quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Um pouco de fé


 

Do G1 Itapetininga e Região

 

Caminhar centenas de quilômetros a pé em nome da fé. O que leva tantas pessoas a terem essa manifestação e como elas se sentem? Esse é o assunto abordado na terceira reportagem da Série ‘FÉ’ exibida nesta quarta-feira (2) pela TV Tem, emissora afiliada da Rede Globo.

No Brasil, diversas locais são conhecidos por atrair religiosos e devotos em diversas crenças. No interior de São Paulo, não é diferente.

Quem percorre longas distâncias, caminhos desconhecidos, leva um desejo. Mas também há aqueles que deixam o conforto de casa para se encontrar, se conhecer melhor. Nas peregrinações, não existe religião, raça, condição financeira ou limite. Vale o sentimento e e acreditar.

Para o filósofo Luiz Felipe Ponde, as pessoas que fazem peregrinações procuram encontra a si mesmas. “A peregrinação exterior é uma peregrinação interior. Eu faço silencio dentro de mim quando caminho. Eu faço um caminho específico no qual passo fome, passo frio... eu fico só, eu tenho medos, e isso se compara à vida. Isso porque a vida é isso tudo, é uma peregrinação”, comenta.

Uma das cidades brasileiras que recebe centenas de visitantes por ano é Pirapora do Bom Jesus (SP). A estrada percorrida pelos romeiros ganhou o nome de ‘Estrada dos Romeiros’. A jornada, dependendo do ponto de partida, pode levar dias. Muitos levam nas costas cruzes, uma maneira de pagar promessas. Há mais de três séculos o ritual é cumprido.

Já em Águas da Prata (SP), distante a 238 quilômetros da capital paulista, a fé reúne milhares de peregrinos do Brasil e do mundo.  A trilha que leva ao Santuário de Aparecida tem 322 quilômetros em meio a natureza. Em 10 anos, aproximadamente 20 mil pessoas já fizeram a peregrinação.

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A comerciante Regina Helena Moraes, faz o percurso há uma década. Nem o sol forte, nem as nuvens carregadas a fazem desistir da peregrinação. “Tem dias que a gente se pergunta: o que estou fazendo? Acho que não vou aguentar. Mas aí você chega nas pousadas muito simples, toma banho, janta e no dia seguinte está novo para seguir”, comenta.

O empresário Dinei Teixeira Andrade afirma que fazer o percurso é um reencontro com o seu interior. “É impossível a gente fazer o caminho da fé e voltar para casa a mesma pessoa que a gente é. A gente volta carregado de muita energia, de muita espiritualidade, de muita força positiva”, ressalta.

“E a fé une todos. Não tem separação de nada não aqui. Mesmo eu tenho uma outra doutrina, aqui é uma amizade, uma fé só”, diz o aposentado Antonio Aparecido Santos, que também participa da peregrinação.

Aparecida
A cidade de Aparecida (SP), no Vale do Paraíba, fica a 160 quilômetros da capital paulista. Conhecida pelo Santuário de Nossa Senhora Aparecida, centenas de devotos católicos lotam a cidade. Nas estradas e rodovias que levam ao município, os romeiros se multiplicam. Cada um escolhe a maneira de demonstrar a fé e agradecer: com cruzes, descalços ou siplesmente fazendo o caminhando a pé por quilômetros.

Para o cabeleireiro José Barbosa Paes, o sacrifício é mínimo perto do quanto é grato pelas bênçãos alcançadas. “É uma coisa divina. A gente fica com dor, cansado e parece que não vai aguentar. Mas aí você vai mais devagar, ora pedindo a Deus proteção e força. Depois disso, parece que a gente toma um banho de saúde e esquece a dor. A gente só lembra de Deus, de paz, de amor”, comenta.

O encarregado de manutenção, Antônio Ferreira Santos, faz a peregrinação até Aparecida carregando uma cruz. Ele diz que por muito tempo, foi dependente químico. Desde que largou o vício, há 27 anos, a cruz é o símbolo da liberdade. “Tudo isso para mim é gratificante. Eu sou um elemento com um grande privilégio, de ainda em vida conhecer uma nova vida. É a fé”.

Basílica de Aparecida recebe os romeiros. (Foto: Fernanda Ferezim)Basílica de Aparecida recebe centenas de romeiros. (Foto: Fernanda Ferezim)

Na chegada ao santuário, emoção. A passarela que liga a igreja antiga à nova basílica fica lotada. Muitos fazem o percurso de joelhos. É o caso do lavrador Fabriciano Faria. “Eu estava doente e Nossa Senhora Aparecida me abençoou. Agora estou casado há dois anos e meu filho nasceu com saúde. Tudo o que eu tenho, foi pedindo para Nossa Senhora Aparecida", diz.

O principal objetivo dos devotos é chegar perto da imagem da santa. Depois de enfrentarem longas filas, o momento de adoração emociana. A imagem que foi encontrada há quase 300 anos por pescadores é símbolo da ligação com Deus. “É um momento muito emocionante, muito feliz, um momento de graça, de oração, muita felicidade de estar aqui”, diz a dona de casa Adriana Aparecida Fogaça.

Cachoeira Paulista
Em Cachoeira Paulista (SP), católicos que fazem parte da Renovação Carismática Católica se reúnem em acampamentos de oração. A Canção Nova é a maior comunidade católica voltada para a evangelização no país. Os acampamentos de oração chegam a atrair mais de 1 milhão de pessoas por ano.

De acordo com a co-fundadora da canção nova, Luzia Santiago, tudo é em nome da fé. “A fé, para mim, é caminhar independente das emoções, sabendo que existe um Deus, que eu creio, um Deus amor, que ama a todas as pessoas. Um Deus que tem um abraço assim paternal para todas as criaturas. Um Deus presente, vivo e que me dá a graça de olhar a vida com um sentido novo. Para mim, fé é caminhar na esperança de que tem um olhar bondoso sobre mim e sobre todo o universo.

Bauru
Em Bauru (SP), o que atrai fiéis são pílulas de papel. Os comprimidos são produzidos no mosteiro da Imaculada Conceição por freiras que mantêm uma tradição de mais de dois séculos.

A tradição das pílulas de papel começou com o Frei Galvão. Ele teve a idéia de escrever em um pedaço de papel, uma oração para Nossa Senhora. A pílula foi entregue a um rapaz que estava doente.

A madre Inês, uma das responsáveis pelo preparo das pílulas, explica que, segundo a crença, após o jovem ingerir o papel abençoado ele começou a se sentir melhor, expeliu uma pedra que tinha em um dos rins. “Então, esta história começou a sair e todo mundo começou a procurar Frei Galvão para receber essa oração também para se curar de uma doença ou de outra”, conta.

As pílulas de Frei Galvão são enviadas para outros estados e até para o exterior. Os comprimidos de papel são abençoados durante as missas. Em cada pacotinho, nove pílulas recheadas de oração.

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