segunda-feira, 9 de julho de 2012

Região de Itapetininga, SP, teve forte influência na Revolução de 1932

 

Sede da Frente Sul ficava em Itapetininga. Pesquisador relata que as Forças Paulistas chegaram a ter 10 mil homens

Eduardo Ribeiro Jr.Do G1 Itapetininga e Região

A região de Itapetininga (SP) teve uma fundamental importância na estratégia durante as batalhas da Revolução Constitucionalista de 1932. Durante a revolução, as Forças Paulistas disputaram sangrentas batalhas com as Tropas Federalistas do governo Getúlio Vargas, com cerca de 3 mil mortos. Muitas dessas batalhas aconteceram na região.

Afrânio Franco de Oliveira Mello, Vice-Presidente do Núcleo de Correspondência Paulistas de Itapetininga - Ás Armas, grupo que pesquisa sobre a Revolução de 32, explica que os municípios da região foram fundamentais. Ele conta que as Forças Paulistas se dividiram em diversas frentes, três delas foram as principais.

Em Itapetininga ficava a sede da Frente Sul, que combatia as tropas do Exército Federalista que vinham do sul. Ele ressalta que as outras duas frentes combatiam tropas que vinham de Minas Gerais e Rio de Janeiro. "Aqui era rota do sul para se chegar à capital paulista. Tanto a rodovia como a ferrovia passavam por aqui", diz Afrânio.

Pesquisador e divulgador da história da Revolução, Afrânio conta que os principais pontos de batalha foram as cidades de Buri (SP), Capão Bonito (SP), Campina do Monte Alegre (SP), Paranapanema (SP) e Angatuba (SP). "A extensão dos rios Paranapanema e das Almas foi onde houve as piores batalhas".

Ele ressalta que, além de ser o entrocamento rodoviario e ferroviário, Itapetininga sediava o quartel das Forças Paulistas, conhecido como 8º Batalhão de Caçadores Paulistas da Força Pública. A sede foi elevada, em 1932, à Quartel General do Exército Constitucionalista do Setor Sul e era comandado pelo Coronel Brasílio Taborda. Atualmente, o prédio, localizado na rua General Carneiro, no Centro, recebe o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) no município.

Despedida de soldados na estação da Paulista (Foto: Acervo pessoal/Egydio Trevisani)Despedida de soldados na estação da Paulista
(Foto: Acervo pessoal/Egydio Trevisani)

"Aqui na cidade também se concentrava o hospital de campanha do exército paulista. A região era importante e, por isso, a tentativa de tomada pelas Forças Getulistas. Se passassem por aqui, praticamente, estavam em São Paulo", argumenta.

O pesquisador relata que as Forças Paulistas chegaram a ter 10 mil homens, em diversas áreas, como infantaria, cavalaria, artilharia, engenharia, entre outras. "A Frente Sul mantinha tropas em Itararé, Buri, Capão Bonito e Paranapanema", lembra Afrânio.

O pesquisador ressalta que cerca de 200 mil homens se colocaram a disposição para atuar nas Forças Paulistas em todo o estado.

As baixas
Afrânio conta que mais de 800 militares das Forças Paulistas morreram em batalha em todo o estado. Já das Tropas Federalistas, o número de mortos passou dos 2 mil soldados. "Em Buri tinha um trem que os paulistas usavam para atacar. Era uma composição, com máquina e dois vagões, toda blindada com placas de aço. O trem passava com muitos soldados dentro atirando contra os rivais. Muitos combatentes das tropas federais morreram nessa investida. Foi uma grande estratégia de defesa", relata.

Mas para contratacar, os "getulistas" usaram os famosos "vermelhinhos". "Eram aviões que sobrevoavam o estado e bombardeavam a região. Eram muitos. Os paulistas também perderam muitos soldados com esses ataques", conta. Em Campina do Monte Alegre existe uma praça referente à revolução de 32 com uma réplica do "vermelhinho". Já em Buri, a estação por onde passava a locomotiva dos exércitos paulistas está preservada. Foram fixados em seu topo os faróis usados no temível "trem blindado".

O fim
Afrânio afirma que a Revolução de 1932 foi o maior conflito armado da história do país. "Ela [revolução] começou no dia 9 de julho e terminou no dia 2 de outubro, quando as autoridades militares assinaram o armistício [documento entre as partes envolvidas em conflito armado concordando com o fim da guerra. Não representa um tratado de paz]. Portanto, foram 87 dias de disputas militares".

O pesquisador lembra que as Forças Paulistas não foram derrotadas durante a Revolução. "Eles não caíram e nem foram tomados pelas tropas federais. As tropas gauchas não conseguiram invadir a região. Eles resistiram até o dia do armistício", declara.

Com o cessar-fogo, os paulistas entregaram todo o armamento. Depois do fim das batalhas, Getúlio Vargas, ainda presidente, chegou a passar pela cidade, conta Afrânio. "Ele esteve na estação. É claro que não deixaria de tripudiar Júlio Prestes, por isso esteve aqui".

O golpe
Tudo começou por causa do golpe de Getúlio Vargas, em 1930, quando tomou o poder, do então presidente Washington Luiz, evitando que o presidente eleito por voto popular, Júlio Prestes, nascido em Itapetininga, tomasse posse, como conta Afrânio.

"Getúlio fechou o Congresso, as câmaras estaduais e municipais. Ele se tornou um ditador. A grande 'bronca' dos paulistas foi a nomeação de um tenente interventor em São Paulo. Foi aí que os paulistas resolveram protestar e pedir uma nova Constituição".

Afrânio comenta que falta mais divulgação sobre essa história tão importante de São Paulo e do país. "Acho que deveria ser mais divulgado esse assunto. Deveria ser matéria obrigatória nas escolas, nas aulas de história. Foi o maior movimento revolucionário do Brasil".

Cerimônia
O Vice-Presidente do núcleo de pesquisas e divulgação da Revolução Constitucionalista de 32 convida toda a população para prestigiar uma homenagem que será realizada na terça-feira (10), no cemitério São João Batista.

"Vai ter uma cerimônia militar para homenagear os 30 militares da cidade que morreram em batalha". O evento vai contar com as participações da Polícia Militar e Exército que vão realizar uma salva de tiros.

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