Coordenador da Comvest, Maurício Kleinke trata decisão como "equidade".
Supremo decidiu na quinta (26) pela constitucionalidade das cotas raciais.
Fernando Pacífico Do G1 Campinas e Região
O professor da Unicamp, Maurício Kleinke
(Foto: Antoninho Perri / Ascom / Unicamp)
O coordenador-executivo do Vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maurício Kleinke, descarta mudanças no vestibular 2013 em relação à política de cotas, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que valida a adoção de reserva de vagas para garantir o acesso de negros e índios a instituições de ensino superior em todo o país.
"É muito pouco provável. A Unicamp possui um sistema de bonificação por pontos que representa de 5% a 10% da nota dos candidatos. Quem estudou sempre na rede pública recebe 30 pontos na nota padronizada. Além disso, quem faz autodeclaração étnico racial (negros, índios e pardos) recebe mais dez pontos", explica o professor. Em 2012, dos 3.435 matriculados, 1.091 foram beneficiados por bonificações (31,8% do total), dos quais 305 se autodeclararam como negros, índios ou pardos.
Nesta quinta-feira (26), o tribunal decidiu que as políticas de cotas raciais nas universidades estão de acordo com a Constituição e são necessárias para corrigir o histórico de discriminação racial no Brasil. Kleinke atribui a palavra "equidade" à validade.
"Acredito que haverá uma diminuição das tensões, por conta da autonomia passada às universidades. Vejo com bons olhos, pois a Unicamp não faz nada ilegal. A decisão aponta que haverá tratamento diferenciado para que pessoas desiguais cheguem às mesmas oportunidades. O preconceito não deve ser maior do que o existente antes", explica o professor.
Sobre possível ampliação do sistema de pontos aplicado pela Unicamp, o professor descarta alterações imediatadas. "Elas [decisões] costumam ser ponderadas, por enquanto não há movimento", resume o coordenador-executivo da Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest).
Diferenças
O professor livre-docente do Instituto de Física diz que, entre os anos de 2005 e 2011, o número de concluintes de curso na Unicamp sem bonificação foi equivalente a 65%, ante 66% dos que foram beneficiados pelo bônus social e os 56% que receberam bônus social e racial. "Fica evidente que é preciso levar em consideração inúmeros fatores como a diversidade cultural e o fato de que, para alguns cursos, o mais relevante é a experiência pessoal. Alguns deixam o curso pela necessidade de trabalhar", define.
Kleinke preferiu não comentar sobre a possível repercussão em outras universidades. A Unicamp recebe até o dia 31 de maio os pedidos para a isenção de taxa de inscrição do vestibular 2013. O requerimento está disponível no
Dados
Segundo levantamento feito pela Advocacia-Geral da União (AGU), 13 universidades brasileiras possuem políticas de cotas raciais e outras 20 combinam o critério de raça com a questão social para fazer a seleção dos candidatos. A decisão do STF não proíbe outras ações em relação a cotas para ingresso no ensino superior, uma vez que as universidades têm autonomia para definir suas políticas.
Campus da Universidade Estadual de Campinas (Foto: Antoninho Perri / Ascom - Unicamp)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe o seu comentário!
Seja bem vindo!
Pascom Porto Feliz