sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Candidatos à Presidência evitam polêmicas em debate morno

André Mascarenhas e Carol Pires
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dá a largada hoje à reta final da campanha presidencial, com o primeiro de uma série de três debates com a participação confirmada dos quatro principais candidatos ao mais alto cargo eletivo do País: Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).

De 20 temas pré-apresentados aos candidatos, os presidenciáveis responderão apenas sobre quatro deles, escolhidos por sorteio. Pelas regras acordadas pela organização, o debate ficará mais amarrado e a interação somente será possível quando um concorrente comentar a resposta do adversário. Mas nenhum candidato poderá fazer perguntas diretamente a outro. O encontro acontece na Universidade Católica de Brasília (UCB).

Leia abaixo os principais pontos do debate:

23h36 – Marina usa suas considerações finais para pedir uma oportunidade de estar no segundo turno. E volta a elogiar o formato do debate: “Para mim é motivo de honra e orgulho estarmos aqui fazendo o debate e não o embate.”

23h34 – Dilma usa suas palavras finais para elogiar o cristianismo. “Amai aos outros como a ti mesmo”, prega, que não consegue concluir o raciocínio por falta de tempo.

23h33 – Serra usa os últimos segundos para agradecer a três religiosos importantes na sua formação, Padre Benedito, dos Salesianos, a Madre Cristina Maria, e Dom Evaristo Arns.

23h30 – Chega a vez de Plínio. Ele defende reforma agrária, reforma urbana, educação pública em todos os níveis, calote da dívida e saúde pública. “Ninguém pode ganhar dinheiro investindo no câncer”, diz sobre a privatização da saúde.

23h27 - “O Estado tem o papel de mediar os diferentes interesses”, diz Marina sobre a erradicação da pobreza. A candidata do PV afirma que o Estado, sob seu governo, usará os mecanismos de transparência para combater a corrupção. Ela cita sua coligação, firmada sobre uma “aliança programática”. Marina Silva critica o escândalo de corrupção no Amapá, que culminou com a prisão do governador Pedro Paulo Dias, onde os acusados “roubaram o Brasil duas vezes. Roubando o dinheiro que é para educação e roubando o futuro das nossas crianças e adolescentes”.

23h25 - Dilma ressalta sua participação no governo Lula e atribui aos programas sociais do presidente o mérito do Brasil de ter saído rapidamente da crise econômica internacional. “O que segurou o País foi o consumo interno”, diz.

23h21 – Os candidatos agora respondem todos à mesma pergunta. A primeira é sobre o fim da desigualdade social no País. Serra é o primeiro: “A curto prazo a função do Estado é combater as desigualdades”, diz o tucano, para quem há, no Brasil, muitas pessoas nessas condições. “Eu defendo política imediatas para essas pessoas”, diz. Ele cita a criação de mais de 50 instituições em todo o país para pessoas com deficiência.

23h15 – Ex-petista, Plínio ataca PT em seu comentário: “Quando a ideologia deserta, a ética vai em seguida”.

23h09 - A última pergunta é de um estudante de direito da universidade. Ele pergunta se Dilma irá empregar algum político ficha suja no governo. “Não, eu não permitirei”, diz Dilma, que é aplaudida. A petista lembra que o Supremo está votando a questão. “É um avanço da democracia essa discussão sobre a questão da ficha suja”, diz Dilma. Ela afirma que tem em sua coordenação política um dos relatores da Lei. A petista afirma que a Polícia Federal sob o governo Lula é a principal desmantelador dos esquemas de corrupção e cita o portal da Transparência. “Nós não tivemos em nenhum momento um engavetador geral da República”, diz Dilma, em referência ao apelido de um dos Procuradores do governo FHC.

23h08 – Toda vez que uma nova pergunta está sendo feita, Plínio de Arruda Sampaio sai de trás do púlpito e caminha até o meio do palco. Desta vez, Serra adotou a mesma estratégia. A pergunta teve que ser refeita porque os dois não entenderam a pergunta sobre a lei da Ficha Limpa. Agnelo Queiroz, candidato ao governo do DF pelo PT, está no auditório com os candidatos ao Senado Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB). Já Joaquim Roriz (PSC), candidato ao governo na chapa de Serra, está em casa, no Park Way, acompanhando pela TV o julgamento no STF que definirá se ele estará ou não barrado nessas eleições pela lei da Ficha Limpa.

23h06 – Marina parabeniza o sistema do debate pois ele está “permitindo que discutamos propostas”. A candidata do PV é favorável ao financiamento misto de campanha e diz que as listas fechadas favorecerão “a burocracia partidária”. Ela também defende a democratização da informação através da transparência. Em sua réplica, Serra afirma ser contrário a plebiscitos para algumas questões, como a pena de morte.

23h04 – O tucano é contra o financiamento público. “Não vai evitar o financiamento paralelo”. Também é contra a lista com cotas para mulheres e algumas etnias pois “engessaria o processo”. Sobre a democratização da informação, “ela está ocorrendo através da internet”. Ele também critica os comitês e conselhos, que “são uma forma de censura”.

23h02 – Na questão feita pela Associação Brasileiras de ONGs, sobre a radicalização da democracia, Serra demonstra dificuldades para compreender a pergunta. O entrevistador quer saber se o candidato concorda com quatro propostas: financiamento público de campanha, lista fechada, democratização da informação e a realização de mais plebiscitos.

22h58 – Serra lamenta o resultado do plebiscito do desarmamento, em 2005, e defende a criação do ministério da Segurança, para principalmente reforçar a segurança das fronteiras e combater o tráfico de drogas.

22h55 – Plínio responde sobre segurança. Segundo ele, os problemas no setor são frutos da desigualdade social. O socialista critica o preparo da polícia. Para Plínio, a segurança depende da educação dos polícias, da presença da segurança sem violência e a subordinação dos soldados. Ele critica o ministério da Segurança proposto por Serra. “Quando eu era menino… rapaz, faz tempo! Os policiais de São Paulo andavam desarmados”, diz Plínio o mais velho dos candidatos, com 80 anos.

22h55 – Plínio responde sobre segurança. Segundo ele, os problemas no setor são frutos da desigualdade social. O socialista critica o preparo da polícia. Para Plínio, a segurança depende da educação dos polícias, da presença da segurança sem violência e a subordinação dos soldados ao comando civil. Ele critica o ministério da Segurança proposto por Serra.

22h51 - Dilma comenta a resposta. Diz que Lula por duas vezes encaminhou um projeto de reforma tributária ao Congresso, infelizmente “não adotado na íntegra”. Ela cita a criação do regime para as micro e pequenas empresas como um avanço e classifica o ProUni como uma política tributária. “Políticas públicas são uma obrigação do Estado”, rebate Marina que critica a concessão dessas políticas como um favor. Serra pede um colírio para um assessor e pingou nos olhos enquanto Marina Silva estava falando.

22h46 - O próximo bloco contará com perguntas de entidades da sociedade civil. A primeira será feita pelo presidente da Associação Brasileira Justiça e Paz. A pergunta é para Marina Silva, sobre a política tributária da candidata. “Eu tenho percebido que não deve ser fácil, porque durante 16 anos dois partidos não conseguiram.” A questão, segunda ela, tem sido um “debate bem lamentável nos últimos anos”. Segundo ela, PT e PSDB tiveram dois mandatos cada um para fazer a reforma tributária e não a fizeram. A candidata verde defendeu a reforma tributária baseada em três pilares: progressão; simplificação; e transparência. “Se paga esses tributos e se recebe muito pouco em saúde, educação, segurança. Cerca de 80% da população não tem acesso a esgoto tratado”, disse a candidata verde. Ela afirma estar comprometida com a progressividade dos impostos. “De fato, é uma realidade. As pessoas que ganham mais pagam menos, e as que ganham menos pagam mais”. “É fundamental a simplificação em relação aos recursos.”

22h42 - Depois de Plínio dizer que vai desapropriar a Universidade Católica se eleito, Marina rebate: “Tenho a convicção num modelo de coexistência de universidades públicas e as universidades privadas”. O mediador esqueceu de dar os 30 segundos de réplica para Plínio e a plateia chiou. Depois de um abraço entre os dois, Plínio disse que, enquanto existir ensino público e privado, não será possível investir 10% do PIB em Educação. Segundo ele, a própria mensalidade da Universidade Católica “é cara pra burro”.

22h35 – A próxima pergunta é para Plínio, sobre educação. O entrevistador não consegue concluir sua pergunta no tempo estabelecido. Plínio diz que o programa do PSOL defende a educação “inteiramente financiada pelo Estado”. O candidato do PSOL é aplaudido ao dizer que as escolas privadas que quiserem continuar abertas serão desapropriadas. “Hoje, com a escola pública sucateada pelos governos dessa turma, você arruma um emprego ruim”, diz. Plínio também critica programa do Banco Mundial de apoio às universidades e afirma que tanto Lula quanto Fernando Henrique Cardoso vetaram proposta para empenho de 10% do orçamento na educação.

22h31 - “A vida é um valor que nós, seres humanos, temos que respeitar”, diz Dilma em seu comentário. “Eu pessoalmente não sou favorável ao aborto”, continua. A candidata do PT afirma que irá defender as mulheres e que se trata de uma questão de saúde pública. “Não vejo muito sentido em ampliar os casos”, afirma Dilma sobre as possibilidades em que o aborto é permitido. Marina reafirma sua posição e diz que não fará discursos diferentes para plateias diferentes. Ela é ovacionada no auditório. São os primeiros aplausos na plateia desde que o bloco de perguntas começou.

22h28 – Marina Silva é confrontada com a questão do abordo, criticado por ela mas defendido pelo partido dela, o PV. “Eu tenho a vida como princípio”, respondeu Marina Silva, ao defender a realização de um plebiscito popular “para que a sociedade possa debater com clareza”. “Eu digo que a defesa da vida é feito por uma questão filosófica, por uma questão moral”, diz Marina. A candidata do PV afirma taxativamente ser contrária ao aborto, mas ressalta que fará um plebiscito para “ampliar para outras modalidades” a questão do aborto. Marina defende que a sociedade está pronta para debater o aborto, ao contrário do que muitos afirmam. “Nenhuma mulher quer passar por um aborto”, diz.

22h24 – Serra diz que irá investir na alimentação dos menores e cita o Bolsa Alimentação, criado, segundo ele, durante sua gestão à frente do Ministério da Saúde. Sera diz que foi o programa deu início ao Bolsa Família. O tucano cita ainda outros programas. “Na prática no Brasil não se fez nada”, diz Serra sobre o crack. Dilma volta a citar a dissolução da família em sua tréplica, a qual atribui ao “processo de exclusão social” do governo passado.

22h19 – A próxima pergunta é para Dilma Rousseff. “Qual será sua política de atendimento pleno das crianças? A Sra. se compromete a tirar todas as crianças da rua?” A réplica será de Serra. Dilma introduz sua resposta dizendo que “um país será sempre julgado pelo tratamento que dá aos jovens e crianças”. “Eu me comprometo com várias coisas”, diz Dilma. Ela afirma que a proteção deve se estender às mulheres grávidas: “atenção a criança, ao bebê e a gestante.” Segundo a candidata é nos primeiros anos de vida que as crianças tem o estímulo para ter um aprendizado melhor. “O filho do trabalhador tem uma diferença em relação ao filho do mais rico”, continua. A petista afirma que irá erradicar o trabalho infantil e diz que a dissolução da família é o problema central do consumo de drogas.

22h16 - “No México, 1.800 metros, vocês viram no que deu. Imagina a 6 mil metros”, diz Plínio, convidado a comentar. O candidato do PSOL diz que ainda há dúvidas sobre como a questão será explorada. “Nossa posição é contrária que se comesse já a exploração”, diz. “Devagar para que o povo possa saber e decidir.”

22h14 – A primeira pergunta para José Serra foi sobre a descoberta de vastas reservas de petróleo na camada do pré-sal e as prioridades de investimento que ele faria, caso eleito, com os rendimentos. Serra respondeu que investiria em educação, ciência e tecnologia e nos aposentados, como o Chile fez com o lucro da exploração de cobre. O tucano critica a forma como a descoberta do recurso foi propagandeada pelo governo. Diz que irá criar um fundo para os recursos advindos do pré-sal, com foco na educação. “Nós devemos ter muita preocupação com a forma como vamos explorar o pré-sal”, diz. Ele cita o impacto ambiental da exploração. “É uma questão ambiental também.” “O pré-sal não vem antes do final da década”, pondera o tucano, ao dizer que nenhum país da América Latina teve experiência bem sucedida com a exploração de petróleo.

22h13 – No Twitter, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, alfineta Serra: “Fui colega do Serra no senado por 8 anos. NUNCA ele fez qualquer referência a Deus ou ao cristianismo em qualquer discurso”.

22h06 – Serra introduz sua participação lembrando que sempre foi católico e critica “os católicos de ocasião, os católicos de boca de urna”. “Jesus Cristo representa a verdade e representa a Justiça, e é nisso que eu acredito profundamente. Se a nossa política estivesse embebida nesses princípios, não teríamos tanta mentira, tanta enrolação.” Serra elegeu três as prioridades: segurança, a saúde (“que têm a ver com a vida”) e a educação (“que tem a ver com a vida e com o futuro”). O mediador anunciou intervalo de três minutos. João Santana, marqueteiro da Dilma, subiu logo em seguida ao palco e conversa agora com a candidata.

22h01 - Dilma inicia sua fala cumprimenta a CNBB “por sua trajetória nas lutas sociais”. “Eu represento o projeto de continuidade e avanço do projeto do presidente Lula”, diz Dilma. A candidata do PT destaca três aspectos de seu programa. “A qualidade da educação”, diz, relacionando o avanço a uma melhor remuneração aos professores e “continuação na educação” dos professores. O segundo ponto lembrado pela petista é a Saúde.

21h58 - Marina abre sua fala parabenizando a organização. “Nós estabelecemos uma plataforma de governo mesmo antes de começar a campanha”, diz Marina, que se contrapõe a Serra, que deve lançar seu programa nos próximos dias. A candidata afirma que sua plataforma está dividia entre “o País que temos e o País que queremos”, e discursa sobre suas propostas. Educação e programas sociais são o foco do discurso da candidata verde. Marina ressalta que só está aqui graças à oportunidade que teve de estudar. A candidata foi analfabeta até os 16 anos. “O Brasil tem hoje uma forte contradição entre avanços econômicos e avanços sociais e um grande retrocesso na política”, encerra. Na plateia, Palocci disse esperar “um bom debate”. “Ficou bem organizado”, disse.

21h54 - Plínio é o primeiro a falar. Ele é convidado a apresentar seu programa de governo e lembra que sempre militou ao lado da Igreja. “Eu fui o único a fazer a opção preferencial pelos pobres”, diz Plínio, que reitera suas propostas para a reforma agrária. Plínio afirma que a candidatura do PSOL é diferente das outras três, que privilegiam os ricos ao invés dos pobres. O palco ficou dividido entre meninos e meninas: Plínio e Serra de um lado; Marina e Dilma do outro.

21h50 – Marina Silva e Dilma Rousseff sobem no palco e são aplaudidas. ”Agora só falta o candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio.”

21h48 – A transmissão volta do primeiro intervalo. O mediador convida Serra para subir ao palco e é aplaudido. Os outros candidatos continuam ausentes. “Enquanto aguardamos os outros candidatos, candidato Serra, vamos ver quais são as emissoras que participam da transmissão”, diz Beto Almeida constrangido.

21h43 - O mediador do encontro, Beto Almeida, aproveita a ausência temporária dos participantes para apresentar as regras do encontro. O público continua a chegar para o debate. O auditório ainda não está cheio.

21h41 - Mônica Serra, esposa do presidenciável tucano, está circulando pelo auditório. Do lado petista destaque para o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e o coordenador jurídico da campanha, José Eduardo Cardozo.

21h36 – O mediador do encontro lê uma série de notas “enquanto esperamos os candidatos”. Ele reafirma que a posição da CNBB sobre as eleições só pode ser atribuída a uma carta sobre o “momento eleitoral” divulgado pela entidade. Em julho, o bispo de Guarulhos divulgou nota pedindo que os fiéis não votassem em Dilma. O texto foi reproduzido pelo site da CNBB, gerando constrangimento para a entidade.

21h33 - Começa a transmissão do debate. Os quatro candidatos já chegaram à universidade. Dilma Rousseff chegou de helicóptero. A Universidade Católica fica a 20 km do centro deo Brasília.


Todos os principais candidatos participaram do confronto


estado de sp

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