terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Espiritualidade Carmelita - parte 4

DOS EREMITAS DO CARMELO À ORDEM CARMELITA







Podemos portanto afirmar que o grupo dos eremitas do Monte Carmelo que constitui com certeza a célula inicial da Ordem, pertence de variados modos a estas expressões típicas da vida espiritual dos leigos no séc. XII e XIII: num mesmo espírito eles têm em comum a escolha radical e definitiva de Deus.






No inicio de séc. XIII, Jacques de Vitry, Bispo de Acon (a fortaleza de S. João de Acre) descreve-nos a vida assim: «A exemplo e imitação do homem santo e solitário, o profeta Elias, junto da fonte que tem o seu próprio nome, eles moravam numa colmeia de pequenas celas, como abelhas do Senhor, produzindo a doçura espiritual...».






Esta afirmação é valorizada pelo facto de a forma de vida dada a seu pedido por Alberto, bispo de Jerusalém, tipicamente eremítica: solidão, leitura, contemplação, trabalho manual, jejuns, vigílias, obras de misericórdia. E tudo estava centrado em Cristo: princípio, motivo e fim da fórmula de vida, garantia da permanente actualidade do Carmelo.






Esta pequena regra foi seguidamente aprovada pelo papa Honório III em 30 de Janeiro de 1226 e, mais tarde, em 1247 adaptada por Inocêncio IV, às condições da nova corrente que os Carmelitas tiveram no Ocidente quando foram autorizados a ocupar-se do apostolado segundo o modelo das novas ordens mendicantes.






Com efeito, uma dezena de anos depois da aprovação da Regra por Honório III, as condições politico-religiosas da Palestina agravaram-se tornando-as ainda mais precárias do que eram já normalmente por causa dos contra-ataques muçulmanos.






Alguns carmelitas julgaram oportuno procurar melhores paragens. É assim que os superiores lhe permitiram partir do Carmelo para fundar novas casas noutros lugares; na Sicília, na França meridional, na Inglaterra. Daí nasceram os conventos de Messina, Aygalades, Hulme e de Aylesford, seguidos imediatamente de tantos outros, e mesmo no fim do séc. XIII, contar-se-ão por volta de 150.






Quem quis ficar na Palestina, no convento do Monte Carmelo ou nos de Acon ou Tiro, pôde ainda fazê-lo, mas não para além de 1291, quando cairam as últimas fortalezas latinas na Terra Santa.






É bom lembrar a tradição segundo a qual a imagem da Virgem Bruna de Nápoles foi trazida pelos Carmelitas do Monte Carmelo. Isso é agradável, porque nós podemos deste modo contemplar os traços sob os quais Maria estava representada na pequena igreja do Carmelo, mas isso ainda nos dá uma alegria maior ao constatar que os enxames das místicas abelhas do Carmelo, tomaram o voo guiadas pela Rainha. E a tradição das imagens vindas do Monte Carmelo não diz respeito só à Bruna de Nápoles, mas também a outras do mesmo tipo iconográfico.






No caminho da volta à Europa, os Carmelitas fixaram-se no começo em Chipre, considerado parte da província da Terra Santa, praticamente muito mais segura do que a Palestina e talvez daqueles que esperavam uma solução da questão palestiniana em sentido favorável aos cristãos. Outros, pelo contrário, avançaram mais para Ocidente e pararam na Sicília, nos arredores de Medina, que por conseguinte é considerada como a sede do primeiro convento Carmelita na Europa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário!

Seja bem vindo!
Pascom Porto Feliz