O cardeal Cordes apresenta a mensagem do Papa para esta Quaresma
Por Carmen Elena Villa
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).-
O jejum no cristianismo se distingue desta prática em outras religiões, pois tem por objetivo descobrir Deus, e não descobrir a si mesmo.
Quando os cristãos jejuam,
«não se fecham em si mesmos», mas «se unem ao seu Senhor, que jejua por quarenta dias e quarenta noites no deserto».
Assim manifestou o cardeal Paul Josef Cordes, presidente do Conselho Pontifício «Cor Unum», durante a coletiva de imprensa que concedeu nesta quarta-feira na Santa Sé, na qual foi apresentada a mensagem de Bento XVI para a Quaresma de 2009.
O sentido do jejum no budismo e no islã
Segundo declarou o purpurado alemão, que dirige o organismo vaticano encarregado de promover e coordenar a ação caritativa na Igreja, o objetivo do jejum, tanto no budismo como no islã, consiste em favorecer o cuidado do corpo, opondo-se à sua idolatria.
O cardeal assinalou como o sentido do jejum no budismo consiste no desapego dos bens terrenos, porque o corpo em si mesmo se converte em origem de sofrimentos: «deve desacostumar-se à ‘sede’ de coisas criadas, abandonar o desejo e as inquietudes que dele se derivam, matá-las dentro de si mesmo»; desta maneira se chega ao Nirvana, que consiste na extinção completa dos desejos.
Para o islã, o jejum é a quarta coluna que sustenta esta religião e uma prática obrigatória durante o mês do Ramadã.
Para os muçulmanos, existe outra razão para esquecer-se de tudo que é terreno: «Deus tem seu trono em uma distância infinita. Não se lhe pode encontrar no mundo. Só se comunica com a criação e com o homem mediante sua lei, a charia»; por isso,
«seria uma heresia escandalosa afirmar que Alá tivesse como filho um membro do gênero humano».
O purpurado assinalou que o jejum em ambas as religiões tem algo em comum: «transcende a dimensão terrena e procura um objetivo muito além deste mundo: o ingresso no Nirvana ou a obediência a Alá, Senhor do céu e da terra».
Em ambas as religiões, «trata-se de libertar-nos do peso das coisas criadas», declarou.
O sentido do jejum cristão
Pelo contrário, para o cristão
«o desejo místico não é nunca o descenso em si mesmo, mas sim o descenso na profundidade da fé, onde encontra Deus».
Ainda que seja importante aprender sobre as demais religiões, os cristãos devem aprofundar «na herança recebida e conhecê-la cada vez melhor. A revelação divina diz algo novo em cada época histórica; é inesgotável», constatou.
O cardeal deixou clara a diferença entre a rejeição do mundo por parte do budismo e as leis do Ramadã islâmico e da Quaresma cristã, que
«oferece ao cristão um caminho espiritual e prático para exercitar sem recortes nem reservas nossa entrega a Deus».
Assinalou que, em sua mensagem quaresmal, o Papa não mostra o jejum com um aspecto negativo:
«como poderemos nós desprezar nossa carne, se o Filho de Deus a assumiu, convertendo-se verdadeiramente em nosso irmão?».
Quando os homens jejuam com uma atitude interior de desejo de conversão,
«em Cristo buscam a comunhão com o Tu divino. N’Ele buscam novamente o dom do amor que renova o ser cristão»
e se comprometem
«na luta contra a miséria, convertendo-se em mensageiros do amor de Deus».
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