sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Não se pode ser indiferente ao sofrimento do mundo, diz Bento XVI



A via-sacra da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), realizada nesta sexta-feira, 19, recordou os sofrimentos dos jovens causados pela guerra, conflitos, perseguições devidas à fé, marginalidade e toxicodependência.
Ao passar pelas estações da Via Sacra, o Papa Bento XVI disse que vinha em sua mente as palavras de  de São Paulo: "Cristo me amou, e se entregou a si mesmo por mim" (Gal 2, 20). 

“À vista de um amor assim desinteressado, cheios de admiração e reconhecimento perguntamo-nos agora: Que havemos nós de fazer por Ele? Que resposta Lhe daremos?”, questionou o Pontífice.
São João indica a resposta: "Foi com isto que conhecemos o amor: Ele, Jesus, deu a sua vida por nós; assim também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos" (1 Jo 3, 16), lembrou o Papa.
“A paixão de Cristo incita-nos a carregar sobre os nossos ombros o sofrimento do mundo, com a certeza de que Deus não é alguém distante ou alheio ao homem e às suas vicissitudes; pelo contrário, fez-Se um de nós para poder padecer com o homem, de modo muito real, na carne e no sangue”, destacou o Santo Padre.
O amor de Cristo aumenta a alegria e anima os fiéis a permanecer junto dos menos favorecidos, salientou o Papa, pedindo àqueles que são mais sensíveis à ideia de partilhar a vida com os outros, para que não sejam indiferentes diante do sofrimento humano, “pois é aí que Deus vos espera para dardes o melhor de vós mesmos: a vossa capacidade de amar e de vos compadecerdes”.
As diversas formas de sofrimento foram apresentadas na Via Sacra. Durante o percurso o Papa pediu junto aos jovens que Deus  edificasse suas vidas para  que estes fosses sinais do seu conforto e salvação.
"Sofrer com o outro, pelos outros; sofrer por amor da verdade e da justiça; sofrer por causa do amor e para se tornar uma pessoa que ama verdadeiramente: estes são elementos fundamentais de humanidade, o seu abandono destruiria o mesmo homem" (Ibid., 39).
É preciso acolher estas lições e pô-las em prática, salientou Bento XVI, e a sabedoria para fazer isso vem da cruz.
“A cruz não foi o desfecho de um fracasso, mas o modo de exprimir a entrega amorosa que vai até à doação máxima da própria vida. O Pai quis amar os homens no abraço do seu Filho crucificado por amor. Na sua forma e significado, a cruz representa esse amor do Pai e de Cristo pelos homens. Nela reconhecemos o ícone do amor supremo, onde aprendemos a amar o que Deus ama e como Ele o faz: esta é a Boa Nova que devolve a esperança ao mundo”, enfatizou o Pontífice.

 
Jovens carregam a cruz
Acompanhada por archotes, a Cruz dos Peregrinos, símbolo da JMJ, foi carregada por dez jovens de várias procedências, que lembraram o sofrimento de Jesus nas últimas horas da sua vida terrena com a ajuda de meditações redigidas pela congregação das Irmãs da Cruz, de Sevilha.
Em cerca de 200 metros, a cada estação um grupo de jovens levou  a cruz, durante a oração da via sacra. Na primeira estação, a cruz foi levada pelos jovens da Terra Santa; na segunda estação, por jovens de locais onde os cristãos são perseguidos; na terceira, pelos jovens do Iraque; na quarta estação, por jovens da Espanha; na quinta, por jovens de Madri acompanhados de imigrantes; na sexta estação, por jovens recuperados da droga; na sétima, por jovens representando aqueles que estão em situação de marginalização; na oitava, por jovens da Albânia; na nona estação, por jovens de  Ruanda e Burundi (África); na décima, por jovens representando aqueles que sofrem por precariedade e desemprego; na 11ª estação, por jovens representando os que são injustiçados; na 12ª, por aqueles que estão em união de caridade e serviço aos doentes de Aids; na 13ª, por jovens do Sudão e na 14ª estação, por jovens do Haiti e Japão.


Cenário da Via Sacra
Cada uma das etapas dispostas ao longo do Paseo de Recoletos, no centro da capital espanhola, foi uma junção do valor histórico, artístico e devocional incalculável” e revelador de uma “religiosidade popular plurissecular”.
Eduardo Delgado e Miriam Garcia, os arquitetos que desenharam o enquadramento do percurso devocional, foram chamados a harmonizar a “linguagem contemporânea” com “a tradição cultural” das 15 imagens, algumas das quais do século XVII, juntando ainda as particularidades de cada uma das 12 regiões de origem das peças.
Os autores construíram 15 estruturas provisórias “muito simples”, em vermelho e branco – as cores da JMJ – que pretendem ser “um pano de fundo” que contribua para “ressaltar o valor de cada talha”, e ao mesmo tempo protegê-la do sol, calor e, eventualmente, da chuva.
“Neste itinerário para o Calvário, ajudou-nos também a contemplação destas imagens extraordinárias do patrimônio religioso das dioceses espanholas. São imagens onde se harmonizam a fé e a arte para chegar ao coração do homem e convidá-lo à conversão”, disse o Papa.

Próximos compromissos do Papa em Madri
Neste sábado, 20, às 9h (horário de Madri, 4h pelo horário de Brasília), Bento XVI confessará alguns jovens nos Jardins do Bom Retiro de Madri.
Depois, às 10h (pelo horário de Madri, 5h pelo horário de Brasília), o Santo Padre presidirá a Santa Missa com os seminaristas na Catedral de Santa María la Real de la Almudena de Madri.

 
 
Fonte: Canção Nova 

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