terça-feira, 5 de junho de 2012

Filhos contam como é voltar para casa após anos morando sozinhos

 

Pais tendem a impor limites, como na época da adolescência. Conflitos podem se agravar caso não haja compreensão das duas partes.

Tássia Lima Do G1 Sorocaba e Jundiaí

 

Vestibular da Universidade Estadual da Bahia tem 18,4% de abstenção (Foto: Divulgação/ Uneb)Muitos jovens passam parte da vida sozinhos após passarem no vestibular (Foto: Divulgação/ Uneb)

Se os conflitos entre pais e filhos são comuns durante a adolescência, quando os filhos ainda são dependentes, na vida adulta, eles são inevitáveis. A questão se agrava caso as partes voltem a conviver depois de separadas por algum tempo - é cada vez mais comum que os jovens deixem a casa dos pais para morar em outra cidade, seja para estudar, seja para trabalhar.

Para a psicóloga Carla Corrá, o motivo das brigas é claro. "Sozinho, o jovem tem liberdade para fazer o que quiser, mas, na casa da família, precisa voltar a dar satisfações e a ter uma vida regrada", afirma.

O administrador Filipe Gava morou com a família em Sorocaba (SP) até o início de 2005 e afirma que era difícil ter que seguir as ordens dos pais. "Minha vida era bastante rotineira, principalmente por ser menor de idade. Eu não saía muito e me incomodava a ideia de ir de carona e depender dos outros", diz.

Prestes a completar 18 anos, ele se mudou para Campinas (SP) para cursar o ensino superior e acabou descobrindo a liberdade. "Lá, não tinha ninguém para ver o que eu fazia ou deixava de fazer - se eu ia à faculdade ou não, se minha toalha estava em cima da cama, se tinha o que comer em casa", relembra.

Após quatro anos, porém, Filipe voltou para Sorocaba. Ele estava formado e havia abandonado o emprego para fazer intercâmbio, mas teve o visto negado e precisou morar com os pais novamente. "Chegar em casa e escutar um 'Onde você estava? Com quem? Por quê?' me irritava demais. Minha resposta era padrão: 'Nos últimos quatro anos, vocês não sabiam. O que muda agora?'", conta.

Sozinho, o jovem tem liberdade para fazer o que quiser, mas, na casa da família, precisa voltar a dar satisfações e a ter uma vida regrada

Carla Corrá
psicóloga

Para que a convivência seja no mínimo tolerável, as duas partes devem ceder. "Os pais precisam entender que os filhos cresceram e dar autonomia, uma liberdade assistida mesmo", explica Carla Corrá. "Da mesma forma, os filhos têm que entender que estão voltando para casa e que a vida que eles levavam antes já não será a mesma. Não dá para continuar tendo os mesmo direitos", emenda.

Quando consegue encontrar esse equilíbrio, a família pode se tornar ainda mais unida. Foi o caso de Marcus Vinícius Souza. Ele saiu de casa, também em Sorocaba, para estudar em São Paulo, mas percebeu que morar sozinho não é tarefa fácil. "Tinha que cuidar da casa, fazer comida, jogar o lixo fora. Era questão de sobrevivência", relata.

Por outros motivos, o jovem acabou voltando depois de três anos, mas não reclama da nova condição. "Passei a valorizar muito minha família depois que morei sozinho. Sentia falta de alguém que me cobrasse. Agora, chego em casa e tem comida pronta, tem companhia. A qualidade de vida é muito superior", diz.

Segundo Carla, a compreensão é peça chave para que haja harmonia na casa. "Pais serão sempre pais e filhos serão sempre filhos. É preciso haver respeito mútuo e muito diálogo para que a convivência se torne pacífica", encerra a psicóloga.

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