As Crocs foram criadas no Colorado (EUA) para serem usadas em barcos justamente devido à sola antiderrapante.
Patricia Araujo/Folha Imagem |
Gabriela, 4, que esfolou o joelho após "grudar" os pés no escorregador |
Não existem dados médicos que comprovem os acidentes. Mas as escolas observaram que a frequência de tropeços no recreio aumentou após a moda das Crocs.
"As crianças passaram a cair mais. Quando íamos ver, estavam com a sandália. Resolvi conversar com alguns pais que são médicos e eles alertaram para o perigo", diz Tânia Fonseca Pinto, coordenadora da educação infantil da escola Recrearte, na Vila Mariana (zona sul de SP).
O colégio pediu, então, que os pais deixassem as sandálias em casa quando mandassem os filhos para as aulas. O mesmo ocorreu no Pentágono e no Albert Sabin.
No início, o veto provocou resistência dos pais. "As Crocs são muito práticas. É só colocar no pé da criança e pronto", diz a advogada Patrícia Mozes, 32. Mas ela passou a apoiar a medida depois que os dois filhos sofreram pequenas quedas com o calçado.
Henrique, 2, subia uma parede de escalada quando a Crocs "grudou" no brinquedo, prendendo o pé. Resultado: um machucado no rosto. Já Gabriela, 4, teve os pés grudados no escorregador e esfolou os joelhos. "Percebi que a relação custo/benefício não é tão boa", diz a mãe, Patrícia.
Júlia, 5, também já tropeçou algumas vezes com as Crocs. "Ela ia para a escola com a sandália, mas sei que não é adequado. As crianças correm muito, precisam usar sapatos que dão mais estabilidade", diz a mãe Nilza Brandini, fisioterapeuta.
Túlio Diniz Fernandes, ortopedista do Hospital Sírio-Libanês, concorda. "Um calçado deve ser protetor para a mecânica do pé. Essa sandália é completamente solta, larga, de modo que o pé da criança pode dobrar, e tem um solado grosso. É exatamente o contrário do que se entende por calçado protetor."
Túlio diz, entretanto, que não tem atendido muitos pacientes que sofreram acidentes com as Crocs. "Provavelmente são quedas pequenas, que não chegam ao hospital."
Outros países
A Crocs diz que respeita a decisão das escolas, mas afirma que o produto é vendido em vários países e que desconhece locais onde tenha havido orientação parecida.
Em 2008, o governo japonês pediu ao fabricante que mudasse o design da sandália, pois trazia o risco de prender os pés das crianças em escadas rolantes. Segundo a assessoria de imprensa da Crocs, porém, não houve mudanças, pois não foi comprovado que o calçado tinha problemas.
O produto ganhou uma etiqueta alertando aos usuários que pisem no centro do degrau das escadas rolantes.
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