quarta-feira, 13 de junho de 2012

Salgadores e iluminadores

santa cruz

1Reis 17, 7-16; Mateus 5, 13-16

Uma das experiências mais penosas pelas quais passamos é a de vivermos nas trevas, de não enxergamos uma luz no fundo túnel, de sermos envolvidos pela escuridão.  Os que moram  à beira mar por vezes fazem essa  experiência do mar escuro, soturno e misterioso.  Os pescadores carregam suas lanternas para observar os cardumes, evitar os arrecifes e  orientar a ponta da barca. Bonito esse espetáculo de um farol possante que ilumina o negrume do mar ou holofote  potente que lança um jato de luz no bailarino que se contorce ao som de uma composição de Tchaikovski.  Trevas, escuridão, medo, apreensão…Luz, claridade, estímulo…

Não  podemos ser pessimistas frente ao tempo atual.  Houve tempos piores. Piores mas diferentes porque o inimigo era declarado.  Sabia-se onde era sua toca e o seu esconderijo. Aos poucos chegaram os tempos em que as pessoas quiseram, até certo ponto com razão, se desvencilharem de preconceitos, de autoritarismos e de  doutrinas que se diziam infalíveis, mas eram pura fantasia. Hoje, no entanto, cada geração e cada individuo quer ser dono de sua vida e de sua história, não poucas vezes, em detrimento do outro.  A impressão é que muitos estão vivendo  a escuridão de uma noite sem claridade: os casados não sabem porque se casaram, os espertalhões aproveitam de amizades nos corredores do poder,  a família é invadida por ideologias que destroem a convivência, que cortam as novas gerações com as raízes do passado. Não poucos cristãos e católicos perderam o gosto de celebrar a ceia do Senhor e de viver a fé no dia a dia da vida.

“Vós sois o sal da terra”.  Os discípulos de Cristo com seu jeito de viver as bem-aventuranças, com sua “mania” de criar fraternidade por onde passam,  com sua reverência delicada para com o mundo criado, com sua capacidade de se contentaram com as coisas necessárias para uma vida digna,  dispostos a reconciliar-se com os que os desprezam, capazes de dar dois mi passos com quem pede mil,  fascinados com o encontro  com Deus belo e  grande encontrado no silêncio do quarto e no templo do universo, com sua alegria que não é frenesi vazio iluminam o mundo,  salgam a terra. São  pessoas importantes em todos os campos.  Sua presença discreta é benfazeja.  Por vezes incomodam com seu jeito. Mas é assim que eles, com a força de Deus iluminam o mundo e salgam a terra.

O evangelho pede que  a luz dos discípulos brilhe diante dos homens para que vendo as  obras esses homens e mulheres possam despertar do torpor e  louvar o Pai que está nos céus.  Os cristãos salgadores e iluminadores fazem um bem que  não pode ser mensurado.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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