segunda-feira, 18 de junho de 2012

Um ano depois, milhares continuam fugindo da Somália, mas também há melhorias

© ACNUR/ S.Modola

Uma funcionária do ACNUR da comunidade mede o pulso de um bebê de oito meses no campo de refugiados Ifo em Dadaab, no Quênia, ano passado.

GENEBRA, (ACNUR) – Um ano após a problemática Somália ser devastada pela pior seca em décadas, não se via nenhuma saída para mais de duas décadas de sofrimento e os somalis continuam a fugir do país para escapar de conflito, abusos aos direitos humanos e condições precárias por escassez de água.

Nos primeiros quatro meses desse ano, cerca de 20.000 somalis buscaram refúgio nos vizinhos Quênia, Etiópia, Djibouti e Iêmen. Mesmo que os números tenham diminuido, são significativos. Cerca de 40.000 somalis fugiram de suas cidades natais por mês entre junho e setembro de 2011.

Em maio, os campos Dollo Ado no leste da Etiópia, que já abrigavam mais de 150.000 refugiados, viram um siginificativo aumento nos recém chegados, de menos de 980 na primeira metade de maio para mais de 2.000 na segunda.

Os recém chegados dizem que estão fugindo do aumento de inseguridade física e escassos recursos para alimentação. Especificamente, eles citam o medo de serem pegos para operações militares, recrutamento forçado, falta de chuvas e destruição de plantações por lagartas como os motivos de deixar a Somália. “Estamos trabalhando com as autoridades etíopes para identificar um local para um sexton campo nesta região já lotada e frágil em termos de meio ambiente”, Andrej Mahecic, um porta-voz do ACNUR, afirmou em Genebra.

Ao mesmo tempo, em Dadaab, nordeste do Quênia, mais de 460.000 refugiados continuam a viver em ambiente inseguro e precário. A ameaça de explosões, tiros, sequestros e banditismo continuam altos. A chegada de assistência e atividades nos campos continuam independentemente.

Mahecic explicou que a prioridade e o desafio mais difícil para o ACNUR e seus parceiros ao longo do ano passado, tem sido reduzir os índices de mortalidade e desnutrição sem precedentes entre os somalis que chegam.

"Apesar dos cuidados médicos que salvam vidas e programas de alimentação terapêutica nos campos de refugiados Dadaab e Dollo Ado, muitas das crianças recém chegadas ficaram sob atentos cuidados , morrendo horas após a chegada. No pico do influxo do verão passado, a estimativa de morte estava igualmente alta, com 17 mortes a cada 10.000 pessoas todos os dias”, ele afirmou.

Ao início da crise o ano passado, o ACNUR e seus parceiros criaram programas e nutrição para situações críticas em centros de recepção e de trânsito, assim como nos campos. “Combinado com vacinações em massa e outras medidas de saúde pública, estes massivos esforços salvaram muitas vidas nos 12 meses passados”, disse Mahecid. "Índices de mortalidade e desnutrição começaram a cair desde setembro passado, que apresentou o maior índice, mas demorou mais seis meses antes que caíssem para um nível abaixo de emergencial – menos de uma morte a cada 10.000 pessoas por dia”, ele completou.

Hoje, os campos Dollo Ado, na Etiópia, reportam um índice de mortalidade de 0.8 por 1.000 por mês e uma mortalidade para os menores de cinco anos de 2.2 por 1.000 por mês. No Quênia, no campo de Dadaab, o índice é de 0.2 por 1.000 por mês e 0.6 por 1.000 por mês para crianças abaixo dos cinco anos de idade.

"Outra vital realização foi a redução nos índices de desnutrição, não visto em décadas”, disse Mahecid. Desnutrição era especialmente alarmante entre os refugiados crianças – em junho e julho do ano passado, mais da metade das crianças somalis chegando a Etiópia encontravam-se em estado de desnutrição aguda. Este índice era menor entre aqueles chegados no Quênia, mas também preocupantes – cerca de 30 a 40 por cento.

Mahecic afirma que os resultados dos mais recentes exames indicam fortes reduções nos casos de desnutrição entre as crianças abaixo dos cinco anos em Dadaab (sete por cento). Em Dollo Ado, os níveis de desnutrição entre crianças também estabiliza-se como outros campos em uma tendência positiva. Nos mais antigos campos de Melkadida e Bokolomayo, agudos níveis de desnutrição caíram em 15 por cento. O ACNUR está atualmente preparando um acompanhamento nas pesquisas nos novos campos Kobe e Hilaweyn e espera ver significativas reduções nos índices gerais de desnutrição.

Programas massivos de água, sanitarismo e hygiene andam lado a lado a estes esforços e foram essenciais para as grandes melhorias nas condições de saúde da população de refugiados da Somália.

Entretanto, países vizinhos vem arcando com o ônus de deslocamentos de Somalis e continuam necessitando de apoio internacional. Cerca de 300.000 pessoas fugiram da Somália no ano passado sozinhas. Hoje, mais de 980.000 somalis vivem como refugiados no Quênia, Etiópia, Iêmen e Djibouti.

Por: ACNUR

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