quinta-feira, 17 de dezembro de 2009



Desenhado, esculpido, modelado. De barro, juta, cera, palha, madeira. Não há limites para a representação do dia em que Jesus nasceu. Tantas e extraordinárias versões só se comparam à fertilidade dos relatos que descrevem a chegada desse filho de Deus tornado homem.
Conheça um pouco mais sobre o presépio.


Todo cristão guarda no coração a imagem do presépio, reproduzindo o nascimento do salvador. No estábulo, a Virgem Maria e são José acolhem Jesus sob a vista dos Reis Magos, de pastores e anjos, da vaca e do burro, enquanto no céu, sobre todos, brilha a estrela de Belém.

Essa cena tão querida, entretanto, tem lá seus mistérios. Sabe-se que boa parte dela não corresponde à realidade histórica e que diversas passagens e pormenores da natividade nasceram pela imaginação dos cristãos em sua ânsia de desvendar e preencher as lacunas da trajetória de Jesus.

O único registro aceito pela história, da vida desse personagem está na Bíblia, mais precisamente no Novo Testamento, formado pelos quatro Evangelhos. Deles, apenas dois – de são Lucas e são Mateus – citam o nascimento do filho de Deus, mas sem se aprofundar muito. Os outros dois livros, de são João e são Marcos, não fazem nenhuma referência a esse dia. “A imagem do presépio que chegou a nós, na verdade, é um mosaico reunindo o que está descrito nos Evangelhos, além das tradições que foram sendo agregadas ao longo dos séculos”, explica o professor de teologia Edmundo Pellizari, de São Paulo.

Boa parte dessas tradições tem origem nos Evangelhos apócrifos – escritos de autoria desconhecida surgidos nos séculos 2 e 3, que não foram incluídos pela Igreja entre as escrituras autênticas. “É a vida de Jesus recontada pelo povo”, resume o frei Carlos Josaphat, padre dominicano e teólogo, de São Paulo.

A busca por desvendar os mistérios do cristianismo alcança o auge na Idade Média, época de um intenso fervor religioso. “São Francisco de Assis, que viveu no século 13, teve um importante papel nesse processo. Foi ele quem criou o presépio, em encenações que usavam modelos vivos”, conta o teólogo Edmundo Pellizari. É a são Francisco, um grande amante dos animais, que se atribui, por exemplo, a presença da vaca e do burro no estábulo onde nasceu Cristo.

Pintando com cores vivas algo insinuado no Novo Testamento, os cristãos construíram boa parte da história de Jesus tal qual a conhecemos hoje.


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