é uma reprodução das velhas soluções vindas de fora, não adaptadas à nossa realidade. Construir uma cisterna na comunidade não é apenas fazer um tanque de água, mas trazer todo um processo de mudança social para a família e para a comunidade", diz o coordenador-geral da ONG cearense Associação Cristã de Base (ACB), Jorge Pinto.

Mas o governo federal diz que as cisternas de plástico são peça chave na estratégia de universalizar o acesso à água no sertão, com a distribuição ou construção de mais 750 mil unidades no ano que vem.

"Reconhecemos o valor das cisternas de placas tanto que estamos ampliando o financiamento para estes projetos, mas precisamos também agregar outras tecnologias para alcançar nossas metas de universalização", diz a secretária de segurança alimentar e nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social, Maya Takagi.

Duas águas

Segundo a secretária, 60 mil cisternas de plástico foram instaladas no ano passado e até agora receberam avaliações "positivas e negativas". Integrantes da ASA dizem ter notícias de cisternas plásticas que teriam se deformado sob o intenso sol do sertão.

"Estamos fazendo avaliações. Temos que testar essas e muitas outras tecnologias sociais que permitam a convivência com o semiárido", diz a secretária.

Agora que um grande número de famílias no semiárido já tem sua primeira cisterna para garantir a água para beber e cozinhar, elas começam a adquirir um segundo reservatório maior. É o princípio de "duas águas": uma para o consumo da família, outra para a produção.

Na casa da família da agricultora Maria das Graças Souza, uma cisterna do tipo "calçadão" foi construída. Trata-se de uma grande laje de cimento com um ralo que transporta a água da chuva para um tanque, protegido do sol e da evaporação.

Com a água, ela mantém a horta produzindo mesmo nas piores secas. "Essa é uma alternativa pra gente viver melhor. Nós fomos capacitados a viver na seca", diz a agricultora.