Barragem é parte de convênio de R$ 1,5 bi entre governo de SP e a União
José Maria Tomazela, DO O ESTADO DE S. PAULO
SOROCABA — O consórcio contratado pelo Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo para construir a barragem de Santa Maria da Serra, no Rio Piracicaba, iniciou no último dia 6 os estudos geológicos na área a ser inundada. A obra, no valor de R$ 420 milhões, deve ser concluída até 2015. O lago vai permitir a navegação em mais 55 quilômetros e levar a Hidrovia Tietê-Paraná para a região de Piracicaba, um dos principais polos industriais e sucroalcooleiros do estado de São Paulo. O consórcio vencedor da licitação tem mais 18 meses para entregar o projeto executivo e os estudos ambientais para a obra.
A barragem de Santa Maria da Serra levará as barcaças com cargas até o distrito de Artemis, permitindo a integração com a ferrovia em Piracicaba. A obra faz parte de um convênio de R$ 1,5 bilhão entre o governo do estado e a União para modernizar a hidrovia e ampliar a capacidade de navegação. Do montante, R$ 900 milhões sairão dos cofres federais, e R$ 600 milhões virão do estado. O pacote inclui a ampliação do eixo principal da hidrovia em outros 200 quilômetros, entre os municípios de Anhembi e Salto, no Médio Tietê. Para isso, serão construídas outras cinco barragens no Rio Tietê.
Também está prevista a construção de portos e a instalação de terminais para carga e descarga em Araçatuba e Rubineia, além de obras de dragagem, retificação de canais e abertura em vãos de pontes ao longo da hidrovia. As eclusas de Barra Bonita, Bariri, Ibitinga, Nova Avanhandava e Três Irmãos, todas no Tietê, passarão por reformas — algumas dessas obras já estão em andamento.
Volume de cargas deve triplicar
A extensão da navegação, segundo o Departamento Hidroviário, deverá triplicar o volume de cargas que passam pela hidrovia, dos atuais 7 milhões de toneladas para 21 milhões de toneladas ao ano. O incremento deve ocorrer em toda a via, com destinos finais, inicialmente, em Pederneiras, Santa Maria da Serra, Anhembi, Conchas e, por último, em Salto. O Porto de Salto ficará a apenas 98 quilômetros de São Paulo, a maior cidade do país. O modal hidroviário é considerado 35% mais barato que o transporte rodoviário.
As barragens de Anhembi e Conchas estão com projeto básico e executivo em contratação. A de Laranjal Paulista tem a contratação prevista para o início de 2013. Já as barragens de Tietê e Porto Feliz tiveram os projetos básicos concluídos e estão com o estudo ambiental em andamento. Os municípios que serão atingidos pela extensão planejam explorar o turismo fluvial, que já ocorre ao longo da hidrovia, especialmente em Barra Bonita.
Atualmente com 1.020 quilômetros de extensão, dos quais 554 no Rio Tietê, a Hidrovia Tietê-Paraná é a segunda no Brasil em transporte de cargas, atrás apenas dos sistemas hidroviários da Bacia Amazônica. Em 2013, terá início o transporte de etanol no trecho entre São Simão (GO) a Anhembi (SP). As barcaças-tanque e os empurradores estão sendo construídos no estaleiro Rio Tietê, em Araçatuba, para a empresa Transpetro.
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