segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Colômbia em crise




Os deslocados de Bogotá

"(…) o que o Estado está fazendo é esconder o lixo embaixo do tapete para ninguém ver realidade. Não dá para continuar escondendo o drama dos deslocados" (1).

Há quatro meses aproximadamente, em Bogotá, capital da Colômbia, há 1.985 pessoas em situação de deslocamento, protestando pacificamente no Parque Terceiro Milênio, localizado numa antiga zona de violência e insegurança crítica no centro de Bogotá, e que se transformou em ícone de políticas distritais de geração de espaços públicos e zonas seguras para os cidadãos, o objetivo destas pessoas visa receber uma resposta efetiva do governo, com soluções definitivas e dignas para superar esta situação.

Destas 1.985 pessoas, 400 são meninos e meninas, é claro que não deveriam ter sido levados para participar deste protesto, no entanto, o Instituto Colombiano de Bem-estar Familiar (ICBF), a instituição pública colombiana encarregada de velar pelo bem-estar e pelos direitos destas crianças em situação de deslocamento, não tomou medidas no assunto. O discurso manejado por esta instituição e por outros setores do governo esta orientado para a ocupação do espaço público da cidade por estas pessoas, sem dar maior importância às dificuldades que estão enfrentando em saúde e segurança para a integridade física e psicológica de todos eles, especialmente para as crianças que estão vivendo esta situação.

O governo colombiano quer manter os habitantes das grandes cidades em uma total cegueira, controlados pelos meios de comunicação, em sua maioria pertencentes às elites e manipulados por este governo, mostrando só os fatores positivos que interessam a seus votantes, em grande parte localizados nas cidades.

Os habitantes das cidades têm certeza de que a política de Segurança Democrática da qual eles desfrutam, por exemplo, ao poder sair "tranquilamente" de viagem com suas famílias pelas rodovias do país, viajar para suas chácaras de férias ou o acesso aos direitos fundamentais, como educação, saúde, moradia e serviços públicos, são iguais para todos os colombianos.

As pessoas das cidades não estão acostumadas a ver manifestações com este número de pessoas durante tanto tempo, embora tenham havido muitas por todo o país e mesmo assim não foram consideradas importantes, já que para o governo não é conveniente que elas sejam vistas, pois mostram de forma direta a realidade oculta, a realidade do camponês, das pessoas que habitavam as àreas rurais do país e que diariamente devem fugir para salvar suas vidas, devido não só à pressão dos grupos armados ilegais e à violação de seus direitos por parte de todos os atores armados, senão pelo abandono social ao qual foram submetidas, escolas sem professores e sem livros, a falta de médicos e medicamentos nos hospitais, políticas agrárias injustas e insustentáveis para o camponês. Além disso, seus gritos de auxílio não encontram eco e vemos como levam quatro meses na capital do país e ainda não receberam resposta nem apoio ao seu protesto.

(1) Palavras do Secretário Distrital de Saúde de Bogotá Héctor Zambrano a www.eltiempo.com, 27 julho, 2009.

Autor: Incidência e Comunicação do Serviço Jesuita a Refugiados para América Latina e Caribe.

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