Documentos históricos são restaurados em Itapetininga, SP

 

O projeto é realizado na Câmara de Vereadores da cidade.
Com a restauração, os documentos serão digitalizados e consultados.

Do G1 Itapetininga e Região

Documentos antigos da Câmara Municipal de Itapetininga (SP) começaram a ser recuperados e restaurados. O trabalho é realizado desde fevereiro deste ano, mas não há previsão de quando ele será concluído.

A recuperação é feita pela historiadora Maria Cândida Delgado Reis. Segundo a especialista, são mais de 10 mil documentos que compõem o arquivo histórico da Câmara. São aproximadamente 200 anos de dados em forma de atas de reuniões, livros e fotos antigas.

A historiadora explica que a primeira providência tomada foi realizar o levantamento das peças existentes, classificá-las, além de fazer o acondicionamento em pastas de material adequado. Os documentos estavam, até então, acondicionados em caixas de papelão, que contribuem para a danificação.

Os documentos também passam por higienização. Papéis são colocados entre as páginas para neutralizar a acidez da tinta. A especialista explica que isso é necessário porque muitos arquivos eram escritos com caneta tinteiro. O líquido continha ferro na composição, o que provoca a corrosão do papel. Depois da limpeza tudo é guardado e identificado. “Se não tiver um arquivo organizado e preservado, dificilmente será cumprida a lei de acesso à informação que está em vigor”, afirma Maria Cândida Reis.

A Câmara de Itapetininga foi inaugurada em 1771, mas os documentos daquela época eram levados para o Rio de Janeiro, já que tudo era centralizado na antiga capital do país, no tempo do império. A partir de 1834 os documentos passaram a ser armazenados nas próprias cidades.

Arquivos estão sendo restaurados desde fevereiro deste ano e, futuramente, poderão ser consultados pela população. (Foto: Reprodução/TV Tem)

Durante a pesquisa desses documentos, é possível conhecer os costumes de cada época. Um dos arquivos encontrados em Itapetininga, por exemplo, é o registro da Câmara Imperial. O material descreve leis antigas que ditavam o que se podia ou não fazer na cidade, entre eles, códigos de postura.

A historiadora conta que no documento está a determinação que proibia os moradores de jogarem dejetos dos urinóis pela janela. “Ali diz que ‘não se pode esvaziar os urinóis pela janela. Quem for encontrado fazendo esse procedimento será multado’. Isso mostra que havia esse costume, pois só existe uma lei multando quando alguém faz aquele ato”, afirma e acrescenta: “Imagine como era viver em uma vila onde de vez em quando alguém abria a janela e esvaziava o urinol na rua!”, ressalta.

De acordo com o presidente da Câmara, o vereador Fuad Isaac, o objetivo da recuperação, além da importância histórica e facilidade ao acesso, é acondicionar adequadamente os arquivos nas futuras instalações da Câmara Municipal, na Praça dos Três Poderes. O processo também facilitará a digitalização dos documentos permitindo ao público interessado consultar pelo site da Câmara Municipal no futuro.