Em sua primeira Encíclica, “Deus caritas est”, o Papa Bento XVI esclarece que a formação de estruturas justas “não é imediatamente um dever da Igreja, mas pertence à esfera da política. Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem justa na sociedade é próprio dos fiéis leigos. Estes como cidadãos do Estado são chamados a participar pessoalmente na vida pública. Não podem, pois, abdicar da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum.”
Em consequência, afirma “ser missão dos fieis leigos configurar retamente a vida social, respeitando a sua legítima autonomia e cooperando, segundo a respectiva competência e sob a própria responsabilidade, com os outros cidadãos” (n. 29). Em sua Encíclica “Caritas in veritate” Bento XVI explicita longamente as exigências da caridade na vida social, refletindo sobre a justiça e sobre o Bem Comum. A justiça é a primeira exigência da caridade: “Não posso dar ao outro do que é meu, sem antes lhe ter dado aquilo que lhe compete por justiça. Quem ama os outros com caridade é, antes de mais nada, justo para com eles. A justiça não só não é alheia à caridade, não só não é um caminho alternativo ou paralelo à caridade, mas é inseparável da caridade , é-lhe intrínseca. A justiça é o primeiro caminho da caridade ou, como chegou a dizer Paulo VI, « a medida mínima » dela, parte integrante daquele amor « por ações e em verdade » (1 Jo 3, 18) .
Caridade , Bem Comum e Justiça estão estreitamente ligados: “ Querer o bem comum e trabalhar por ele é exigência de justiça e de caridade. Comprometer-se pelo bem comum é, por um lado, cuidar e, por outro, valer-se daquele conjunto de instituições que estruturam jurídica, civil, política e culturalmente a vida social, que deste modo toma a forma de pólis, cidade. Ama-se tanto mais eficazmente o próximo, quanto mais se trabalha em prol de um bem comum que dê resposta também às suas necessidades reais. Todo o cristão é chamado a esta caridade, conforme a sua vocação e segundo as possibilidades que tem de incidência na pólis. Este é o caminho institucional — podemos mesmo dizer político — da caridade, não menos qualificado e incisivo do que o é a caridade que vai diretamente ao encontro do próximo, fora das mediações institucionais da polis.(n. 7).
Nosso Congresso de leigos(as) está em processo nas reuniões dos grupos que se organizaram para refletir sobre a missão dos fieis leigos na Igreja e no mundo. No dia 03 de setembro teremos as oficinas temáticas precedidas de uma exposição que orientará os trabalhos. Deveremos ter as seguintes oficinas: a)Vida e Missão do leigo na Educação em todos os níveis; b) Vida e Missão do Leigo no mundo da Saúde; c) Vida e Missão do Leigo na promoção da Justiça e da Solidariedade Social; d) Vida e Missão do Leigo no mundo da Comunicação Social; f) Vida e Missão do Leigo no âmbito das Responsabilidades Públicas; g) Vida e Missão do Leigo no mundo do Trabalho (empresários e trabalhadores). Mesmo leigos, de vida eclesial ativa, que não tenham participado das reuniões preparatórias poderão participar das oficinas. O Objetivo é refletir sobre a missão do leigo no mundo e esboçar projetos que visem a formação dos leigos para a ação missionária nas respectivas áreas, conforme as orientações da Encílica “Caritas in Veritate”.
O encontro de 03 de setembro deverá, pois, mostrar que sem o protagonismo dos leigos a Igreja – a mensagem do evangelho - ficará ausente da cultura emergente e deixará a sociedade à deriva das mais estapafúrdias correntes de pensamento. É missão dos pastores motivar para a urgência da organização do laicato, o grande responsável pela inculturação do evangelho, fermento bom para um mundo mais humano: “Ide vós também para a minha vinha” e ainda; “vós sois a luz do mundo e o sal da terra”.
Teremos, no encerramento do Congresso, no dia de Cristo Rei, propostas concretas desse caminho e a consolidação de um Conselho de Leigos cuja missão será a de dar continuidade a esse trabalho promovendo a organização dos leigos em pequenos grupos, por área de atuação profissional, para serem fermento de uma sociedade mais justa e fraterna.
Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
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