Senso de Pertença
Série sobre o senso de pertença e sobre identidade do Franciscano Secular
Identidade do Franciscano Secular.
Quem são os franciscanos seculares espalhados pelo mundo? Qual é sua identidade?
Alguns de nós, leigos ou religiosos, tivemos ocasião de conhecer no passado outras concretizações da Ordem Terceira. Entre nós houve grupos bastante numerosos. Seus membros usavam um hábito externo bastante característico para os irmãos e as irmãs. Em alguns lugares os irmãos sentavam-se de um lado e as irmãs, do outro.
Aos poucos, no curso da Segunda metade do século XX, toda a família franciscana foi conhecendo transformações. A 24 de junho de 1978 os terceiros tiveram sua nova Regra aprovada pelo Papa Paulo VI. Começou um intenso período de renovação. O jeito dos irmãos e das irmãs de antigamente foi cedendo lugar a um novo modo de ser franciscano, idêntico no essencial, diferente em suas manifestações. Conheceu-se um período de estudo e de assimilação da nova Regra. A Regra passou a ser ponto de referência fundamental na busca da identidade.
A Ordem Terceira passou a ser designada de Ordem Franciscana Secular. Desejou-se marcar a presença dos leigos franciscanos no mundo. Procurou-se buscar precisamente nessa secularidade característica importante da OFS. Mais tarde, na Chistifideles Laici, o Papa João Paulo II, retomando a doutrina do Concílio Vaticano II, escrevia: “A vocação dos leigos à santidade comporta que a vida segundo o Espírito se exprima de forma peculiar em sua inserção nas realidades temporais e na sua participação nas atividades terrenas”.
Para atualizar a reflexão, temos que nos perguntar: que significa ser franciscano secular? Que buscam as pessoas que hoje fazem a Profissão na Ordem? Estas perguntas não nos incomodam e não nos inquietam demais porque nos parece que nossa resposta já está dada na vida cotidiana. Tudo parece resolvido: o cotidiano, cada um é aquilo que faz, e cada Fraternidade é o que realiza.
No entanto, com espírito menos acomodado, não deveríamos nos contentar com esta primeira resposta. Qualquer um pode realizar as funções que nós exercitamos no mundo, e qualquer associação ou movimento pode realizar o apostolado que nós fazemos, sem necessidade de pertencer a OFS.
Quando nos damos conta disto, se abre diante de nós um abismo. Nos preocupamos e nossa consciência nos acusa de incoerência e de falta de radicalidade no “seguimento de Cristo pobre e crucificado”, ao modo de são Francisco. Para nos tranqüilizar, buscamos dar um colorido franciscano àquilo que fazemos (ou faz a Fraternidade): promovemos a devoção a São Francisco, organizamos exposições de artigos franciscanos, encenamos o trânsito de São Francisco, falamos de São Francisco nos programas de rádio, etc... .
Não será que o franciscanismo que promovemos seja uma realidade acidental, secundária? Em outras palavras: não será que somos profissionais, estudantes, comerciantes, administradores, ministros da Eucaristia, freqüentadores habituais de grupos paroquiais e, além disto, também, franciscanos?
No começo de nossa Regra se encontram os elementos fundamentais do projeto de vida franciscano secular: os franciscanos seculares são homens e mulheres que, “impulsionados pelo Espírito a atingir a perfeição da caridade no próprio estado secular, se comprometem pela Profissão a viver o Evangelho à maneira de são Francisco e mediante esta Regra confirmada pela Igreja” (R.2).
Da legislação atualizada da OFS (Regra e Constituições Gerais) se deduz que a identidade do franciscano secular se expressa em uma tríplice dimensão: pessoal (a vida interior), fraterna (a corresponsabilidade) e universal (a missão).
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