Maurício Moraes
Enviado especial da BBC Brasil a Roma
Dilma foi a primeira chefe de Estado a se encontrar com o papa após a cerimônia de posse
A presidente Dilma Rousseff reagiu com bom humor nesta quarta-feira a uma pergunta de um jornalista argentino que questionou a opinião dela sobre o fato de o novo papa ter nascido em Buenos Aires.
"Vocês, argentinos, têm muita sorte. A gente sempre diz: o papa é argentino, mas Deus é brasileiro", brincou a presidente, logo após se reunir no Vaticano com o papa Francisco.
Dilma foi a primeira chefe de Estado a ser recebida pelo novo pontífice após a cerimônia oficial de posse, na terça-feira. Antes de ser formalmente empossado, o papa já havia se encontrado com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
Durante o encontro com Dilma, o papa Francisco confirmou que irá ao Brasil em julho para participar da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, e anunciou que também visitará Aparecida do Norte, onde está o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.
A viagem ao Brasil poderá ser o primeiro compromisso internacional do papa Francisco, que foi eleito há uma semana para liderar os 1,2 bilhão de católicos do mundo.
A participação do pontífice na Jornada Mundial da Juventude, evento internacional criado pelo papa João Paulo 2º e realizado pela Igreja em uma cidade diferente do mundo a cada dois ou três anos, já era esperada. Mas esta foi a primeira vez em que a visita a Aparecida foi mencionada.
"Ele (Francisco) espera a presença massiva dos jovens (no Rio de Janeiro)", comentou Dilma após o encontro. Segundo ela, o papa está "muito entusiasmado" com a visita ao Brasil.
Segundo a presidente, o pontífice conversou com ela em "portunhol" e demonstrou ser "um papa muito normal".
Crack e pobreza
O papa Francisco também conversou com Dilma sobre o problema do crack e das drogas no Brasil, e voltou a falar de seu compromisso com os pobres.
"Conversamos sobre a questão das drogas e do crack, o reforço de valores, princípios e símbolos para a juventude", afirmou a presidente.
"O papa é extremamente carismático e tem um compromisso com os pobres, o que torna a relação com o Brasil muito importante porque o governo brasileiro vem, nos últimos anos, focando a questão da superação da pobreza", acrescentou.
Dilma contou também que o papa se disse "muito comovido" com a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria. O incêndio na casa noturna da cidade gaúcha, em janeiro, deixou mais de 240 mortos.
Segundo o relato de Dilma, o papa disse que "a gente tem que demonstrar, na vida, força e ternura" e que, em Santa Maria, "o Brasil demonstrou força e ternura".
Após o encontro, a presidente foi direto ao aeroporto de Roma para embarcar de volta a Brasília.
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