sexta-feira, 30 de março de 2012

Varvito pode se tornar patrimônio da humanidade

 

Após ações de recuperação, pesquisadores levantam documentação para conquistar o título perante a Unesco

Rocha evidencia que há 280 milhões de anos um enorme manto de gelo cobriu a região - Por: Adival B. Pinto

 

Daniela Jacinto
daniela.jacinto@jcruzeiro.com.br

Itu iniciou diversas ações para que a Unesco reconheça o Parque do Varvito como patrimônio geológico da humanidade. A primeira delas é a recuperação do local, que estava abandonado. Agora revitalizado e com monitores, a ideia é estimular a visita e divulgar cada vez mais o parque, para que a população possa conhecer a importante rocha que dá nome ao lugar, cuja formação é uma das mais raras do planeta. O objetivo de conseguir o título de patrimônio da humanidade visa tornar o que é considerado um tesouro entre os geólogos, algo mundialmente conhecido.
A ideia de buscar maior valorização do Varvito partiu do professor doutor Rocha Campos, titular do Departamento de Geologia Sedimentar e Ambiental da USP, que lidera um grupo de pesquisadores e estudantes universitários responsável por levantar a documentação necessária para conquistar o título perante a Unesco. Participam do grupo o geólogo ituano Maurício Dantas, representantes da Sociedade Brasileira de Geologia, da Secretaria do Meio Ambiente de Itu e do Instituto de Geocioências da Unesp de Rio Claro. O grupo é responsável ainda pelo projeto de recuperação do parque, entre outras ações de revitalização e de estímulo à visita ao local.
Patrícia Otero, secretária do Meio Ambiente de Itu, ressalta que os pesquisadores já comemoram uma conquista, que é o reconhecimento do parque como Monumento Geológico Paulista, certificado pelo Conselho Estadual de Monumentos Geológicos em novembro do ano passado.
Inaugurado em 1995, o parque é o resultado da recuperação de uma antiga pedreira. "A rocha é o motivo do parque existir, ela confirma e conta a história do clima no planeta", resume a secretária.
Importância da rocha
Varvito é um tipo de rocha sedimentar única, formada pela sucessão repetitiva de lâminas ou camadas. A rocha, em Itu, é a evidência de que há 280 milhões de anos um enorme manto ou lençol de gelo cobriu a região sudeste da América do Sul, e principalmente a região de Sorocaba. "Sim, as cidades próximas a Itu foram forradas por um lago glacial", confirma o geólogo Maurício Dantas. Conforme ele, essa é a maior evidência de glaciação permo-carbonífera do mundo. "Existem milhares de rochas semelhantes na Europa, em países como a Suécia e a Finlândia, mas com idades mais recentes", explica.
O Varvito mostra que aquele local foi um lago marinho de grandes proporções. "Daí a importância do parque, não só para a academia e universidades que estudam e ensinam os futuros geólogos, mas também para o público comum saber que um dia a formação da Terra não foi igual à que a gente tem hoje", observa Maurício Dantas.
O geólogo cita teorias que falam sobre a existência, no passado, de um único continente, que teria se dividido com o passar dos anos. "Uma delas é a teoria das placas tectônicas, em que a crosta terrestre seria dividida em placas que ao longo do tempo se movimentaram. E na geologia a linguagem que temos para interpretar a evolução da crosta terrestre são as rochas", esclarece, acrescentando que por isso o Parque do Varvito é importante para os geólogos aprenderem. "É uma sala de aula natural. Não é à toa que vem pesquisadores do mundo inteiro aqui", diz.
Ainda de acordo com Maurício Dantas, o Parque do Varvito esteve mal cuidado e abandonado, por isso o grupo quer primeiro adequar a estrutura e promover o local. "Pretendemos espalhar a ideia de patrimônio da humanidade em congressos, pois mais importante que o título é a ampla divulgação, isso vai fortalecer o tombamento. Temos de envolver a sociedade, a população ituana tem de se empoderar desse parque", resume.

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