sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Espiritualidade Carmelita - parte 6

A REFORMA TERESIANA




O ramo feminino da Ordem tem uma história que nós podemos contar de uma maneira completa nesta ocasião.



Basta dizer que algumas mulheres agregadas de diferentes maneiras à ordem, encontravam-se já nos meados do séc. XIII agregadas à mesma. Houve uma grande florescência no século seguinte com uma característica propriamente carmelita; não se trata de terciárias do tipo das ordens terceiras franciscana e dominicana, mas religiosas que professam a mesma regra que os religiosos da Ordem, da qual elas são portanto membros de pleno direito; somente a sua condição de mulheres as obriga a viver em casas separadas dos conventos masculinos.



A situação evoluiu gradualmente, especialmente quando (1452) é reconhecida à Ordem a faculdade de organizar a vida de tais agregadas. A organização não tem o mesmo desenvolvimento ao mesmo tempo e em toda a parte, é assim que, juntamente com os mosteiros de estrita clausura - como os fundados pela beata Francisca Amboise no norte da Europa - há outras comunidades nas quais a vida comum na que respeita à pobreza e clausura, tarda muitas vezes a afirmar-se.



O próprio mosteiro da Incarnação de Ávila onde entrou Sta. Teresa, não tinha chegado ao termo do seu caminho de desenvolvimento. Daí o mal estar da santa por continuar a viver uma vida totalmente conforme ao ideal carmelita. Portanto ela fez tudo para fundar um mosteiro segundo o seu pensamento, e tal o foi o de Ávila em 1562. A reforma queria dar uma alma mais profunda às diferentes prescrições de carácter exterior, algumas foram estritas: uma nova fórmula pelo menos na sua imposição, que, pareceu a única válida, e pela qual se tentam também aventuras audaciosas.



O superior geral Rossi estabelece o espírito reformador da nova corrente, e desejará que ele se torne fermento para toda a Ordem. Em Abril de 1567 ele encontrou-se várias vezes em Ávila com Teresa e encorajou-a a fundar tantos mosteiros femininos como «quantos cabelos ela tinha na cabeça ». Do mesmo modo para os irmãos, Rossi favorece as tentativas de vida interior mais intensa, em Itália, como na Espanha. A pedido da Santa, ele permite que se abram dois conventos de contemplativos ,número que em seguida ele mesmo autoriza a aumentar. Em 1568, graças sobretudo à colaboração de Teresa com João da Cruz, abre-se o primeiro convento de Descalços em Duruelo. Rossi não que a separação do resto da Ordem, perigo então presente nas províncias espanholas. Ele é profeta simples, mas toda uma série de acontecimentos, resultantes de um deplorável conflito de Jurisdição , conduziu a acaloradas controvérsias que absorvem tantas energias, que teria sido certamente melhor dispendê-las na colaboração entre irmãos.



Um destes episódios é o aprisionamento de João da Cruz na prisão do convento de Toledo, onde o santo purificou o seu espírito e preparou as suas admiráveis obras místicas: sinal de que o Senhor sabe tirar o bem do próprio mal. Nesta prova terrível da sua fé, nós lemos hoje o sentimento ardente que o animava, a vontade indomável, como a de Elias de abraçar só a Deus e a resposta vitoriosa a tantos compromissos da vida religiosa:«Para chegar a ser tudo, não quer ser nada...Para chegar à posse do que não tens, deves passar por onde não tens nada. Para chegar ao que tu não és, deves passar por onde agora tu não és. »

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Pascom Porto Feliz