quinta-feira, 29 de outubro de 2009

parte 3




Confissões de uma freira moderna

A VISÃO EVOLUTIVA DE TEILHARD


Em que a vida religiosa influi no mundo? Teilhard de Chardin, S.J., esclareceu esta pergunta, ao compreender o cristianismo dentro de um universo evolutivo. O que nós fizermos e as decisões históricas que forem tomadas, diz ele, influenciarão na gênese de Cristo. Cristo é o objetivo do universo, a nova criação, o futuro do que chegaremos a ser. Todos os que forem batizados em Cristo devemos nos abandonar em amor e descermos para a solidariedade com a terra. Chardin observou que não há nada profano no mundo para aqueles que sabem olhar.

O universo é santo


porque se baseia na Palavra de Deus.


É Cristo,


o que vive,


quem chegará a ser.

Durante muitos anos eu me perguntei se as religiosas teriam lido mal os sinais dos tempos. No entanto, à medida que refleti sobre o mistério de Deus, cheguei a acreditar que o universo evolutivo se move para frente parcialmente, porque as religiosas estão trabalhando nas trincheiras da humanidade, entre os pobres, os oprimidos, os marginalizados. Hoje em dia as religiões do mundo estão tendo um papel mais ativo na síntese de uma nova consciência religiosa. As mulheres do L.C.W.R. arriscaram suas vidas na consecução da autêntica Encarnação e proclamaram profeticamente que o amor de Deus não pode exterminar nem terminar. Continuam lutando pela mudança de sistema em benefício dos oprimidos.

As congregações poderão desaparecer, mas os caminhos inscritos na história pelas mulheres religiosas do Vaticano II são nada menos que os surtos evolucionários de um novo futuro.

Tal como observou Teilhard, o sofrimento e o sacrifício são partes do processo de evolução. As estruturas isoladas têm que dar lugar a uniões mais complexas. Viver com um espírito evolutivo significa renunciar às velhas estruturas e comprometer-se com novas estruturas quando chegar o momento. A terra e o céu novos prometidos por Deus não virão a nós se nos isolarmos do mundo ou formarmos guetos católicos. Não se abrirá com o triunfo do poder eclesiástico. Chegará quando seguirmos as pisadas do Crucificado, descendo para as escuridões da humanidade e elevando-se ao poder do amor. Este é o caminho para uma nova criação, simbolizada por Cristo.

Cremos que o que aconteceu entre Deus e o mundo em Cristo aponta para o futuro do cosmos. Esse futuro implica uma transformação radical de realidade criada através do poder unificador do amor de Deus. Ser um portador de Cristo significa concentrar-se na profundidade interna do amor. É o amor que põe carne no rosto de Deus, é o amor o que faz o Cristo viver; o amor é o poder do futuro e o desenvolvimento de Cristo. A História não recordará o que Ele eescreveu, onde morou ou como rezou, mas sim como um católico concilium ou communio. No ocaso da vida seremos julgados somente por amor.

Autor: Ilia Delio, O.S.F., das Irmãs Franciscanas de Washington, é professora e decana do departamento de estudos espirituais na Washington Theological Union

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