quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A comunicação na Igreja


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Quando falamos de comunicação na Igreja não devemos pensar apenas nos meios: televisão, rádio, revistas, jornal, boletim, internet. Entendemos de maneira especial o processo de comunicação que a Igreja proporciona nos espaços de reflexão para as comunidades, as pastorais, os grupos, os movimentos..., nas diversas iniciativas que criam interação entre pessoas movidas pelos valores do Evangelho. Pensamos também na pastoral da acolhida, no encontro entre pessoas que vivem sua fé em comunidades. A Igreja entende comunicação enquanto meios e processos segundo a missão de Cristo, o verdadeiro Comunicador da vida de Deus. Sem a vivência concreta das propostas de Jesus Cristo, a Igreja não acontece, não se faz. Portanto, a Missão da Igreja é comunicação, proximidade de Deus com as pessoas, das pessoas com Deus e das pessoas entre si. Um meio privilegiado é a transmissão da fé pela palavra oral e escrita, juntamente com o testemunho de vida.

Quanto aos meios, as novas tecnologias: a televisão, o rádio, o cinema, a imprensa, a comunicação eletrônica do mundo moderno, já se tornaram indispensáveis na vida eclesial. Mais do que dar um juízo sobre os meios de comunicação social, a tradição da Igreja coloca-se a seu serviço. A sabedoria da Igreja pode evitar que a cultura da informação se transforme numa acumulação de fatos sem sentido. Há mais de 40 anos, o Documento do Concílio Vaticano II Inter Mirifica, já reconhecia aos meios de comunicação o poder de influenciar toda a sociedade humana, tanto para o bem, como para o mal. A Encíclica A Missão do Redentor, aponta o mundo das comunicações como "o primeiro areópago dos tempos modernos" (...). "A evangelização da própria cultura moderna depende, em grande parte, da sua influência" (RM 37c). Isso é ainda mais urgente, visto que o sistema neoliberal embalado pela globalização vem causando o aumento de grupos excluídos.


Não dá mais para pensar nossa Igreja sem internet, rádio, televisão, imprensa... É louvável que em pouco mais de 10 anos, setores da Igreja Católica no Brasil criaram 8 canais de televisão. Em 1997 as emissoras de rádio católicas eram mais de 300, sem falar dos inúmeros programas veiculados em emissoras comerciais. Contudo, precisamos nos perguntar seriamente se a mensagem difundida pela mídia católica está ajudando a formar os cristãos a ponto de se empenharem na evangelização da sociedade. Hoje, a imagem que a sociedade tem de nossa Igreja é construída pelos meios católicos que, infelizmente, ainda não deixam transparecer a pluralidade da fé que permeia toda a vida eclesial e do povo brasileiro. Parece refém da sociedade do espetáculo, uma das características da pós-modernidade, que privilegia a forma sobre o conteúdo.


Comunicar é muito mais do que uma sucessão de imagens ou palavras, sem nada acrescentar ou mudar no ser humano. A comunicação precisa expressar sentimento profundo e não uma simples e passageira emoção ou prazer. Devemos pensar numa comunicação muito mais duradoura, que não seja apenas um ritual momentâneo.


No interior da Igreja, membros de alguns grupos e movimentos têm procurado utilizar mais e melhor os meios de comunicação social e as redes de informática para a transmissão da fé. No entanto, sua atuação, às vezes, revela fraca comunhão eclesial e espírito de pastoral de conjunto na Igreja particular. Se a Igreja conseguisse unir os diversos grupos de mídia católica em torno de um projeto conjunto de evangelização ultrapassando o individualismo, o sectarismo e a própria concorrência, ela daria um exemplo de comunhão que por si só evangelizaria. "Pois onde dois ou três estiverem unidos em meu nome, eu estou aí no meio deles" (Mt 18,20).



Jaime Carlos Patias, imc *

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