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18/10/2010 |
Dom Orani JoãoTempesta | Arcebispo Metropolitano | |
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Uma grande questão do mundo atual é a antropologia, ou seja, como nós consideramos o ser humano – quais são seus direitos, deveres e sua dignidade.
As pessoas de fé também são cidadãs e merecem ser ouvidas em suas idéias e convicções. A verdadeira fé não é irracional e nem leva a fundamentalismos, e sim à construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.
A nossa Arquidiocese já manifestou muitas vezes as orientações para os católicos neste tempo de escolhas e decisões importantes. Nós nos colocamos como aqueles que procuram ajudar as pessoas a emitirem seu juízo e sua escolha, de acordo com a sua consciência bem formada.
No dia 16 de setembro passado, portanto antes do Primeiro turno das eleições gerais deste ano, publiquei um artigo intitulado “Aproximam-se as eleições”. Nesse artigo, reafirmei a posição oficial da CNBB, do Regional Leste 1 da CNBB e da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, de que a Igreja Católica não tem candidatos, não tem preferência ou colorido partidário e que não estaremos indicando nenhuma candidatura e nem apresentando lista de candidatos.
A Igreja Católica, no geral, trabalhou, colheu assinaturas e apresentou para a aprovação o Projeto de iniciativa popular chamado “Ficha Limpa”, em que prestou um grande serviço ao Brasil, como também o foi a assim chamada lei 9840.
No artigo citado acima recordei que todos os eleitores “participamos da missão profética de Cristo, pela qual deve ser instaurado o Reino de Deus, a Justiça, a Verdade, o Amor e a Paz. Essa voz profética exige de nós uma vigilância e participação contínua sobre a realidade em que vivemos, infelizmente manchada por muitos contra-valores e interesses que desencadeiam violência e injustiças”.
Por isso, o que a Arquidiocese reafirma é convocar os seus fiéis, na liberdade e na responsabilidade do foro sagrado e secreto do poder eleitoral que o voto faculta, a comparecer às urnas e exercitar a sua cidadania fora de qualquer pressão externa para votar, com consciência, nos candidatos que tenham compromisso com o Evangelho, que respeitem a vida desde a concepção até o seu termo natural, passando por todos os momentos da vida humana e ajudando as pessoas a viverem com dignidade no trabalho, saúde, habitação, lazer, locomoção, comunicação, como eu deixei claro no referido artigo, reafirmando não só o meu pensamento pessoal, mas a minha estreita comunhão com o Papa Bento XVI, com o Magistério Universal da Igreja Católica, portanto, com toda a Igreja: “O nosso Regional Leste 1 da CNBB recordou alguns critérios para valorizar o nosso voto: defesa da dignidade da Pessoa humana e da Vida em todas as fases e manifestações, defesa da família segundo o plano de Deus, liberdade de Educação e liberdade religiosa no ensino, a solidariedade com particular atenção aos pobres e excluídos, o respeito à subsidiariedade e o compromisso na construção de uma cultura da paz em todos os níveis”.
A Arquidiocese do Rio incentiva a participação política de todos os fiéis e se preocupa em oferecer critérios para que possam escolher seus candidatos, de forma livre e consciente, em conformidade com a doutrina social da Igreja.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e o Regional Leste 1 da CNBB, que reúne todas as dioceses do estado do Rio, também manifestaram durante os momentos antecedentes ao primeiro turno, textos com orientações sobre o voto consciente para os católicos.
A Cúria Arquiepiscopal do Rio de Janeiro, para reforçar e esclarecer a posição da Igreja Católica divulgou, sob a nossa autoridade, no dia 16 de setembro, uma nota sobre as eleições para todas as paróquias da Cidade. Nessa nota, declarou: “(...) tendo em vista a proximidade das eleições, informo que a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro não possui nenhum tipo de compromisso ou ligação com quaisquer candidatos ou partidos políticos”. A nota ainda ressaltou: “Ao contrário, a Arquidiocese gostaria de recordar a importância da escolha individual, que deve ser feita por cada fiel cristão. (...)”.
Não aceitamos nenhuma manifestação que tem por escopo dividir o Povo de Deus. Por isso, o Regional Leste 1 tornou público, nesta segunda-feira, a sua manifestação, em nota, acerca do Segundo Turno. Não é aceitável a visão da pessoa fechada ao transcendente, sem referência a critérios objetivos e determinada substancialmente pelo poder dominante e pelo Estado revelando uma antropologia reduzida.
A “Nota da CNBB em relação ao Momento Eleitoral”, de 8 de outubro de 2010, também afirma o “direito – e mesmo, dever – de cada Bispo, em sua Diocese, orientar seus próprios diocesanos, sobretudo em assuntos que dizem respeito à fé e à moral cristã”.
Por isso, recordar, no último final de semana aos nossos párocos a necessidade de orientar o povo sem fazer campanha específica de candidatos dentro dos templos, está em sintonia com o que pede a atual legislação eleitoral e a natureza das orientações da Igreja, que sempre procurou pautar assim suas decisões.
Reafirmamos que a Arquidiocese do Rio não apóia candidatos e nem partidos. Trabalhamos pelo Evangelho e anunciamos a vida e conclamamos nossos fiéis a votarem com consciência em candidatos que trabalhem em favor do povo, da valorização da vida, da coerência familiar e dos valores do Evangelho. Neste momento, elevamos nossas “mãos para o céu” para pedir serenidade, paz e unidade para todos, para que votem com critérios longe de qualquer pressão externa.
Por fim deixo as palavras de Jesus para iluminar nossa caminhada até as eleições, na ordem e preocupados com o bem comum como católicos unidos no perdão, na acolhida e na misericórdia:
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim!” |
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