Ser franciscano não é apenas conteúdo. É espírito, maneira de ver as coisas, de vivê-las, de assumi-las e de equacionar os grandes conflitos de vida e de morte. Isto Francisco fez em sua época e o faria hoje, aqui e agora. Por isso ele é grande e universal.
Fascinará qualquer pessoa em qualquer época, pelo seu jeito de ser: pobre, serviçal, gratuito, fraterno e por conseguinte Menor.
Francisco não teve nenhuma pretensão, a não ser dar-se. Quis estar junto do outro. Ser Menor, pequeno, para entender a grandeza do outro, não o atropelando em sua dignidade.
Viveria certamente hoje na América Latina uma busca contínua de comunhão com Deus, através de tudo e de todos os seres criados. Tornaria o Evangelho vivo e encarnado, comprometido com o oprimido e o marginalizado de nosso tempo.
Daria sem dúvida sua adesão total às linhas de ação assumidas pela Igreja. Imcumbir-se-ia da tarefa de reconstituição original da Igreja cristã. Cultivaria profundo respeito para com a pessoa humana, construindo a fraternidade no amor, unindo os homens entre si, como irmãos, numa mesma igualdade de bens.
Correria ao encontro do “leproso” da América Latina, na pessoa do analfabeto, desempregado, marginalizado, oprimido, posseiro ou menor abandonado. Lutaria pela união das Igrejas, reunindo as forças, particularmente as da juventude, para a renovação da única Esposa de Jesus Cristo. Buscaria sem cessar a face deste mesmo Cristo.
Viveria como um homem simples, fraco, o menor de todos, e sempre atento, superando as próprias limitações. Apareceria certamente como verdadeiro revolucionário, homem de profunda fé, coragem, humildade, amor e compreensão, em relação à conquista de verdadeiros valores.
Francisco seria capaz de ser muito, sem ter nada!
Enfrentaria os problemas de conflito sempre sob o imperativo da bondade. Seguindo o caminho do pastor, que toma nos ombros a ovelha fraca e a alimenta. Isto, porque nele existe a percepção profunda de que em cada homem há um brilho de Deus, que nenhum pecado pode apagar. Nada é absolutamente perdido, nem o pior dos pecadores.
Nunca se ouviu dizer que Francisco condenasse a sociedade de seu tempo, mas também nunca se soube que ele deixasse de melhorar o que estava errado. Para construir uma sociedade fraterna reformou sua própria vida, soube confiar mais em Deus que em si e nos outros. “Meu Deus e meu Tudo!” - foi de inspiraçãoi bíblica e exprimiu o mais profundo de todos os seus anseios.
Dele podemos ouvir: “O mundo está em suas mãos. Ou você se salvará com ele ou ele se perderá com você”. Portanto, reler nossa realidade com os olhos de Francisco é perceber que a ação transformadora de Deus passa pelo coração dos homens.
Sua mensagem continua vigorosa e irresistível!
Paulo Evaristo, Cardeal Arns
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