sábado, 19 de dezembro de 2009




Copenhague: agora é o momento

Em meio a previsões catastróficas a Conferência sobre o Clima em Copenhague que se realiza entre 7 e 19 de dezembro não resultará em nenhum tratado vinculante, o Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, advertiu que a demora em reduzir as emissões dos gases de efeito estufa poderiam originar conseqüências globais devastadoras. Numa carta aberta à Assembléia Geral das Nações Unidas, enfatizou que “agora é o momento” para concluir um tratado vinculante. A urgência decorre do fato que o aumento nocivo das emissões afetam praticamente a todos os aspectos de vida no planeta, desde a pobreza ao crescimento econômico, segurança alimentar e o grave problema da água potável.

O principal propósito da reunião na Dinamarca é criar um documento para substituir o Protocolo de Kyoto de 1997, a tentativa das Nações Unidas de reduzir o aquecimento global que expira em 2012. Mas as nações do mundo não chegaram a um acordo de como proceder. Nem o governo de Clinton nem o de Bush levaram o Protocolo de Kyoto ao Congresso para sua ratificação, e em 1997 o Senado decidiu, por 95 votos a 0, não o ratificar se fosse apresentado, a menos que a China e outros países importantes, em desenvolvimento, aceitassem primeiro as limitações vinculantes à produção de carbono.

Infelizmente, está claro que o atual Congresso não legislará sobre emissões de gases de efeito estufa antes da reunião de Copenhague. Os Estados Unidos será, portanto, o único país desenvolvido que não tem uma meta estabelecida para a redução de carbono. Somos o maior produtor de gases de efeito estufa per cápita, muito mais que a China.

Os grandes desafios dos 192 países reunidos na Dinamarca incluem: até que ponto os países industrializados estão dispostos a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa?
Que quantidade países como a China e a India estarão dispostos a reduzir e de que maneira receberão o financiamento necessário para reduzir suas próprias emissões e implementar tecnologias verdes baixas em carbono? O National Religious Partnership for the Environment (Sociedade Nacional Religiosa para o Meio ambiente) e a Catholic Campaign on Climate Change (Campanha Católica pela Mudança Climática) têm sido fortes defensores da integração dos pobres do mundo num acordo sobre clima com fundos tanto para adaptar a infraestrutura para ajudar a superar os inconvenientes da mudança climática, como para a transferência de tecnologias verdes.

Em alguns aspectos, o tema dos fundos é “o tema”, como disse Ban Ki-moon. A União Européia está disposta a fornecer US$ 100 bilhões anuais para a transferência de tecnologias verdes a fim de ajudar os países pobres a mitigarem o impacto da mudança climática, mas os grupos em desenvolvimento estimam que há uma necessidade de pelo menos US$ 400 bilhões. Numa reunião preparatória para Copenhague, realizada em Barcelona em outubro, um grupo de países africanos ameaçaram em boicotar as sessões, se os países ricos não se comprometerem com maiores contribuições de mitigação para a mudança climática e transferência de tecnologia. Sem o financiamento adequado, os países africanos, do sudeste asiático e da América Latina serão os que mais vão sofrer as conseqüências do aquecimento global, apesar de não serem os principais responsáveis pela sua emissão.

O arcebispo Celestino Migliore, observador permanente das Nações Unidas disse à Assembléia Geral em Novembro, que a demora é preocupante porque os países mais pobres já estão sofrendo o peso do aquecimento do planeta. À medida que as camadas de gelo derretem e sobe o nível do mar, nações vulneráveis, que estão em níveis baixos em relação ao mar, como Bangladesh, serão seriamente afetadas. De fato, na reunião da Commonwealth, realizada em Port of Spain, em Trinidad Tobago em 27 de novembro, os participantes destacaram que muitos daqueles que têm menos possibilidades de resistir às mudanças adversas do clima, vivem em pequenos estados membros da Commonwealth.

O desmatamento desenfreado contribui de maneira importante para o aumento das emissões. Grandes áreas da floresta Amazônica brasileira foram desmatadas para dar lugar a plantações que produzem grande renda e o mesmo ocorre na Indonésia e no Congo. As árvores vivas absorvem dióxido de carbono da atmosfera. Quando são cortadas, emitem dióxido de carbono, de maneira que o desmatamento implica em dupla perda.

Mas os ambientalistas enfatizam que a preservação da floresta deve ser acompanhada da proteção das comunidades indígenas, assim como da frágil biodiversidade. Até agora todos os países foram livres para estabelecer suas próprias limitações ao desmatamento. Alguns países em desenvolvimento, como o Brasil, começaram a adotar compromissos sérios neste sentido, assim como também no desenvolvimento de fontes alternativas de energia.

À medida que cresce a evidência do dano causado à ecologia regional, ao habitat animal e às populações humanas, especialmente entre os mais pobres, é imprescindível chegar a um acordo para a reunião da cidade do México, no próximo ano. Para o planeta sobreviver, como conclui o Papa Bento XVI em Caritas in Veritate, todos os países devem aceitar reduções obrigatórias das emissões de carbono e construir uma estrutura equitativa de consumo de energia, para compartilhar o desenvolvimento das tecnologias verdes entre os países ricos e pobres, para o bem desta geração e das futuras gerações.
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Equipe da revista America. Publicado na revista America, www.americamagazine.org

Autor: Equipe revista America
Fonte: Mirada Global

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