Uma barraca de bambu, que de acordo com placas de aviso era de uso dos mergulhadores, ainda está de pé - Por: Adival B. Pinto
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A Votorantim Cimentos, responsável pela Área da Pedreira desativada em Salto de Pirapora, informou que vigias serão mantidos no acesso ao local 24 horas por dia, para impedir o acesso de banhistas e mergulhadores.
Placas de aviso alertando sobre a proibição de entrar na área também foram instaladas. A empresa providenciou o fechamento da Pedreira após a morte dos mergulhadores Rodrigo Garcia e Alessandro Varani no sábado (10). Apesar de ter 60 dias para fazer o isolamento da área, conforme determinação do Departamento Nacional de Produção Mineral, a empresa adiantou o bloqueio da estrada que dá acesso ao local na quarta-feira.
Acesso que leva à pedreira é bloqueado
Pedras e terra interditam o caminho para carros, mas a pé ainda é possível chegar ao local
Por determinação do DNPM, a Votorantim Cimentos, proprietária da pedreira, isolou o local e destruiu barracas e churrasqueiras - Por: Adival B. Pinto
Priscila Fernandes
priscila.fernandes@jcruzeiro.com.br
programa de estágio
O acesso à Pedreira de Salto de Pirapora, onde dois mergulhadores morreram no sábado (10), foi fechado. A área particular, que pertence à Votorantim Cimentos, está fora de operação há dez anos. Antes da tragédia, a empresa recebeu uma determinação do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para realizar o isolamento do local, porém a Votorantim tinha o prazo de 60 dias após a publicação da decisão no Diário Oficial para efetuar o serviço. Até sábado a determinação não havia sido publicada ainda.
Uma estrada sem asfalto, que leva ao local, foi bloqueada pela empresa com grandes pedras e terra. Entretanto, ainda é possível chegar à Pedreira a pé, contornando ou escalando o material colocado para impedir a passagem. Bancos e barracas, que eram utilizados pelos banhistas e mergulhadores para se abrigar do sol e fazer churrascos, foram destruídos. Aparentemente a remoção das estruturas foi feita com o auxílio de máquinas pesadas. Uma barraca de bambu, que de acordo com placas de aviso era de uso dos mergulhadores, ainda está de pé. Um vestiário improvisado também foi poupado.
Em nota, a Votorantim lamentou o ocorrido e declarou que se coloca à disposição das autoridades competentes para investigação. Durante a manhã de ontem, a empresa informou cumpriria a determinação do DNPM.
Investigações
A Polícia Civil de Salto de Pirapora, responsável pelo caso, pretendia encaminhar até o fim do dia de ontem as provas à Perícia Técnica de Sorocaba. Para o delegado Mário Luiz Ayres somente com a análise técnica será possível saber quais informações serão relevantes para o esclarecimento do caso. Contudo, já se sabe que os computadores de mão recolhidos - que se assemelham a relógios grandes- registram o trajeto e a profundidade do mergulho. As válvulas de respiração e os cilindros também passarão por perícia para identificar defeitos e definir a quantidade e o tipo de ar que possuíam. Outras provas coletadas foram uma caderneta com anotações sobre mergulhos e uma máquina fotográfica que capta imagens subaquáticas. Os laudos devem ficar prontos em trinta dias.
Os corpos dos mergulhadores Rodrigo Garcia e Alessandro Varani já foram analisados e liberados para a realização dos velórios. O resultado da necropsia deve determinar se os amigos morreram afogados ou durante a descompressão, ou ainda por outros fatores. De acordo com Ayres, o depoimento de um mergulhador que acompanhava os dois será colhido nos próximos dias. Henrique Tunes de Oliveira reside em São Paulo e se não tiver condições de comparecer a Salto de Pirapora poderá receber uma Carta Precatória, que lhe permitiria prestar o depoimento no município em que mora. Até agora o mergulhador já adiantou que as anotações do caderno recolhido podem ter sido feitas em qualquer momento. O objeto não foi encontrado junto ao corpo dos mergulhadores e sim no meio dos pertences deixados em terra.
"Não podemos determinar ainda se essas anotações são referentes ao último mergulho que eles fizeram ou de outro dia", explica o delegado. Algumas das frases anotadas no caderno são: "Temos que voltar pela esquerda ok?"; "Eu acho que nosso ponto está lá"; "Nosso norte a esquerda"; "Vamos voltar no ponto de referência e a seguir para o sul da bússola", além de algumas contas e números. De acordo com o delegado, os computadores de mão e máquina fotográfica ainda não foram ligados - função que seria da perícia - portanto ainda não se sabe se os equipamentos estão em funcionamento e poderão contribuir com a investigação.
Segundo o pai de Rodrigo, Mateus Garcia, o empresário teria voltado dos Estados Unidos na sexta-feira (9), onde teria comprado equipamentos de mergulho. Ayres relata que a polícia ainda não pode afirmar quais aparelhos foram comprados no país, mas que de acordo com informações iniciais seriam as roupas de mergulho. "Estamos em uma fase inicial da investigação e todos os aspectos podem mudar", disse.
O mergulhador técnico Marco Reis, que resgatou os corpos na segunda-feira (12), também irá prestar depoimento. Ele teria encontrado os dois empresários a 74,5 metros de profundidade. Por enquanto, não haveriam indicativos de que algum tipo de interferência externa tenha causado as mortes. De acordo com o delegado, esse é o primeiro caso de morte de mergulhadores profissionais na Pedreira de Salto de Pirapora. (Supervisão: Edileine Ferreira Guimarães)