sábado, 16 de janeiro de 2010

Tietê preserva casario centenário

Proprietários que restauram os imóveis terão isenção do IPTU

José Maria Tomazela


COLORIDO ESPECIAL - Casarões do período colonial - e alguns da República Velha - foram recuperados com a ajuda de seus proprietários e de moradores; a prefeitura busca apoio de órgãos do patrimônio estadual e federal para obter recursos e expandir projeto de restauro








Casarões centenários, entre eles construções remanescentes do período colonial, foram salvos da demolição e estão sendo preservados por iniciativa dos moradores de Tietê, a 150 km de São Paulo. Com recursos próprios, eles investiram no restauro e garantem o bom estado de conservação dos imóveis. A partir deste ano, graças a uma lei aprovada em 2009, os proprietários terão isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). A expectativa do prefeito José Carlos Melaré (PTB) é de que a medida estimule mais proprietários a aderir ao projeto.

O comerciante Luiz Gonzaga Rossiti é dono de três casarões preservados na Rua do Comércio, próxima do Rio Tietê. Sua mulher, Regina Jabur Rossiti, conta que, quando ele comprou o conjunto, em meados dos anos 90, recebeu do ex-proprietário, além da escritura, um alvará para a demolição do imóvel. Ao examinar o prédio principal, um sobrado do período imperial, de 1869, com paredes de taipa e varandas nos janelões, não teve coragem de autorizar a derrubada. Foram seis anos de obras para restaurar nos mínimos detalhes o que é hoje um dos cartões-postais da cidade. "Ficou caro, mas valeu muito a pena", diz Regina. O conjunto abriga uma escola particular.

Regina se inspirou na iniciativa do marido e trabalha no restauro de outro casarão na mesma rua. "É uma construção do período imperial, talvez até mais antiga." Nesta semana, ela recebeu a má notícia de que as paredes internas, em pau a pique, estão irrecuperáveis. "Mas conseguimos salvar a fachada, com paredes de quase um metro, além dos janelões avarandados." Regina calcula que vai gastar muito mais para recuperar as linhas originais do casarão do que despenderia para demolir e fazer um prédio novo. "Fazemos por gosto e pelas gerações futuras."

Ela lembra que algumas dessas casas são históricas, tendo recebido, no passado, visitantes ilustres, como o imperador d. Pedro II e a família imperial.

Muitos dos casarões ainda são habitados por famílias tradicionais, como Casagrande, Fleury e Ferraz, na Praça J. A. Corrêa. As iniciais da família e a data da construção estão em detalhes sobre as portas de madeira maciça. Outros abrigam estabelecimentos comerciais ou repartições públicas, como a Casa da Cultura.

ESFORÇO

Desde 2002, a prefeitura tenta obter o tombamento estadual e federal de um conjunto arquitetônico com 32 imóveis. Além dos casarões, estão incluídos o prédio do seminário, a igreja matriz e o Largo de São Benedito - com uma igreja do século 19. Até agora, apenas o prédio de uma escola foi tombado.

O secretário municipal de Cultura e Turismo, Pedro Macerani, conta que a falta de tombamento impede o uso de recursos públicos na preservação dos imóveis. Se a prefeitura não autoriza reformas, os casarões podem desabar. Entre as perdas recentes, está a do antigo prédio dos Correios, demolido neste ano. Em compensação, pelo menos quatro casarões estão sendo restaurados pelos donos, com acompanhamento de técnicos municipais. Entre eles, um belo exemplar do fim do século 19, na Rua do Comércio.

"A recuperação de uma casa de porte médio custa entre R$ 300 mil e R$ 500 mil, um custo que a prefeitura não tem condições de bancar'', disse o secretário. A cidade de 36.211 habitantes surgiu com os bandeirantes e portugueses que desbravavam o interior navegando pelo Rio Tietê. A criação do município ocorreu em 1852.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário!

Seja bem vindo!
Pascom Porto Feliz