A FACE MODERNA DO CARMELO
É vasta a família do Carmelo. Ela compreende além dos religiosos, padres e irmãos - também as monjas de estrita clausura, as irmãs de vida activa, terceiras e outras leigas, mas em associações ou movimentos que se inspiram na sua espiritualidade.
A Ordem hoje está composta por 20 Províncias e 3 Comissariados, divididos por sua vez em diversos grupos operativos chamados Regiões. Os Carmelitas estão presentes em 26 nações dos 5 Continentes com cerca de 2.200 religiosos. Há 365 conventos e 223 paróquias. O ramo feminino está formado por 920 monjas de clausura, em 60 mosteiros e por cerca 2.600 religiosas, pertencentes a 12 institutos de vida activa, com 334 casas. Na família carmelita existe também um instituto secular de língua inglesa. Quanto ao resto é impossível fornecer dados certos sobre os terceiros e leigos que vivem à sombra do Carmelo. Podem-se contar aproximadamente 3 milhões. Fora dos países europeus, dos Estados Unidos da América, do Canadá e da Austrália, os Carmelitas desenvolvem a sua actividade apostólica em diversas nações da América Latina e nas Filipinas. Eles trabalham também em zonas de missão propriamente ditas: Indonésia, Rodésia (Zimbabwé) e Zaire. Há também tentativas de acção de uma presença carmelita em alguns países Africanos (Nigéria e Ruanda) e nas Índias.
Em primeiro plano - oportunamente aggiornadas segundo as directivas pós-conciliares as actividades paroquiais e as actividades tradicionais como o ensino, a pregação, os exercícios espirituais, o culto mariano, a assistência espiritual das associações ligadas ao Carmelo. Não faltam capelães nos hospitais, nas prisões e junto dos emigrantes. Existe também um contributo válido para o ecumenismo estimulando encontros e outras iniciativas especialmente nas províncias de língua inglesa e nas do norte da Europa. A par destas actividades, dão-se cursos de espiritualidade e de teologia nos institutos e centros em diversos lugares. Há também outras formas de apostolado às quais os carmelitas adaptam a sua vocação segundo as exigências das diferentes igrejas locais.
Nas zonas de missão, as paróquias dirigidas pelos carmelitas estendem-se por imensos territórios, onde os nossos religiosos se entregam ao apostolado da primeira evangelização.
São também numerosas nestes lugares as comunidades femininas, quer de clausura estrita, quer de vida activa, como que a testemunhar por onde é possível a indissolubilidade da oração e da acção, a conciliação evangélica entre as dimensões do espírito e as exigências terrenas. A face moderna dos Carmelitas - configurada pela dupla fidelidade à tradição da Ordem e ao impulso inovador do Concilio Ecuménico Vaticano II - encontra uma confirmação na sua atitude que os leva a completar, um ao outro, o anúncio do Reino de Deus e o serviço dos homens. Isso é importante nas missões, nos países do Terceiro Mundo e entre os religiosos e religiosas que, em pequenas comunidades, vivem no meio do povo e com os pobres em muitos países ocidentais. Assim, ao lado da pregação do Reino, da tarefa pastoral, da administração dos sacramentos, encontra-se uma florescência de engajamentos nas escolas, nos hospitais e de muitas outras maneiras.
Basta pensar na ilha de Java, onde das 197 escolas que a diocese de Malang possui, 90 são mantidas directamente pelos carmelitas que colaboram também com religiosos de outros institutos no serviço de 13 hospitais, 12 clínicas-maternidades e 21 policlínicas. Um outro exemplo: a fundação de uniões de crédito (espécie de cooperativas bancárias para os mais pobres) e a elaboração de diversos projectos para o desenvolvimento da agricultura na diocese de Untali, na Rodésia (Zimbabwé) em que o bispo, um Carmelita, D. Donald Raymond Lamont, foi condenado e expulso do país porque tinha assumido a defesa do direito dos negros. Muitos outros missionários carmelitas, seus colaboradores, tiveram a mesma sorte.
Um último exemplo: desde alguns anos os carmelitas trabalham num bairro pobre de Caracas (Venezuela) onde o P. Jesus Misas Hidalgo, recentemente desaparecido num acidente de viação, criou uma substrutura social, que faltava completamente, permitindo assim uma maior comunicação e uma vida social e religiosa mais intensa. Nós não podemos recordar aqui todos os outros exemplos duma tal solicitude cristã para as necessidades dos irmãos mais pobres.
O engajamento social-cristão dos carmelitas manifesta-se também pela presença nos meios de comunicação social (mass-media); onde estão ligados ao jornalismo ou ocupam-se ou ocupam-se de programas radiofónicos ou televisivos, especialmente nos países de língua inglesa, em Espanha, nas Filipinas e na Venezuela. Diante dos seus olhos eles têm o modelo vivo de um confrade: o Padre holandês, Tito Brandsma, jornalismo martirizado e morto pelos nazis em 1942 no campo de concentração de Dachau, por causa da sua oposição, em nome dos princípios cristãos, à acção lançada por eles contra os judeus, e por causa da sua obediência aos bispos holandeses.
Ainda no campo das comunicações e da mass-media, lembra-se que nos Estados Unidos, eles ocupam-se de edições discográficas sobre temas de espiritualidade. Recorde-se também a iniciativa do telefone amigo e a do centro de informação religiosa, ambas funcionando em Mainz na República Federal da Alemanha.
Juntamente com este engajamento pelo desenvolvimento e promoção do homem, o Carmelo conhece também um florescimento dos centros de espiritualidade e de oração. Estes, aparecidos nestes últimos anos, são, a partir de agora, numerosos. Encontram-se um pouco por toda a parte: Itália, Espanha, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, Estados Unidos, Austrália. A par destas realizações, que se ligam ao grande desejo do Carmo de sublimar a dimensão religiosa da vida humana e de testemunhar a presença de Deus, estão em acção algumas experiências muito interessantes, de vida eremítica, quer masculina, quer feminina, na Espanha, Estados Unidos e na Indonésia. Esta última é caracterizada por uma total inserção na cultural oriental local, quase um caminho indonésio para o Carmelo.