sábado, 15 de maio de 2010

Sincretismo Religioso

Sincretismo (do grego συγκρητισμός, originalmente "coalização dos cretenses", composto de σύν "com, junto" e Κρήτη "Creta") é uma fusão de doutrinas de diversas origens, seja na esfera das crenças religiosas, seja nas filosóficas. Na história das religiões, o sincretismo é uma fusão de concepções religiosas diferentes ou a influência exercida por uma religião nas práticas de uma outra.

No Brasil, o sincretismo é um fenômeno bastante comum, mas é especialmente relevante na Bahia, onde buscou-se adaptar nas crenças de religiões tradicionais africanas os rituais da fé Católica, religião predominante no Brasil. Segundo José Beniste, "valeu como poderosa arma para os negros manterem suas tradições. Sem isso, provavelmente, nem mesmo teriam podido manter os traços religiosos que ainda hoje se conservam".

Reginaldo Prandi, 2002, escreve: “Para se viver no Brasil, mesmo sendo escravo, e principalmente depois, sendo negro livre, era indispensável, antes de mais nada, ser católico. Por isso, os negros no Brasil que cultuavam as religiões africanas dos orixás, voduns e inquices se diziam católicos e se comportavam como tais. Além dos rituais de seus ancestrais, freqüentavam também os ritos católicos. Continuaram sendo e se dizendo católicos, mesmo com o advento da República, quando o catolicismo perdeu a condição de religião oficial.”

Há antropólogos que insistem que a assimilação Santo/Orixá era aparente e, inicialmente, serviu para encobrir a verdadeira devoção aos Orixás, pois no caso dos cânticos, eram efetuados em língua natural dos escravos e que ninguém entendia.

Um fato histórico que pode opor-se a este pensamento é a criação das confrarias de negros (p.ex., a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, na Bahia) totalmente composta por negros. Os negros haviam realmente se convertido ao Cristianismo e não eram apenas uma fachada.

No Sermão XIV, pregado aos pretos de uma Irmandade do Rosário, em 1633, o padre Antônio Vieira faz um lamento em favor da escravidão: “Oh, se a gente preta tirada das brenhas da sua Etiópia, e passada ao Brasil, conhecera bem quanto deve a Deus, e a sua Santíssima Mãe por este que pode parecer desterro, cativeiro e desgraça, e não é senão milagre, e grande milagre!” (Vieira, 1954: 26-27).

História recente

Se na antiguidade brasileira o fenômeno ocorreu entre as duas religiões em competição, no início do século passado, ainda na Bahia, ele se desenvolveu de forma mais silenciosa. A adaptação desta vez conectou o conhecimento ortodoxo ou profano ao secreto a partir da promoção do esclarecimento e do estudo metafísico. O início exato foi no ano de 1905, com a fundação da loja teosófica Alcyone por Henrique José de Souza - precursor da Teosofia Brasileira e ícone do Ocultismo. Décadas depois, este movimento se espalhou pelo Brasil e pelo mundo através da Sociedade Mental e Espiritualista Dhâranâ, posteriormente chamada de Sociedade Teosófica Brasileira e atualmente conhecida como Sociedade Brasileira de Eubiose.

Sincretismo Religioso Católico-Germânico

Durante o periodo de decadência de Roma, os germânicos começaram a entrar em seus territórios, de forma pacífica (e armada) misturando as culturas (cristã romana com a mitologia germânica). Roma se tornara cristã em certo tempo e tentou cristianizar os germânicos, mas estes estavam muito ligados com sua cultura local.

Influências

O sincretismo também é comum na literatura, música, artes de representação e outras expressões culturais. (Compare com o conceito de ecleticismo). Letristas como Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes e Jorge Ben Jor retrataram o tema em diversas canções, enquanto Dias Gomes levou-o para o teatro com a peça O Pagador de Promessas que, mais tarde, foi levada para o cinema, conquistando uma Palma de Ouro no Festival de Cannes e uma indicação ao prêmio Oscar de melhor filme estrangeiro.

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