27/11/2010 21h57 - Atualizado em 27/11/2010 21h57
‘No tiroteio, pessoas se refugiaram aqui’, diz padre de Igreja da Penha
Ele abrigou fiéis durante os confrontos entre traficantes e a polícia.
Santuário fica perto do conjunto de favelas da Penha, Zona Norte do Rio.
Igreja da Penha fica perto da favela Vila Cruzeiro. (Foto: Carolina Iskandarian/ G1)
O padre português Serafim Fernandes dividiu seu refúgio com um grupo de fiéis que procurou o Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Penha, na Zona Norte do Rio, nos últimos dias, para fugir do tiroteio no conjunto de favelas da Penha. O local é um dos principais alvos da polícia, que conta com a ajuda do Exército e da Marinha para prender criminosos. O padre garantiu que as missas deste domingo (28) estão mantidas.
“Durante os tiroteios, várias pessoas se refugiaram aqui. Eu confesso que, na quarta (24) e na quinta (25), enquanto estavam acontecendo os tiroteios, eu fiquei dentro do santuário rezando por todos. Não saí daqui um dia”, disse neste sábado (27) Fernandes, que, aos 54 anos, é reitor da Igreja da Penha, um dos cartões postais do Rio, “há 13 anos e dez meses”. De acordo com ele, os fiéis o procuraram também “para falar de seu sofrimento”. Eram mães preocupadas com seus filhos.
Construída no alto do morro há 375 anos, completados agora em 2010, o templo pode ser visto de diversos pontos da Penha. Ele fica próximo à favela Vila Cruzeiro, uma das ocupadas pela polícia, principalmente, pelo Batalhão de Operações da PM (Bope). A onda de ataques no estado começou no domingo (21), com arrastões, cabines da polícia metralhadas e veículos queimados.
Pregando a esperança
Cartaz na entrada da Igreja da Penha pede paz.
(Foto: Carolina Iskandarian/ G1)
(Foto: Carolina Iskandarian/ G1)
O padre contou que, durante as missas que celebrará às 7h e às 10h (estão ainda programadas celebrações às 8h30 e às 16h) deste domingo, vai pregar a esperança. “Para nós, cristãos, amanhã [domingo] é dia de ano novo. E ano novo é vida nova. É a esperança de que toda essa fase difícil de sofrimento vai passar.”
Questionado sobre suas impressões a respeito da ação da polícia – os tiroteios deixaram mortos e feridos – o religioso fez uma pausa. “É um misto de preocupação e esperança. Fico preocupado com a vida das pessoas. Tudo o que está acontecendo é um aprendizado. Tenho esperança de que dias melhores virão.”
Nascido em Portugal, Fernandes chegou ao Rio com 14 anos. Disse não ter tido medo em nenhum momento desde que os policiais ocuparam a região e conta com igreja cheia para as missas de domingo. “Eu não tenho medo porque ele anda na contramão da confiança.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe o seu comentário!
Seja bem vindo!
Pascom Porto Feliz