Sob pressão e com emenda escrita à mão, vereadores têm reajuste zero

 

Nova votação salarial anula aumento de 126% aprovado em dezembro.
Sessão teve apitaço de manifestantes, que lotaram a Câmara Municipal.

Do G1 Campinas e Região

 

Emenda feita à mão pelos vereadores de
Campinas na sessão (Foto: Leandro Filippi/G1)

Sob pressão de eleitores que lotaram o plenário da Câmara, os vereadores de Campinas (SP) aprovaram, na noite desta quarta-feira (27), reajuste zero nos próprios salários. Para isso, precisaram votar o o aumento de 48% e uma emenda, escrita à mão e assinada pelos 33 parlamentares da Casa, que estipula 0% de aumento para legislatura de 2013 a 2016. A decisão anula a elevação de 126% votada em dezembro.
A remuneração dos vereadores para o próximo ano passa de R$ 7.117,60 para R$ 7.449, diferença que se refere apenas ao dissídio, incorporado automaticamente aos vencimentos dos legisladores. A proposta de 48% foi apresentada após a repercussão negativa causada pelo aumento de 126%.
Diferentemente do que era esperado, a discussão sobre o aumento entre os vereadores não foi acalourada, já que o acordo para aprovar o reajuste de 0% foi acertado nos bastidores. A emenda foi aprovada com 32 votos favoráveis e nenhum contrário.
A votação foi acompanhada por cerca de 200 pessoas, que prostestaram desde o início da sessão contra o reajuste de 48%, com apitos, cartazes e cantando. Os manifestantes saíram da Casa comemorando o que consideraram uma "vitória do povo".

Plenário ficou lotado durante a votação
(Foto: Leandro Filippi / G1)

Impopular 126%
A polêmica do reajuste salarial dos vereadores começou em dezembro de 2011, quando a Câmara aprovou um aumento de 126%. A votação ocorreu sob protesto e diante da impopularidade da medida, os parlamentares recuaram e passaram a admitir uma rediscussão sobre o assunto.
O aumento de 48%, para substituir o de 126%, foi proposto sob o argumento de que vereadores de municípios do porte de Campinas possuem salários em torno de R$ 10 mil. Mas, mais uma vez, a ideia se mostrou impopular e os parlamentares recuaram novamente, aprovando a emenda que anula a votação de dezembro e não confere nenhum reajuste.
Para conseguir colocar o projeto em votação, os vereadores precisaram anular o artigo 96 do regimento interno, que dizia que votações sobre mudanças salariais só podiam ser realizadas até a última sessão do ano anterior ao pleito.

Manifestantes comemoraram reajuste zero aprovado pelos vereadores (Foto: Leandro Filippi / G1)