sábado, 28 de abril de 2012

Unicamp descarta mudanças sobre cotas raciais após decisão do STF

 

Coordenador da Comvest, Maurício Kleinke trata decisão como "equidade".
Supremo decidiu na quinta (26) pela constitucionalidade das cotas raciais.

Fernando Pacífico Do G1 Campinas e Região

 

O professor da Unicamp, Maurício Kleinke (Foto: Antoninho Perri / Ascom /Unicamp)O professor da Unicamp, Maurício Kleinke
(Foto: Antoninho Perri / Ascom / Unicamp)

O coordenador-executivo do Vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maurício Kleinke, descarta mudanças no vestibular 2013 em relação à política de cotas, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que valida a adoção de reserva de vagas para garantir o acesso de negros e índios a instituições de ensino superior em todo o país.
"É muito pouco provável. A Unicamp possui um sistema de bonificação por pontos que representa de 5% a 10% da nota dos candidatos. Quem estudou sempre na rede pública recebe 30 pontos na nota padronizada. Além disso, quem faz autodeclaração étnico racial (negros, índios e pardos) recebe mais dez pontos", explica o professor. Em 2012, dos 3.435 matriculados, 1.091 foram beneficiados por bonificações (31,8% do total), dos quais 305 se autodeclararam como negros, índios ou pardos.
Nesta quinta-feira (26), o tribunal decidiu que as políticas de cotas raciais nas universidades estão de acordo com a Constituição e são necessárias para corrigir o histórico de discriminação racial no Brasil. Kleinke atribui a palavra "equidade" à validade.
"Acredito que haverá uma diminuição das tensões, por conta da autonomia passada às universidades. Vejo com bons olhos, pois a Unicamp não faz nada ilegal. A decisão aponta que haverá tratamento diferenciado para que pessoas desiguais cheguem às mesmas oportunidades. O preconceito não deve ser maior do que o existente antes", explica o professor.

Sobre possível ampliação do sistema de pontos aplicado pela Unicamp, o professor descarta alterações imediatadas. "Elas [decisões] costumam ser ponderadas, por enquanto não há movimento", resume o coordenador-executivo da Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest).


Diferenças
O professor livre-docente do Instituto de Física diz que, entre os anos de 2005 e 2011, o número de concluintes de curso na Unicamp sem bonificação foi equivalente a 65%, ante 66% dos que foram beneficiados pelo bônus social e os 56% que receberam bônus social e racial. "Fica evidente que é preciso levar em consideração inúmeros fatores como a diversidade cultural e o fato de que, para alguns cursos, o mais relevante é a experiência pessoal. Alguns deixam o curso pela necessidade de trabalhar", define.
Kleinke preferiu não comentar sobre a possível repercussão em outras universidades. A Unicamp recebe até o dia 31 de maio os pedidos para a isenção de taxa de inscrição do vestibular 2013. O requerimento está disponível no
site da (Comvest).


Dados
Segundo levantamento feito pela Advocacia-Geral da União (AGU), 13 universidades brasileiras possuem políticas de cotas raciais e outras 20 combinam o critério de raça com a questão social para fazer a seleção dos candidatos. A decisão do STF não proíbe outras ações em relação a cotas para ingresso no ensino superior, uma vez que as universidades têm autonomia para definir suas políticas.

Campus da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) (Foto: Antoninho Perri / Ascom /Unicamp)Campus da Universidade Estadual de Campinas  (Foto: Antoninho Perri / Ascom - Unicamp)

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