quinta-feira, 19 de abril de 2012

Espera por aparelho auditivo chega a três anos no SUS de Iracemápolis, SP

 

104 pacientes disputam os 7 aparelhos enviados, anualmente, pelo Estado.
Quanto maior o atraso, pior pode ser a consequência em crianças e idosos.

Do G1 Piracicaba e Região

  Mais de cem pacientes com perda de audição disputam os sete aparelhos enviados, anualmente, pelo Governo do Estado de São Paulo para Iracemápolis (SP). Em alguns casos, a espera chega a três anos.

A pensionista Lucília Piovani sabe bem como é a dificuldade de depender do SUS (Sistema Único de Saúde). “Eu falo para o meu filho que não estou escutando. Quando a pessoa fala comigo da rua, então, eu não ouço nada. Acho tão ruim não poder escutar. O pior é que eu não posso pagar por um aparelho e a situação não se resolve”, reclamou Lucília.

A cada dia o convívio com a família diminui. “Tem que falar bem pertinho dela e repetir a frase toda hora para ela poder ouvir o que queremos falar. É bem ruim, bem difícil a situação”, comentou a filha de Lucília, Elizabeti Piovani.

A otorrinolaringologista especialista em audição Patrícia Molica explicou que quanto maior a demora, mais consequências pode trazer ao paciente. “Para as crianças, o atraso na linguagem e na alfabetização. Já os idosos tendem a se isolar e muitos acabam entrando em depressão”, afirmou.

O fim da demora pode dar mais qualidade de vida a pessoas como o pintor Amadeu Pires, que deixou de realizar tarefas simples por causa da perda de audição. “Quando eu estou trabalhando na escada e alguém fala comigo em baixo e eu não ouço nada. Às vezes até respondo ‘tudo bem’, mas sem saber o que a pessoa disse. É muito ruim não ouvir, eu fico bem nervoso com a situação”, desabafou.

Região
Pacientes em outras cidades da região também sofrem com o mesmo problema. Em Americana, 144 pessoas estão cadastradas e a espera para conseguir um aparelho pode chegar a um ano e meio. Mesmo prazo estimado para Limeira. A diferença é que a cidade tem 513 pessoas na fila. Já em Campinas, a Secretaria de Saúde não soube informar quantos pacientes aguardam pelo aparelho, mas a demora chega a dois anos.

Legislativo
A situação na cidade motivou a Câmara de Iracemápolis a encaminhar uma moção de apelo à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo para pedir providências urgentes a fim de agilizar consultas, exames e entrega dos aparelhos auditivos. A moção pede, como alternativa, o estudo da viabilidade de destinar recursos para o município realizar e sanar a grande demanda de pessoas que estão há anos na lista de espera.

Empurra-empurra
A Prefeitura de Iracemápolis se isentou da responsabilidade e culpou o Estado pelo baixo número de aparelhos enviados pela Secretaria Estadual de Saúde, com a alegação de que são insuficientes para atender a demanda da cidade.

O órgão estadual informou, por meio da assessoria de imprensa, que a responsabilidade seria do Governo Federal. A resposta do Ministério da Saúde é que a responsabilidade é do Estado. Novamente, a reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual que, então, explicou que o Estado é apenas um intermediário da verba recebida do Governo Federal, considerada insuficiente. Segundo a assessoria, cabe ao município controlar a procura por aparelhos.

Por fim, questionada mais uma vez, a Prefeitura de Iracemápolis afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que foi feito o pedido de aumento de repasse de verba à regional de saúde de Piracicaba, mas até agora não houve retorno.

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